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Reportagem - The Mission e We Know A Place @ Hard Club, Porto – 28/29.04.2023


Dia 28.04.2023

Após dois anos de uma longa espera, devido à pandemia, os The Mission regressam ao nosso país e trazem na sua bagagem a “Déjà Vu Tour 2023”. A mítica banda gótica dos anos 80, tocou em Lisboa (LAV – Lisboa Ao Vivo, no dia 27 de abril) e no Porto (Hard Club, em dois dias que os fãs nunca irão esquecer – 28 e 29 de abril) e a House Of Fun foi a promotora responsável por ter trazido uma das maiores bandas icónicas do género ao nosso país. Ambos os concertos tiveram lotação esgotada!
A banda de suporte que estava prevista para os três dias, era Gene Loves Jezebel mas, não puderam estar presentes. Assim, os We Know A Place, banda originária de Lisboa e a convite da banda principal, ocupou o lugar deixado.  

No primeiro dia (28/04), as portas abriram pontualmente às 20:00 e às 21:00 começa-se a ouvir música de fundo, de forma a criar suspense, para apresentar esta nova banda. Aos poucos, cada elemento entra em palco e dirige-se aos seus instrumentos. Ouvem-se as primeiras batidas ferozes e com garra, acompanhadas por linhas de guitarras bem estruturadas, para apresentar “Sins”, a primeira música. Sem interrupções, segue-se “Blood Mary”, onde guitarradas atmosféricas, acompanhada pelas vozes do guitarrista, baixista e baterista a apresentam. “Stay The Night”, a música seguinte no alinhamento, apresenta linhas de baixo muito bem executadas. A plateia saltou, aplaudiu e acompanhou a energia desta nova geração, que no final agradeceu ao técnico de som Paulo, por ter ajudado neste acontecimento e - num inglês perfeito - aos The Mission, por lhes terem dado a oportunidade de uma vida. O concerto terminou pelas às 21:30 e soube a pouco.

Às 22:00, um som enigmático, criador de algum suspense, previu a chegada algo triunfal da  banda principal: Simon Hinkler; Craig Adams; Alex Baum e, por último, Wayne Hussey, sempre sorridentes e a acenar aos fãs, entraram em palco. Começaram com “Beyond the Pale”, um dos temas de “Children”, seguido de “Serpent's Kiss”, que levou o público à loucura. No fim, Wayne - num português correto - diz boa noite e pergunta ao público se está tudo bem. Que, passados 3 anos depois desta pandemia, estão felizes por estar de regresso, o que faz com que recebam palmas calorosas. “Over the Hills and Far Away” tem um dos solos de guitarras mais espetaculares de sempre, acompanhado pelas linhas de bateria magnificas de Alex. “Within the Deepest Darkness (Fearful)”, uma das músicas mais misteriosas, é acompanhada por palmas, com Simon a puxar pela plateia. A linha de baixo de Simon cria um certo impacto e Alex é responsável pela criação desse mesmo mistério que a música necessita. São estes dois instrumentos a peça-chave da música. “Like A Hurricane”, cover de Neil Young, não podia ser deixada de fora, pois encaixa na perfeição na voz de Wayne.
Após estas duas músicas, o vocalista apresenta o baterista, que responde com palmas e o público igualmente. Wayne pergunta à audiência se está calor, pois ele sente calor e bebe  largos goles de vinho tinto. A pingar de suor, apresentam “The Grip of Disease”, com batidas furiosas da bateria. Antes de apresentarem a próxima música, Wayne dá outro gole e questiona os presentes sobre quem estaria presente no espetáculo agendado para o dia seguinte, revelando que poderiam existir algumas surpresas. O público reage efusivamente.
“Stay With Me” e “Like a Child Again”, são duas das músicas mais icónicas desta banda e também dos saudosistas da época gótica dos anos 80. O Hard Club dançou, cantou e fez o coro de ambos os temas. Um dos pontos altos foi quando Wayne revelou que adorava a cidade e que se regressasse à Europa novamente, a cidade que escolheria para morar, seria a cidade do Porto, o que gerou uma onda de orgulho para os habitantes e muitas palmas e assobios.
Wayne agradece o apoio dos presentes e pergunta o que querem ouvir. “Butterfly on a Wheel”, do terceiro álbum de estúdio: “Carved In Sand”, fez correr algumas lágrimas no público, sendo um dos temas mais aguardados. Seguiram-se “Wasteland” – que contou com uma jam session entre  Alex e Simon – e “Deliverance”. Após uma breve pausa,  ouviram-se “Dance on Glass”, “Heat” “Hungry as the Hunter”. O espetáculo acabou em beleza, com um último encore e com a música: “Tower of Strength”, com uma certa batida oriental, tão bem caraterística desta composição. Apesar de algumas pequenas falhas técnicas, foi um excelente concerto.


Dia 29.04.2023

No segundo dia (29/04), as portas da sala 1 do Hard Club abriram-se novamente para receber as duas bandas: os convidados We Know A Place e os tão aguardados The Mission, numa segunda data e também ela com lotação esgotada. Reconheceram-se algumas caras da primeira noite, que aguardam ansiosamente pelo reportório para a segunda noite. 
Às 20:00 as portas abriram e passada uma hora, We Know A Place, mais soltos e alegres tocam “Sins” e “Blood Mary”, ainda com mais garra que na noite anterior. “Faraway” mostrou uma banda mais solta e com mais interação com o público. “My Name Is Human” é uma canção onde se pôde ver a interação da plateia com a banda, onde várias pessoas dançaram ao som das guitarras, bateria e baixo. “Stay The Night” é, sem dúvida, uma das suas melhores composições. O baterista saúda o Porto e espera que a plateia goste da música seguinte. “Dark” também é impecável nas linhas bem estruturadas e no final os membros são apresentados: Tokki - guitarra/voz; Vicente – bateria; Nuno- baixo e Tomas – guitarra). Agradecem mais uma vez ao técnico de som que os acompanha e aos The Mission pela oportunidade. Concerto acabou às 21:30. O grupo irá lançar em breve o seu primeiro álbum muito em breve, prometendo regressar ao Porto para o apresentar. Para uma banda recente - que ainda não lançou um EP ou álbum - ganharam um bom punhado de fãs e deram um excelente espetáculo! O Metal português necessita de mais bandas novas como estas, sem dúvida!

Batiam as 22:00  horas, quando iniciou o tão aguardado segundo concerto  dos The Mission! Arracaram com “Black Cat Bone” a criar uma certa atmosfera sombria, seguido duma cover dos Beatles: “Tomorrow Never Knows”. “Severina”, canção do álbum de estreia: “God's Own Medicine”, uma das que era muito aguardada na noite anterior, foi tocada neste dia. A voz feminina dos coros, foi interpretada pelo baixista Craig. Luzes frenéticas apresentam a próxima música: “Met-Amor-Phosis” do último álbum de estúdio: “Another Fall from Grace “(2016). Wayne dirige-se para perto do palco, de forma a criar uma certa cumplicidade com a plateia. As batidas de bateria são imponentes, tal como o solo de guitarra.
Wayne sorveu mais um gole de vinho tinto e apresentou “Swoon”. Seguiram-se “Kingdom Come”, “Never Again” e “After Glow”. “Butterfly on a Wheel”, “Wasteland” e “Deliverance” foram músicas repetidas do dia anterior mas, tal como foi dito na página do Facebook da banda, existiriam algumas músicas que seriam tocadas novamente. Porém, o público não se importou minimamente. 
Pequena pausa para um encore e seguiram-se “Raising Cain”, “Like a Child Again”, “Stay With Me” e “Belief / Swan Song”. “Tower of Strength” acabou por não ser tocada, contrariamente ao esperado. O espetáculo terminou de forma inesperada e mais cedo do que o previsto, pelas 23:45.

Apesar de alguns problemas técnicos no som em ambos os espetáculos - e dos anos de espera! - pode dizer-se que foram dois bons concertos e que o gótico dos anos 80 está vivo e de boa saúde. É sempre um prazer ver um concerto desta banda, que ainda tem muito para oferecer. Aguardamos ansiosamente o seu retorno!

Reportagem por Raquel Miranda
Agradecimentos: House Of Fun