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Saor - "Amidst the Ruins" Review

Origins, o anterior álbum dos Saor foi um dos álbuns que mais tem ficado comigo nos últimos anos, nomeadamente o tema-título que encerra o mesmo. Ora, ao contrário do álbum anterior, Amidst the Ruins começa com o tema-título e logo se nota uma maior utilização de instrumentos tradicionais na sua execução, nomeadamente ao nível da “dobragem” da melodia das guitarras. A bateria de Carlos Vivas também se destaca pela agressividade e segurança com que “puxa” pelos restantes instrumentos. 

Ao ouvir o single “The Sylvan Embrace” vi uma nova faceta dos Saor: a acústica. Com efeito, há um precedente britânico para o recurso a transição do black metal para o folk acústico com os Winterfylleth. No caso deste tema, a ausência quase total de instrumentos eléctricos traz uma roupagem musical e dinamismo ao som da banda, assim como o equilíbrio fenomenal entre as vozes de Andy Marshall (quase um sussurro) e a de Ella Zlotos, que aqui assume maior protagonismo. É um tema que também consegue resumir a atmosfera de Amidst the Ruins no seu todo: é contemplativo, melancólico e épico; a melodia nas flautas é bela, assim como a atmosfera, cortesia do violoncelo e efeitos sonoros de Jo Quaill.

“Echoes of the Ancient Land” é um tema mais agressivo, com guitarras a “rasgar” do início ao fim, Curiosamente o riff a meio em termos de sonoridade lembrou-me os Linkin Park na fase de Minutes to Midnight.

Por sua vez, “Glen of Sorrow” é o tema mais meditativo do disco, mais uma vez com um excelente riff de guitarra a liderar o tema. A voz de Ella Zlotos a entoar um cântico antes de entrar a voz ríspida de Andy Marshall é um dos pontos altos e mais folk deste tema, que começou com uma melodia tocada com instrumentos tradicionais. As passagens instrumentais com flauta e a guitarra em tremolo picking são incríveis e ajudam a criar um contraste interessante dentro dos temas.

O álbum termina com “Rebirth”, com Andy Marshall a assumir diferentes registos vocais e com as flautas, mais uma vez a tornarem-se essenciais na composição musical do tema; o trio de cordas também acaba por envolver as guitarras distorcidas numa forma orquestral.

No seu todo, Amidst the Ruins é um disco com músicas mais longas que o seu predecessor, mas que têm em si uma maior variação em termos sonoros o que o torna mais eclético que Origins e mostra que Andy Marshall está a evoluir como compositor, levando os Saor para novos territórios além do folk-black metal que sempre os caracterizou. Por exemplo, existem mais camadas sonoras como o recurso a um trio de cordas no primeiro tema e a voz feminina a ter destaque na parte final do mesmo, assim como o recurso a guitarras limpas e acústicas ao longo de todo o álbum, tornando mais variado o som da banda.

A sonoridade no seu todo acaba por ser mais acessível, mais cativante e, ao mesmo tempo, épica, de uma forma quase sublime. A fluidez entre os temas do disco é muito bem conseguida, dando-se uma transição natural entre eles, por exemplo, na forma como “Glen of Sorrow” transita para “The Sylvan Embrace” sem que haja um choque para o ouvinte.

Nota: 8/10

Review por Raúl Avelar