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Savage Grace - "Sign of the Cross" Review


Um regresso inesperado ao fim de 37 anos de ausência para estes californianos liderados pelo guitarrista Christian Logue, único membro da formação original da banda.

A banda que conseguia ter uma sonoridade ainda mais provocatória do que as capas dos seus discos, que apresentavam temáticas marcadamente misóginas (e uso este termo da forma mais coloquial possível).

Numa fase inicial da carreira, fortemente influenciados pela sonoridade de Iron Maiden (será por isso que o disco se chama Sign of the Cross?), especialmente no primeiro trabalho, em que pelo menos nas primeiras faixas, ou no lado A do vinil para os mais antigos, quase que podemos classificar os temas como sobras do Killers. No segundo trabalho já conseguiram criar uma sonoridade mais individual, baseada num speed metal desenfreado, como um comboio que quase descarrila, mas com que por milagre se consegue manter na linha.

Não obstante esse facto tornaram-se uma banda de culto e se nos Gamma Ray o Kai Hansen conseguiu fazer a carreira do grupo a emular a sonoridade de Judas Priest, porque não o podem fazer estes senhores também? Aliás uma das razões para a sua saída dos Helloween, foi mesmo o facto de Kai estar obcecado com os Priest e com o facto de todos os temas que compunha, serem manifestamente influenciados por essa banda (foi isso que eu li algures, posso estar errado, mas acho que não estou!).

A minha menção aos Judas Priest não é de todo inocente ou despropositada, uma vez que este disco soa demasiado à fase Painkiller desta banda. Com Gabriel Colon nas vozes, que consegue emular quase na perfeição o falseto de Rob Halford (Peço desde já desculpa aos fãs de Tim Owens, mas esse senhor nunca vai conseguir sequer se aproximar da potencia, colocação e alcance de Halford, aliás no tempo em que o “Ripper” esteve na banda, as guitarras estavam afinadas um ou dois tons abaixo para ele as conseguir cantar). O baterista Marcus Dotta faz o seu melhor para conseguir emular o fabuloso Scott Travis, quase ao ponto de pelágio, do seu trabalho de pedal duplo, e os apontamentos de prato ride, tão característicos desse músico.

O tom de guitarra de Logue faz-me lembrar o de K.K. Downing nos discos da década de 70 dos Judas Priest, em vários momentos deste trabalho.

Eu sei que há muitos momentos da carreira dos Krokus em que a sua sonoridade é demasiado colada na dos AC/DC da faze do Bon Scott, mas também não havia necessidade de ser tão óbvio, pelo menos na minha modesta opinião.

Se no passado a banda conseguiu imbuir os temas com a sua própria energia e atitude, pelo menos aos meus ouvidos, este trabalho acaba por ser demasiado derivativo para ser interessante, e me motivar a escuta do mesmo. Se a imitação é a melhor forma de lisonja, então este disco acaba por ser competente como tributo a uma das melhores bandas de metal de sempre. Infelizmente não se consegue elevar acima disso mesmo. 

Nota: 6/10  

Review por Nuno Babo