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Reportagem: The Black Crowes e DeWolff @ Campo Pequeno, Lisboa – 19.10.2022


O tão aguardado regresso a Portugal dos célebres Black Crowes aconteceu, finalmente. Décadas depois do concerto dado com os Rolling Stones, no velhinho estádio José de Alvalade, a banda dos irmãos Robinson veio comemorar ao Campo Pequeno os 30 anos de Shake Your Money Maker com o público português. Os holandeses DeWolff acompanharam-nos nesta visita ao nosso país.

“Are you ready for some rock n´roll?” foi a pergunta colocada por Pablo Van de Poel logo que os DeWolff subiram ao palco. Não foi uma mera provocação. Os quarenta minutos de atuação da banda provaram isso mesmo. Este trio, que conta com Pablo na guitarra e voz e o seu irmão Luka na bateria, não tem baixista, mas tem um órgão Hammond que é devidamente explorado por Robin Piso. “Night Train”, o primeiro tema da noite, não deixou dúvidas. Estávamos perante uma banda de enorme qualidade, com belos temas de rock para entreter a audiência. Destaque para “Tired of Loving You”, o mais longo da atuação dos DeWolff e também o mais aplaudido, pois o que começou por parecer uma balada, cedo se transformou numa fortíssima malha, onde a parte instrumental se agigantou, dando oportunidade aos três músicos para brilharem. “Treasure City Moonchild” concluiu esta atuação dos holandeses, que apaixonou quem assistiu.

Quem presenciou a alteração do cenário para a concerto dos Black Crowes, cedo percebeu o pretendido. Importava criar um ambiente intimista, como se estivéssemos num bar, ou rock club. Tínhamos o balcão, onde não faltava o empregado, e até uma jukebox. Foi através dela que começámos a ouvir “Shake Your Money Maker”, o original de Elmore James, enquanto os músicos se posicionavam em palco. A contrastar com os três elementos da banda anterior, tínhamos agora oito músicos. O Southern rock destes georgianos é exigente e dependente de todos os instrumentos em palco, para além das duas senhoras que formavam o coro. Sem truques, o álbum aniversariante, Shake Your Money Maker foi tocado do princípio ao fim, respeitando a ordem das músicas. O mesmo é dizer que a segundo música da noite foi “Jealous Again” e a obrigatória cover de Ottis Reading, “Hard to Handle” foi servida a meio deste primeiro set que terminaria com “Stare it Cold”. Esta visita ao primeiro álbum ficou assim concluída e a viagem no tempo levava-nos agora a outras paragens. Três décadas enquanto banda são suficientes para acumular muitos hits e uma grande maioria encontra-se no segundo trabalho dos Black Crowes, The Southern Harmony and Musical Companion, o que o torna a sua visita obrigatória. Nem que seja para encerrar a noite com “Thorn in My Pride” (onde ouvimos pela única vez a harmónica de Chris) e a malha “Remedy”. Um concerto desta dimensão não podia dar-se por concluído sem o tradicional encore. Sem problemas em mostrar as suas influências, os Black Crowes costumam tocar algumas músicas de outros artistas. Para além do já referido tema de Elmore James, tivemos oportunidade de assistir à interpretação de “Easy to Slip”, dos Little Feat (com a curiosidade de ter sido cantada por Rich Robinson) e guardado para o encore, “Rock & Roll”, dos Velvet Underground.
Espetáculo muito agradável o desta noite de quinta-feira, proporcionado pela Everything is New. A praça de touros do Campo Pequeno estava muito bem composta para um verdadeiro tributo ao rock de cariz mais tradicional. 


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Tavares
Agradecimentos: Everything Is New