Dois dias depois de terem espalhado o caos na cidade do Porto, esta tour europeia dos Born Of Osiris, que traz consigo outros gigantes dentro do metal progressivo, de cariz mais extremo, chegou a Lisboa. A estreia dos norte americanos em Portugal foi feita com duas datas, o que é sempre de salutar.
Os portugueses The Voynich Code foram a primeira banda a subir ao palco. Habituados a estas andanças, a banda deu um bom concerto, pese embora o ainda pouco público presente. Jack Kinsey, que é quem agora assume o papel de vocalista, revelou-se um verdadeiro frontman, não se cansando de puxar pelo público. A recente “Serpents Meridian” e “the Last Grain”, esta com a colaboração de Nelson Rebelo de volta às vocais, foram uma ponta final espetacular.
Muita expectativa para assistir ao concerto dos Entheos e à atuação de Chaney Crabb. A banda de death metal progressivo vive muito da sua voz, ainda que os dois guitarristas deem também uma válida ajuda nesse campo. Charney pediu isqueiros ou luzes de telemóvel para o tema “I Am the Void” e o público fez-lhe a vontade. O mesmo aconteceu quando pediu aplausos e até um circle pit. “the Sinking Sun” colocou um ponto final na atuação da banda californiana que, nos curtos 35 minutos a que teve direito, deixou uma boa impressão.
Quando os Ingested subiram ao palco, eu já começava a perder a esperança de ouvir um baixo ao vivo nesta noite. Também não estou a exagerar se afirmar que a banda inglesa era aquela com a sonoridade mais pesada de todo o cartaz. A agitação entre o público subiu uns furos com a atuação da banda de deathcore, sobretudo quando o seu vocalista revelou que os últimos três temas da noite seriam do álbum de estreia, o brutalíssimo Surpassing the Boundaries of Human Suffering, lançado em 2009. “Skined and Fucked” foi o tema de despedida, não que sem antes houvesse lugar a uma Wall of death na sala.
Faltava apenas a banda responsável por tudo isto, os Born Of Osiris, com o seu metal progressivo. Perder um dos guitarristas deve ser uma situação sempre complicada para qualquer banda, sobretudo quando se está em digressão, mas os Born Of Osiris souberam lidar com a situação. Apresentando-se em formato trio, com apenas um guitarrista que se socorre com a ajuda de um sintetizador. O som, esse, continua muito bom, mesmo ao vivo, como se viu e ouviu no espetáculo desta noite onde a banda norte americana mostrou ter o público na mão do primeiro ao último tema. Introduzindo alguma melodia, sempre na dose certa, toda a sala pulou ao som de “Elevate” ou “a Mind Short Circuiting”. A receita é essa e parece resultar. Todos os temas foram muito bem recebidos pela audiência, com especial destaque para os extraídos do novíssimo, Through Shadows. Também o baterista Cameron Losch veio à frente do palco oferecer uma lembrança aos fãs e pedir ainda mais entrega naquela que foi a reta final do concerto dos Born Of Osiris. Uma hora de atuação que passou rapidamente e culminou com “Machine”.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Tavares
Agradecimentos: Prime Artists
