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Anathema - "Weather Systems" Review

Muitos podem já ter esquecido, mas a realidade é que até há alguns anos atrás, os Anathema estiveram sem editora. Depois do lançamento do excelente “A Natural Disaster”, a banda inglesa liderada pelos irmãos Cavanagh passou por tempos difíceis e muito se especulou sobre o fim da banda. Em 2010 pôs-se fim à especulação e os Anathema regressaram com “We´re Here Because We´re Here”, que mostrou que ainda tinham um grande futuro pela sua frente, apesar dos seus já cerca de 20 anos de existência.

Os Anathema são uma daquelas bandas únicas. Apesar de já não terem propriamente nada a ver com o Metal, a realidade é que o quinteto sempre teve uma ligação intrínseca com este género, muito devido ao facto de terem sido pioneiros do Doom/Death Metal em meados da década de 90. Estes Anathema de hoje já não têm nada a ver com o que foram nessa época, e desde o magnifico “Alternative 4” que a sua música é pautada por uma espécie de Rock Atmosférico e melancólico, com canções belíssimas e cativantes, e acima de tudo marcantes. Para quem aprecia a banda saberá certamente daquilo que falo.

O anterior “We´re Here Because We´re Here” mostrava uns Anathema carregados de luz (o que vai um bocado contra as temáticas que a banda sempre veio apresentando ao longo do tempo), e “Weather Systems” é de certa forma um misto de emoções, onde se por um lado temos um lado mais melancólico que remete imediatamente para os tempos de “A Natural Disaster”, por outro temos temas luminosos e alegres.

“Untouchables” é o tema que inicia esta nova viagem, dividindo-se o mesmo em duas partes, que juntos formam um épico de cerca de 12 minutos. Esta é uma daquelas músicas que é praticamente impossível falar, porque a única forma de a explicar é mesmo ouvi-la e sentir aquilo que ela tem para nos oferecer. Uma música belíssima, que começa de uma forma ligeira, começando a ganhar intensidade com o decorrer do tempo, acabando com a belíssima voz de Lee Douglas, num clima íntimo e sereno. Uma faixa tipicamente progressiva e atmosférica ao mesmo tempo, que resulta num dos grandes momentos deste disco. Simplesmente brilhante. “The Gathering of the Clouds” é uma música tipicamente Anathema, com um ritmo electrizante e com um excelente jogo de vozes entre Vincent e Lee. Apesar de relativamente curta (um pouco mais de 3 minutos) assume-se também como um dos grandes temas deste disco. “Lightning Song” e “Sunlight” abrandam um bocado a intensidade do álbum, assumindo-se como um dos momentos mais atmosféricos do disco. Segue-se “The Storm Before the Calm”, uma música de 9 minutos bastante experimental nesta sonoridade dos Anathema, também ela bastante progressiva, e com um final fantástico, onde conseguimos perceber perfeitamente o porquê do nome do tema. “The Beginning of the End” é facilmente o grande tema deste album. É uma música belíssima, ao nível daquilo que a banda fazia nos seus tempos de ouro nas alturas de “Alternative 4” e “Judgement”. Esta música tem tudo para ser um dos clássicos eternos dos Anathema, pois demonstra o porquê de serem uma banda tão especial e marcante, na vida de cada um que os ouve. Um tema fascinante, que dá vontade de ouvir em loop durante horas. Numa palavra: Fantástico. “The Lost Child” e “Internal Landscapes” são músicas mais introspectivas e relaxantes, que terminam o álbum de uma forma suave e bastante bem conseguida.

Em suma, os Anathema registam com “Weather Systems” uma excelente adição à sua discografia, num álbum bastante introspectivo e atmosférico que demonstra o caminho que a banda quer seguir para o seu futuro. Afirmar que este álbum é melhor que o álbum X ou Y da sua discografia é algo errado de se fazer, pois é um álbum único (assim como todos os outros), e caberá a cada um ver o impacto que o álbum causará em si, mas uma coisa pode-se afirmar, a qualidade e o sentimento estão lá. Só nos resta agradecer aos Anathema por serem uma banda única, que nos continua a proporcionar viagens fantásticas com os seus álbuns, porque parece que ainda não é desta que a banda dos irmãos Cavanagh lança um álbum fraco.

Nota: 9.0/10

Review por Pedro Reis