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Reportagem: Black Widows, My Enchantment e Primal Warfare @ RCA Club, Lisboa – 18.11.2022


Regresso aos palcos de uma das mais importantes bandas do nosso underground. Talvez mais relevante e digno de ser assinalado tenha sido o retorno aos lançamentos discográficos, vinte anos depois de Sweet… The Hell. Era, assim, tempo para celebração nesta noite de sexta-feira, pois o novo Among the Brave Ones levou o seu tempo, deu trabalho, mas ficou bem feito, como pôde comprovar um RCA praticamente cheio. Os My Enchantment também faziam parte deste evento e tinham igualmente um trabalho para apresentar, o EP Malebolge.

Foram, no entanto, os Primal Warfare a arrancar com a música nesta noite. Esta jovem banda dava aqui o seu segundo concerto e tinha a oportunidade de atuar perante uma casa bem composta. Foram 25 minutos que pareceram agradar, pelo menos, a todos aqueles que se encontravam mais perto do palco.
Pelas 21h45 entraram em cena os My Enchantment, fazendo uso de todo aquele ritual que lhes é reconhecido e onde não podiam faltar as habituais máscaras. Fernando Campos encarrega-se agora também das vocais e fá-lo com mestria. Malebolge foi devidamente apresentado, com especial destaque para o single “Lex Talionis”. Após uma curta saída de palco a banda regressou, usando agora máscaras diferentes. Era o sinal de que se iria entrar noutros terrenos, uma visita aos trabalhos anteriores. “Ira” e “Gula” recordaram o álbum de 2019, Saligia, mas os My Enchantment foram mais longe, tocando “So Blood Became Wine”, extraído de Sinphonic, álbum de 2005. Death metal melódico muito rico no trabalho de composição, as músicas deste quarteto parecem fazer mudanças bruscas de direção, surpreendendo quem está a ouvir, ou a assistir aos seus concertos. Estes 45 minutos a que tiveram direito encerraram da melhor forma com “Inner Sanctum”.

Olhando para a assistência, era fácil perceber as saudades que o público tinha das Black Widows. Trata-se de uma banda muito acarinhada, não só por inegável mérito, mas também por terem vingado e marcado o seu lugar num meio musical que ainda vai sendo dominado pelo sexo masculino. 20 anos depois, estas cinco Senhoras regressam com estrondo, trazendo na bagagem um poderoso álbum de metal gótico. “Eden Denied” deu início à apresentação de “Among the Brave Ones” e logo ao segundo tema, Rute Fevereiro convidou todos a se deixarem “eletrificar” com a sua música. Ela é sem duvida a ”cola” que mantém a banda unida, acumulando as funções de vocalista - com aquela amplitude que lhe é reconhecida - e guitarrista, tomando para si a responsabilidade dos solos, consegue ser ainda uma frontwoman de excelência. Todas as outras integrantes foram também muito aplaudidas, aquando da apresentação da banda feita pela baterista Marta Brissos, ela própria um espetáculo dentro do espetáculo. Destaque para a teclista Mónica, que parecia ter a sua própria claque na sala e para a baixista Solange, sempre muito segura nas 4 cordas.
Carregado de uma mensagem forte, “I´m A Monster” deu continuidade a um concerto repleto de temas cuja interpretação não é nada fácil. Rute lembrou isso mesmo quando agradeceu ao produtor Fernando Matias. Nada disso pareceu, no entanto, assustar a estreante Íris, que se manteve em palco, sempre muito segura com a sua guitarra. Os três singles até agora extraídos deste novo álbum foram guardados para o fim e tocados de enfiada. “Schizo”, “Black Orchid” e ainda “Among the Brave Ones”, concluíram a apresentação do novo trabalho e a banda abandonou o palco sob fortes aplausos. Não tardou muito o seu regresso. Havia ainda temas antigos para tocar e quem assistia esperava por eles. Antes ainda, tempo para mais agradecimentos, onde as ex-integrantes da banda não foram esquecidas. “She Decided To Die” teve dedicatória muito sentida e especial por parte de Rute a Carla Marques e o concerto encerrou de seguida com o tema “In Death”.

Um melhor regresso seria difícil. O público estava satisfeito e a própria banda agradecida por aquela receção. Resta esperar que as Black Widows continuem a lançar álbuns e a dar concertos regularmente, ocupando o espaço no nosso panorama musical que é seu por direito. 

Reportagem por António Rodrigues
Agradecimentos: 
Black Widows
Fotografias gentilmente cedidas por João Dourado