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Entrevista às Crypta

As Crypta são o mais recente nome do panorama do Death Metal. Fernanda Lira e Luana Dametto (ambas ex-Nervosa) juntaram-se a Sonia Anubis (ex-Burning Witches) e a Tainá Bergamaschi e formaram o quarteto que rapidamente se tornou um dos mais desejados do mundo metaleiro. Falámos com a Tainá Bergamaschi para saber um pouco mais sobre o seu percurso, e conhecer mais sobre a banda cujo álbum de estreia será editado no próximo dia 11 de junho.

M.I. - Qual é a tua formação musical? Estudaste sozinha ou tiveste aulas de guitarra?

As únicas aulas de música que tive foram de piano, mas não durante muito tempo, pois logo percebi que não era o que queria. Depois de receber a minha primeira guitarra aos 12 anos de idade, aprendi a tocar as músicas de ouvido das bandas de que eu gostava na época. Até hoje não tive nenhum professor, mas pretendo ter algumas aulas com guitarristas que admiro para aprender algumas técnicas novas. 


M.I. - Como foi montar uma banda em tempos de pandemia? Sentes que foi um desafio maior? 

Sim e não. Para a composição para mim foi super tranquilo, nunca gostei muito de sentar e compor ao vivo ali com a banda, eu preciso de tempo para escrever os meus riffs e solos, e não gosto de os compor de improviso, gosto de analisar primeiro. A dificuldade foi encontrar uma data para nos podermos encontrar e gravar o nosso álbum com segurança, mas ao mesmo tempo, a pandemia permitiu-nos ter mais tempo para preparar as coisas com mais calma. 


M.I. - Disseste em entrevistas que foste tu própria a perguntar à Fernanda se precisavam de guitarrista. Esperavas que ela te aceitasse? Conta-nos como foi a tua entrada para a banda. 

Sim! No fundo eu sentia que ela fosse, no mínimo, ver a minha mensagem, mas ao mesmo tempo eu achava que era impossível ela responder-me, visto que mandei a mensagem no mesmo dia em que ela deixou as Nervosa, porque ela estava a receber muitas mensagens nesse momento. O que me levou a enviar a mensagem para a Fernanda foi o facto de eu estar realmente com dúvidas se só ela e a Luana é que estavam no projeto, que era paralelo, e se estavam a começar, perguntava-me se elas já teriam guitarrista. Eu basicamente disse-lhe que estava interessada em fazer um teste caso elas estivessem à procura de guitarrista. Surpreendentemente elas estavam à procura de uma segunda guitarrista há meses. E assim eu pude enviar material meu para que elas pudessem conhecer o meu trabalho. A Sonia enviou-me alguns riffs da banda para eu tocar e gravar um vídeo para elas. Depois disso, tivemos uma reunião, para nos conhecermos melhor e elas apresentaram a ideia da banda. Logo a seguir, juntei-me a elas para anunciarmos as Crypta. 


M.I. - Como foi para ti entrar numa banda com nomes tão conhecidos e que assinou com uma editora tão importante? 

Foi um passo muito grande em pouco tempo. Eu sabia que as Crypta seriam uma banda muito ativa, com digressões longas, gravação de disco, trabalhar bastante nas composições, mas isso em momento algum me assustou ou me fez pensar duas vezes, era exatamente o que eu queria, era exatamente o que eu procurava há anos e não é fácil ter uma banda/projeto em que todos têm esse mesmo foco. Eu sabia que elas queriam isso e sabia onde me estava a meter. Sinto-me realizada por estar a trabalhar com elas e saber que procuramos o mesmo. 


M.I. - Que mudanças teve a tua vida com a entrada para a banda? Tiveste de largar outras bandas ou empregos para te dedicar às Crypta? 

Quando eu entrei para a banda estava desempregada. Já há alguns meses que eu tinha deixado o meu último emprego, e estava sem banda na altura. E como já estávamos na pandemia, eu estava literalmente sem nenhum outro foco, então não tive que deixar nada. Mas o ritmo que a banda tem atualmente de certeza que me faria largar qualquer emprego ou projeto em que eu estivesse envolvida, estamos bem focadas e a trabalhar muito para o lançamento do primeiro disco. 


M.I. - As Crypta têm membros de diversos backgrounds dentro do Metal, a Luana e a Fernanda têm um passado importantíssimo no Thrash, a Sonia no Heavy e tu em diversas bandas de Thrash, Sinfónico e Folk. No entanto, apresentam um som claramente dentro do Death Metal. Foi uma decisão ponderada, ou apenas surgiu durante a composição? 

Sim, eu toquei em bandas de diversos géneros de metal, mas comecei por ouvir Death Metal, e aprendi a tocar guitarra vendo o Michael Amott dos Arch Enemy; a ouvir Sepultura, Holy Moses, Cannibal Corpse, Deicide etc... Gosto de todos esses estilos de bandas em que já estive, principalmente o Folk. Mas estar numa banda de Death Metal tem sido natural pra mim nas composições, já que era o que eu queria desde que comecei a tocar em banda. Tenho riffs guardados desde os meus 15 anos de idade que hoje ponho em prática com as Crypta. Bom, alguns deles, porque nem todos são bons. (risos) 


M.I. - Usaram algumas referências musicais durante a composição do álbum? Alguns álbuns que vos inspiraram durante o processo? 

O álbum está bem diverso. Todas nós temos o Death Metal como género favorito, mas a Fernanda gosta mais da vibe do Death americano, da Flórida por exemplo; a Luana tem a vibe mais do Death sueco. Eu gosto muito do Death sueco, mas nas composições inspiro-me muito do Death mais técnico, acho eu. A banda Death é uma das maiores influências para mim. Então o disco é bastante variado, com algumas canções mais arrastadas, outras mais melódicas, outras mais extremas e técnicas. 


M.I. - Como foi o vosso processo de composição?

Quando a Sonia entrou para a banda, as meninas começaram logo a compor em trio, acho que em Junho de 2019. Quando eu entrei, em Maio de 2020, tínhamos quase todas as músicas do disco completas. Finalizei com uma última, e assim pudemos rever música a música para analisar e mudar o que queríamos, fizemos a pré-produção do disco também à distância. Quando entrámos em estúdio, tínhamos todas as músicas prontas para gravar. Pouca coisa foi mudada. 


M.I. - Pessoalmente, tens algum palco/festival onde sonhas vir a tocar? Ou ídolos que sonhas vir a conhecer durante o percurso da banda? 

Como todos os músicos headbangers, o maior sonho é tocar no Wacken, mas entre outros, quero muito chegar aos palcos do Hellfest, Red Rocks, Brutal Assault, Rock in Rio, Bloodstock, Summer Breeze. 


M.I. - O que podemos esperar das Crypta ao vivo? 

Estamos a planear coisas novas para palco e procuramos uma setlist com o primeiro disco completo. Prezamos muito pela boa energia e performance em palco e interação com o público durante as músicas. Mal podemos esperar para que chegue esse momento. 


M.I. - Quais os vossos objetivos a curto ou longo prazo?

Estamos a trabalhar bastante na divulgação do nosso disco, que será lançado dia 11 de junho, e estamos também a planear coisas novas, para além de grandes novidades que recebemos e que vamos partilhar nas nossas redes sociais em breve. Então, fiquem atentos, porque teremos anúncios importantes nas próximas semanas! 


M.I. - Muito obrigado pelo teu tempo! Por favor, deixa uma mensagem aos leitores da Metal Imperium. 

Primeiramente, muito obrigada à Metal Imperium pelo convite e oportunidade de estar aqui a falar um pouco sobre o nosso trabalho, isso significa muito. E, para quem tirou um tempinho para ler esta entrevista, muito obrigada. É muito importante para a gente que nos estejam a acompanhar em cada passo. Cuidem-se, logo nos vemos nos palcos! 

Entrevista por Francisco Gomes