A menos de um mês do regresso dos Iron Maiden a Portugal e a duas semanas da chegada dos Judas Priest — cabeças de cartaz do primeiro dia do Evil Live Festival —, passou pelo nosso país outro nome incontornável do heavy metal: os Accept. Apesar de não serem presença tão habitual como as duas bandas acima mencionadas, não deixam por isso de ser uma referência lendária no género. É verdade que não têm uma base de fãs capaz de esgotar um MEO Arena ou de liderar os grandes festivais, mas construíram uma carreira longa e meritória, que merece respeito, admiração e uma sala cheia de seguidores dedicados — como foi o caso nesta noite de sábado, na sala principal do Lisboa ao Vivo. Pelo que pudemos testemunhar, continua a haver um público fiel aos Accept, e a formação atual da banda alemã mantém intacta a capacidade de honrar o legado com atuações à altura. Foi, sem dúvida, uma aposta certeira da Free Music Events, promotora que se distingue pelo ecletismo e pela qualidade dos nomes que traz a Portugal. Como fãs, só podemos estar gratos por continuar a haver oportunidades de ver bandas deste calibre ao vivo.


Num momento de humor, Mark Tornillo anunciou com ironia uma “canção de amor”, introduzindo a irreverente “Son of a Bitch”, cujo refrão foi entoado com entusiasmo por muitos dos presentes. Já “Dying Breed” reforçou a perfeita simbiose entre os dois tempos da banda, mostrando que esta encarnação dos Accept continua firme e que o renascimento de 2009 não foi em vão — seis álbuns depois, o grupo permanece vital.

Wolf Hoffmann estava visivelmente divertido e grato pela entrega da plateia. “Metal Heart”, um dos temas mais emblemáticos do grupo, foi recebida com aplausos estrondosos. Não podia faltar o grande êxito dos Accept no século XXI — “Teutonic Terror”, cujo vídeo soma mais de 22 milhões de visualizações no YouTube — que agitou cabeças e corações. “Pandemic” manteve a fasquia elevada, com a banda a dar tudo em palco.
Após uma curta pausa, regressaram com o excerto de “Heidi, heido, heida”, a abrir caminho para o furioso speed metal de “Fast as a Shark”. E se “Teutonic Terror” é o hino moderno, o maior clássico de toda a carreira dos Accept continua a ser, sem dúvida, “Balls to the Wall”. Com 50 milhões de visualizações no YouTube, é impossível medir quantas vezes foi ouvida em vinil, cassete ou CD por fãs de metal que cresceram com a banda nos anos 80. Foi a penúltima da noite e deixou o público em êxtase.
A despedida deu-se com todos a cantar o refrão de “I’m a Rebel”, encerrando em grande duas horas de concerto memorável. Resta-nos agradecer por os Accept continuarem ativos, tantos anos depois, a fazer boa música e a proporcionar noites como esta.
Texto por Mário Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Tavares
Agradecimentos: Free Music Events