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Reportagem: Machine Head, Amon Amarth e The Halo Effect @ Campo Pequeno, Lisboa – 09.10.2022


A tarde/noite de domingo foi o culminar de um fim de semana com muita música. Esta Vikings & Lionhearts Tour passou por Portugal e, apesar da imensa oferta que se vai vivendo atualmente no que a concertos diz respeito, a Praça de Toiros do Campo Pequeno quase esgotou. O cartaz justificava esta enchente, pois tanto os Amon Amarth como os Machine Head são detentores de uma enorme legião de fãs no nosso país. 

Mas a primeira parte ficou entregue a uns estreantes. Os The Halo Effect, projeto que reúne ex-membros dos In Flames e que conta ainda com Mikael Stanne (Dark Tranquility), nas vocais teve a honra de dar início a esta noite de música. Days of the Lost, o seu álbum de estreia e único até à data, serviu de mote para a prestação de 30 minutos destes suecos. Com este lote de artistas em palco, só podíamos esperar uma atuação consistente, onde o death metal de cariz mais melódico foi servido e apreciado por uma sala que estava já muito bem composta. Quem não conhecia ficou surpreendido pela positiva, quem conhecia ficou agradado pela prestação ao vivo, isto a avaliar pelos comentários que se ouviram após o concerto.

Podemos dizer com segurança que, independentemente de quem se seguisse em palco, esta noite só poderia correr pelo melhor. Coube aos Amon Amarth fazê-lo, com uma produção em palco que se mostrou majestosa. “Run to the Hills”, clássico dos Iron Maiden, tocou na integra, anunciando que o concerto dos vikings estava para começar. Houve ainda lugar a um tema instrumental da banda, seguido de um estouro que assustou os mais distraídos e que foi o mote para que a banda começasse finalmente a sua atuação. E que inicio. “Guardians of Asgaard” levou à loucura os milhares de pessoas que se encontravam na assistência. Com uma setlist que pretendia percorrer a carreira da banda, The Great Heathen Army, lançado já no decorrer deste, ano não foi esquecido. “Deceiver of  the Gods” teve a presença de um figurante em palco que interpretava Loki, para logo de seguida tocarem “The Pursuit of Vikings”, uma das mais aplaudidas da noite. Johan Hegg falou um pouco com o público, usando algumas palavras de português, o que fez com que se ouvisse o nome de Portugal em alto e bom som no recinto. A música continuou, sempre com muitas chamas e fumo em palco. Visualmente o espetáculo dos Amon Amarth foi igualmente muito bom, havendo até lugar a mudanças de cenário. Os dois gigantes vikings que se encontravam nas laterais saíram para dar lugar a dois drakares e foi assim que a banda tocou “Put Your Back Into the Oar”. Antes de “Raise Your Horns” houve tempo de brindar com o público, para este retribuir logo de seguida cantando o refrão do tema a plenos pulmões. Antes de “Twilight of the Thunder God”, que seria o último tema da atuação dos Amon Amarth, deu-se nova mudança de cenário, onde a figura principal era agora uma serpente marinha, que foi combatida ferozmente por Johan Hegg, com auxílio do seu mjolnir. Fantástico concerto, a vários níveis.

“Machine Fucking Head” era o que se podia ler na tela que tapava todo o palco, enquanto se procediam às necessárias alterações para que os norte americanos pudessem dar início à sua atuação. A fasquia estava elevada pela atuação dos Amon Amarth, mas os Machine Head também já andam nisto há muitos anos e agarraram logo o público com “BEFORE THE FIRESTORM”, que foi tudo, no que diz respeito ao mais recente trabalho da banda, Of Kingdom and Crown. Tal como os seus predecessores, os M.H. quiseram percorrer um pouco toda a sua longa carreira, o mesmo é dizer que, foi uma mão cheia de malhas, daquelas que fizeram parte da banda sonora da adolescência de muitos dos que ali estavam presentes. “Ten Ton Hammer” e “Imperium”, foram algumas que não deram descanso aos headbangers e a todos os que participavam no mosh pit. O ambiente só acalmou um pouco aquando da interpretação de “Darkness Within” e aí, a sala iluminou-se por completo com as luzes dos telemóveis e com as provenientes das chamas dos isqueiros. Robb Flynn é realmente um grande frontman, daqueles que não param de puxar pelo público. “Now We Die” e “From This Day” devolveram a rotação ao mosh pit e foi altura de Robb lembrar o primeiro concerto de M.H. no nosso país, fazendo a abertura para Slayer no Dramático de Cascais, no longínquo ano de 1994. Talvez por isso, a obrigatória “Davidian” foi antecedida pela parte inicial de “Raining Blood” e também “The Number of the Beast”. “Halo” encerrou o espetáculo com chave de ouro.
Mais um evento - promovido pela Prime Artists - daqueles que mostram que a musicalidade mais extrema continua bem viva no nosso país.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Prime Artists