Rápido, poderoso e hype. Estas são as melhores palavras para descrever um dos melhores álbuns de Power Metal, lançado no dia 7 de janeiro, pela Atomic Fire Records. Das paisagens islandesas, Krilli, o baixista, conversou com a Metal Imperium sobre todo o processo do álbum, as músicas, música e vídeo de “Creatures of the Night”. Sabiam que o vídeo foi feito do outro lado do globo? E que a Islândia tem uma forte cena Underground?
M.I. - Olá, Krilli. Saudações de Portugal para a Islândia. Como é que estás e está tudo bem na Islândia?
Estou bem. Acho que está tudo bem, exceto pela maior parte.
M.I. - Antes de mais, queria que te apresentasses e a história da banda, por favor.
O meu nome é Kristleifur Þorsteinsson. Sou o baixista dos Power Paladin. Formamos a banda, em 2017. Atli, o nosso cantor, já tinha escrito algum material e queria começar a trabalhar nele. Quando a banda do nosso baterista Kalli se separou, ele contactou-nos e perguntou-nos se queríamos formar uma banda de Power Metal.
Não demorou muito para termos a banda completa. Começamos a trabalhar em material e a dar alguns concertos. Então em 2018, começamos a gravar o nosso álbum, que foi lançado finalmente em janeiro último, pela Atomic Fire Records.
Esta é a versão curta.
M.I. - Islândia é conhecida por lançar grandes bandas, tais como Sólstafír, Kontinuum e Audn. Os Vintage Caravan também fizeram um bom trabalho, a transportar a música da ilha pelo mundo. Vocês são a primeira banda de Power Metal. Qual é a sensação de ser a primeira banda do género do vosso país? Achas que abrirá portas para que as bandas possam expandir novos horizontes?
Não somos tecnicamente a primeira! Quer dizer, acho que somos a primeira que gravou um álbum e que o lançou internacionalmente, mas ao longo dos anos, nenhum dos álbuns anteriores, eram conhecidos fora do país. Mas é excelente! Somos a única ativa e acho que foi importante para o Power Metal, aqui na Islândia (risos).
Não sei sobre isso! Acho que já existem horizontes internacionais na cena Metal islandesa. Quero dizer, mencionaste bandas como Sólstafír e são os que fizeram boa impressão internacionalmente. Acho que, embora sejamos os primeiros a criar uma impressão neste subgénero em particular, a Islândia consegue e continua a criar bons nomes.
M.I. - Vamos falar um pouco sobre as vossas origens, pode ser? A Islândia tem uma vasta história de metal extremo, sobretudo na cena underground. As vossas apresentações ao vivo aconteceram nos festivais underground mais importantes, tais como Eistnaflug e Norðanpaunk e vocês tocaram num dos maiores eventos de música do país, Iceland Airwaves, em 2019. Quão importante é a cena underground para as bandas e a comunidade metal? É uma maneira de terem reconhecimento e um contrato com uma editora?
É muito importante, porque quando formas uma banda, precisas de alguém para tocar. Se não houver cena e comunidade para tocar, não há muito que possas fazer. Quero dizer, ter tocado no Eistnaflug, Norðanpaunk e nestes festivais foi excelente. Ter isso, apesar de ser um país pequeno, é absolutamente vital, se queres formar uma banda e lançar boa música. Por isso, se não fosse pela comunidade daqui, provavelmente nem teríamos formado a banda.
Não acho que tenha sido importante no nosso caso, porque acabamos de gravar o álbum e foi escolhido pela editora nessas condições. Não acho que o álbum tivesse existido sem essa comunidade! Foi interactivamente muito importante, mas não acho que o facto de termos tocado nesses festivais, teve muito a ver com isso, pois estes festivais não são muito conhecidos fora do país.
M.I. - Parabéns por terem assinado com a Atomic Fire Records. Uma nova editora que tem muito para mostrar. Podem contar-nos como é que essa parceria começou e como é que vos contactaram?
Acabamos de gravar o nosso álbum, ficou pronto em janeiro, do ano passado. Originalmente o plano era simplesmente lançá-lo nós mesmos através do Spotify ou algo. Mas enviamos o álbum para alguns amigos, incluindo um tipo chamado Forster, que é organizador de concertos, aqui na Islândia. Ele enviou-o para algumas pessoas, incluindo o Markus, da Atomic Fire Records. Eles contactaram-nos e queriam falar connosco. Começou a rolar por aí! Foi tipo um acidente! Enviámos para os nossos amigos e eles enviaram para alguns amigos. Foi assim como conseguimos o contrato! Têm sido excelente trabalhar com eles! Muito bons!
M.I. - “With The Magic Of Windfyre Steel” foi lançado no dia 7 de janeiro e é o vosso álbum de estreia. A canção que começou tudo e que é considerada um hino, é “Kraven The Hunter”. É uma música cativante e marcou o primeiro lançamento físico. Tocou nas estações de rádio da Islândia antes do lançamento do álbum. Foi escolhida em detrimento de outras músicas. Que critérios foram importantes para a escolha desta música e porquê esta?
Acho que é a mais acessível do álbum. Não é realmente uma música Power Metal. É quase como Rock sereno dos anos 80, com um refrão. Acho que foi a principal razão pela qual a escolhemos. Acho que é a mais acessível e divertida. Chama a atenção de mais pessoas!
M.I. - Este álbum foi gravado no verão de 2020. As músicas são fantásticas, melódicas, rápidas e super Power Metal. Podemos sentir o poder da natureza islandesa: ventos gelados, longos invernos e terrenos baldios vulcânicos. Bravos guerreiros, como vikings e criaturas místicas, viriam de um lugar tão místico. Quão importante é a herança de alguém para criar um álbum, especialmente para uma banda de Power Metal?
Acho que realmente não é muito importante para nós. Quero dizer, somos influenciados por bandas europeias, como Rhapsody, Blind Guardian and Edguy. Como mencionei anteriormente, há pouco Power Metal, aqui na Islândia! Não acho que nós, por sermos da Islândia, foi uma grande influência no álbum. Pelo contrário! Quase todas as nossas influências são de fora daqui, são da Europa, especialmente.
M.I. - Vamos falar do processo. Vocês começaram a escrever algumas das músicas no início da vossa história e podemos ouvi-lo claramente na composição. Foi realizado em vários lugares e apesar de ser um álbum autoproduzido, o que faz com que seja um álbum incrível e esplêndido, tem todos os elementos que os fãs do género adoram, não foi uma tarefa fácil. Podem contar-nos mais sobre esta viagem, por favor?
Quando fundamos a banda, o Atli, o nosso vocalista, já tinha algumas canções escritas. Ele tinha, pelo menos, “Way Of Kings” and “Evermore” escritas antes de termos formado a banda. O nosso processo de composição, geralmente é feito pelo Atli ou pelo Ingi, o nosso guitarrista. Começa com uma base para a música e depois eles enviam-nos, para feedback e melhorias. A música continua a mudar, todo o processo e quando ensaiámos, geralmente mudámos um pouco.
Depois de gravarmos as músicas, elas mudaram bastante. O Atli escreveu as músicas, começamos com essas e então, muito rapidamente, escrevemos mais músicas juntos. Começamos a gravar em 2018.
Foi uma grande explosão, e o Ingi e o Bjarni são engenheiros de som, tinham todo o know-how e todas as ferramentas e capacidades para gravar e produzir o álbum. Então, sim! Foi absolutamente especial!
M.I. - Vocês compararam a produção do álbum a uma parte do livro do Joseph Campbell: “The Hero’s Journey”. Para aqueles que não estão familiarizados com este livro, podem fazer um resumo sobre ele e qual é o assunto?
Não sei quem comparou o álbum com isso, mas o Joseph Campbell tinha o hábito de contar histórias humanas, onde começa com um herói, que existe num mundo normal e depois termina num culto a aventura, que ele recusa. E passa por todas estas etapas, como a travessia do Threshold e o mundo mágico.
Não tenho a certeza de quem na banda fez essa comparação, é engraçada, mas acho que não a faria eu próprio. Para mim, há certa jornada incompreensível chamada “Um Encontro Com Uma Deusa”. Nesse caso para nós, foi. Conhecer o Atli, acho eu.
M.I. - “Into The Forbidden Forest” tem uma vibe dos Iron Maiden e é majestosa. Também a influência alemã é muito notável. Quão importante é a cena metal europeia para criar a música? Que países te influenciaram mais?
Muito importante! Como mencionei anteriormente, a maioria das nossas influências vêm da Europa, particularmente a Alemanha tem sido um ponto de acesso para a cena Power Metal desde o início: Helloween, Gamma Ray, Blind Guardian e Edguy são absolutamente grandes influências para nós e podes ouvir isso no álbum! Gamma Ray é uma das minhas favoritas e “Into The Forbidden Forest” foi uma das últimas músicas que escrevemos. Tínhamos planeado outra música para o álbum, que acabou por não ficar, porque não deu certo! Escrevemos algo no último minuto e foi “Into The Forbidden Forest”! Com certeza é a minha música favorita do álbum! Pessoalmente, significa ser grandioso e majestoso!
Rhapsody da Itália, Angra do Brasil, também são uma grande influência e apenas Power Metal e Metal clássico de todo o mundo. Iron Maiden é uma enorme influência, obviamente. Judas Priest também. Ambos são do Reino Unido.
M.I. - “There Can Be Only One” tem uma grande característica: orquestração e ambiente. Como compuseram este tema?
Bjarni, o nosso teclista, compôs toda a orquestração e programou toda a orquestração do álbum.
M.I. - Com este álbum, vocês provaram que a Islândia também é um bom país para produzir álbuns incríveis. Vamos falar de algumas músicas: “Dark Crystal” começa com uma progressão lenta, seguida por uma notável variedade rítmica. O mais incrível disso, é como o Atli Guðlaugsson canta. Como é que compuseram a música, as linhas de guitarra e os instrumentos?
Ingi, o nosso guitarrista, escreveu-a. Na verdade, ele escreveu-a antes de formarmos a banda. Acredito que ele estava a tentar formar uma banda de Prog Metal. Ele estava a estudar engenharia de som, na Holanda. Ele escreveu a música para outra banda, uma banda de Prog Metal. Podes ouvir isso na música: é um pouco diferente do resto do álbum. Isso é inteiramente do Ingi! É uma música muito boa!
M.I. - “Creatures of the Night” como alguns destaques incríveis: o vídeo! Foi criado por alunos do programa de Bacharelato em Design (Animação e Mídia Interativa) da RMIT University em Melbourne, Austrália. Eles colaboraram com bandas como Helloween, Children Of Bodom, Tankard, Korpiklaani e Alestorm, para citar algumas. Foi uma verdadeira aventura! Como é que entraram em contato convosco e foi surpreendente que eles demonstrado interesse em fazer o vídeo?
Acredito que foi através da Atomic Fire, a editora. Eles trabalham com uma escola de animação, na Austrália, há já algum tempo. Eles têm feito vídeos para outras bandas, por toda a parte. Eu acho que eles fizeram um para os Helloween e Children Of Bodom. Eles já trabalham com esta escola há bastante tempo! Foi assim que aconteceu. Eu adorei o vídeo! Foi muito estranho ter alguém a transformar-nos em desenhos animados, para um vídeo.
Não! Inicialmente pediram-nos conceitos, para o que gostaríamos de ver no vídeo “Creatures of the Night”. A letra é evocativa. Demos-lhes o conceito inicial de estarmos a lutar contra estas criaturas assustadoras. Foi tudo o que lhes dissemos. Vimos algumas artes conceituais iniciais, mas depois não vimos nada até obter o vídeo inteiro. Logo antes de ser lançado!
Não! Nós só vimos a arte conceitual para os sinais das personagens e os nossos sinais em forma de desenho animado, mas não vimos nada do processo até que estivesse completamente concluído.
M.I. - “Kraven The Hunter” foi transformado num vídeo excelente!!! Conta-nos mais!!!
A editora entrou em contacto com um tipo, chamado Glen Mountford, um cineasta australiano. Precisávamos de fazer um vídeo para “Kraven”. Ele filmou na Islândia, mas não tínhamos ideia do que fazer. Tivemos de ter algumas ideias, e acabamos por ter essa história de sermos sugados por uma máquina de jogos arcade. Ele gravou tudo, num dia, no escritório em que o Atli e o Bjarni trabalham. Não vimos claramente a parte da introdução. Trabalhar com o Glen foi ótimo! Muito divertido!
M.I. - O álbum foi misturado pelo Haukur Hannes, nos Mastertape Studios (AUÐN, DYNFARI etc.) e masterizado pelo Frank de Jong no Hal5 Studio (BLEEDING GODS etc.). Como foi e algum membro da banda ajudou, já que têm experiência em engenharia de som?
O Ingi fez algumas misturas fortes para começar! Mas porque o Ingi e o Bjarni produziram o álbum inteiro, nós queríamos um pouco de ar fresco e os tipos que fizeram a mistura e masterização, são ambos amigos do Ingi. Conhecíamo-los do estúdio de engenharia de som, da Holanda, e ele já estava em contacto com eles. Eles fizeram um trabalho fantástico!
M.I. - Parabéns pelo primeiro lugar na Amazon japonesa. Qual a importância do Japão para as bandas de Power Metal?
Obrigado! Foi uma surpresa! É muito importante! Os Galneryus são titãs absoluto do Power Metal! Muitas bandas têm álbuns ao vivo gravados no Japão, como Blind Guardian e Children Of Bodom são dois exemplos. Adoraríamos tocar no Japão um dia e foi uma grande honra ter uma boa aceitação lá. Foi uma grande surpresa.
M.I. - Quais são as tuas influências no Power Metal? E sem ser dentro dessa onda? Relacionado à literatura, quais são os tipos de livros e autores favoritos?
Como disse antes, as maiores influências do Power Metal são Blind Guardian, Edguy, Helloween, Gamma Ray, Avantasia. Os Iron Maiden são uma grande influência também para todos nós, assim como o clássico, especialmente a nova onda do grande Heavy Metal dos anos 80. Também Hammerfall. Todos os grandes nomes do Power Metal! Todos os grandes nomes do Metal!
Eu não sou cantor, mas o Hansi Kürsch dos Blind Guardian e o Tobias Sammet dos Edguy, são duas das maiores influências do Atli.
Acho que todos nós somos fãs da literatura de fantasia e ficção científica. Sou um grande fã de Brandon Stanton e dos seus arquivos de Nova York. "Decor" é um dos meus favoritos.
M.I. - A Islândia também é conhecida por não ter muitos concertos de bandas metal de outros países. Qual é a tua opinião sobre isso? Já que vocês estão a tornar-se um dos embaixadores, vão ajudar a vossa cena e levar bandas para tocar aí?
É apenas um dos custos de viver numa rocha, no norte do Atlântico, quero dizer, mas é ótimo quando bandas maiores vêm aqui. Definitivamente, já tivemos algumas grandes aqui algumas vezes, como Meshuggah, Opeth, Behemoth. Mas viajamos bastante para fora para concertos e fizemos isso antes da pandemia. Todos nós fomos algumas vezes ao Wacken Open Air.
Então, se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé!
Quero dizer, espero! Mas acho que é muito mais provável que venhamos para a Europa tocar! Se pudermos atrair outras bandas para tocar aqui, isso também seria fantástico!
M.I. - Falando em tocar, têm planos para uma tournée este ano? Que países, talvez Portugal? Festivais? Podes dar-nos mais detalhes, por favor?
Este ano não! Nós apenas lançamos o álbum e começamos a fazer planos depois disso. Está tudo meio aberto no ar após a pandemia. Não é impossível. Podemos dar alguns concertos na Europa, mas esperamos dar mais concertos na Europa em 2023.
Espero que em Portugal! Seria fantástico!
M.I. - Obrigada mais uma vez pela entrevista. Podes deixar algumas palavras para a Metal Imperium, Portugal e os fãs portugueses, que desejam conhecer-vos, por favor?
Muito obrigado pela receção maravilhosa que tivemos! Tem sido uma loucura! Se gostas do álbum, isso é fantástico! Obrigado!
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Entrevista por Raquel Miranda