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Reportagem: Iron Maiden e Avatar @ MEO Arena, Lisboa - 06/07/2025



"Run For Your Lives" é o nome desta tour mundial que passou por Portugal no passado dia 6 de julho e que celebra meio século de existência de um dos maiores e mais lendários nomes de que há memória no Metal: os Iron Maiden. A banda prometeu tocar apenas clássicos dos primeiros nove álbuns - muitos dos quais não tocavam há anos - e cumpriram a promessa, pelo que foi um privilégio para todos aqueles que estiveram presentes, assistirem a mais este momento único na história dos concertos de metal no nosso país. Um dia antes, outros dois nomes fundamentais para o nosso género musical, os Black Sabbath e Ozzy Osbourne, despediram-se dos palcos, devido à saúde debilitada do vocalista. Por esse motivo, há que aproveitar todas as oportunidades de assistir aos espetáculos destes grandes nomes, sem dar como adquirido que estarão sempre por cá, em forma e com saúde, para nos presentearem com as músicas com que crescemos a ouvir.

A abertura ficou a cargo dos Avatar, que apresentaram um espetáculo de qualidade superior ao que deram, por exemplo, na abertura dos Avenged Sevenfold, no Campo Pequeno, em 2013. A banda não acusou o peso da responsabilidade de tocar antes de Iron Maiden, tendo aproveitado a oportunidade para dar tudo em palco e ganhar mais um bom número de fãs, que poderão revê-los a 27 de fevereiro de 2026, no LAV. A MEO Arena já se encontrava muito bem composta e foram muitos aqueles que puderam assistir a uma performance extremamente competente por parte deste quinteto, com o "palhaço psicótico", Johannes Eckerström, a liderar e a entreter o público. 
A banda combina influências das vertentes mais modernas do metal com elementos de rock, resultando num som diversificado. O vocalista destaca-se pelo seu carisma e teatralidade, que prendem a atenção do público. Um bónus numa noite que já se antevia perfeita mesmo sem banda de suporte, visto que obviamente todos os espectadores se encontravam na MEO Arena para ver os Iron Maiden e, como sabemos, a banda britânica nunca desilude. Nesta atuação composta por oito temas, destacaram-se de forma notável "Smells Like a Freakshow", com o seu groove poderoso e um refrão melódico que fica no ouvido e "Bloody Angel" que fez muitas cabeças balançarem. Em boa verdade, não se registou qualquer momento aborrecido durante os 45 minutos.

Pelas 21:00, depois de "Doctor Doctor", dos UFO, e da intro "The Ides of March" ecoarem pelas colunas da MEO Arena, os primeiros acordes de "Murders in the Rue Morgue" fizeram-se ouvir, ainda com o pano por cair. A reação do público não se fez esperar: entusiasmo palpável e gritos que anunciavam o arranque de uma noite memorável. Do quarteto de temas da fase de Iron Maiden com Paul Di'Anno que foram tocados no início do espetáculo, destacou-se claramente um impecável "Phantom of the Opera", mas soube tão bem também escutar músicas poucas vezes tocadas como a primeira da atuação, assim como "Killers" e a bem mais frequentemente interpretada "Wrathchild". Se alguns destes temas só são alvo de devoção pelos fãs mais acérrimos do grupo britânico, o que viria a seguir seria um desfilar de clássicos incontornáveis da fase áurea de Iron Maiden com Bruce Dickinson, que constam do terceiro ao nono álbuns do grupo. 
O regresso aos primórdios da banda só se deu antes do encore, com o tema homónimo e incontornável: "Iron Maiden". Após um início recebido com enorme entusiasmo, seguiram-se clássicos incontornáveis e verdadeiros hinos do metal. Temas como "The Number of the Beast", "The Clairvoyant", "Powerslave", "2 Minutes to Midnight", "Run to the Hills" e "The Trooper" marcaram presença obrigatória numa celebração dos 50 anos de carreira da banda, um alinhamento que deixou de fora os temas mais recentes, em favor da nostalgia e da força dos êxitos de sempre. Houve ainda tempo para a longa e fantástica "Rime of the Ancient Mariner", que não era tocada em Portugal desde 2008, ano em que os Iron Maiden protagonizaram um dos concertos mais memoráveis alguma vez vistos em solo nacional, como cabeças de cartaz de um dos dias do Super Bock Super Rock, onde apresentaram também uma setlist consensual, centrada nos clássicos dos primeiros álbuns. Tocaram também a "Seventh Son of a Seventh Son", tema raro em solo nacional. Tudo isto levou os fãs de Iron Maiden ao êxtase. Incansáveis, acompanharam Bruce Dickinson do início ao fim, entoando os temas em uníssono, seja por completo, ou nos refrões, ou até nas icónicas secções de guitarra que marcaram gerações. 
Claro que é sempre impressionante a dedicação dos seguidores dos britânicos à sua banda de eleição, mas o que mais surpreende é a enorme energia em palco destes sexagenários - alguns deles quase a chegar aos 70 anos de idade - bem como a capacidade de tocarem/cantarem as músicas com a perícia necessária para fazer jus ao seu pesado legado e agradarem todos aqueles que se encontravam presentes no espetáculo. Não são muitas as bandas da era dos Iron Maiden que conseguiram preservar a maior parte da sua formação clássica e que se mantenham numa forma semelhante àquela que os Iron Maiden apresentam consistentemente em todos os concertos que dão. O concerto podia perfeitamente ter terminado com os temas já mencionados, deixando todos os presentes extremamente felizes e de barriga e coração cheios. Mas a banda reservou para o encore três dos maiores hinos do metal: "Aces High", "Fear of the Dark" e "Wasted Years". Os fãs agradeceram a cantaram a plenos pulmões, usando toda a energia que lhes restava. Foi um momento inesquecível, o resto, como se costuma dizer, é conversa.


Em suma, foi uma noite de celebração e devoção ao metal. Os Iron Maiden provaram, uma vez mais, porque continuam a ser uma das bandas mais queridas e respeitadas do género, não apenas pela sua música, mas pela entrega incondicional em palco e pela ligação genuína com os fãs. Saímos da MEO Arena com o coração cheio, a voz rouca e a certeza de que vivemos um pedaço da história da música ao vivo. Longa vida aos Maiden.


Texto por Mário Rodrigues
Fotografia por Diana Fernandes

Agradecimentos: Prime Artists