About Me

Whitechapel - "Whitechapel" Review


O quarto disco deste sexteto norte-americano é uma excelente surpresa. Não que seja um disco extraordinário mas porque conseguem tornar um estilo como o deathcore em algo muito mais interessante e entusiasmante que muitos dos seus homólogos. A par de bandas como os Job for a Cowboy ou os Suicide Silence, estes Whitechapel podem ser vistos como um irmão mais novo, que tem vontade de crescer muito mais queos seus irmãos mais velhos.

Outro ponto interessante é ver a evolução desta banda através dos discos que foram lançando ao longo dos anos. Se “This is Exile” ou “A New Era of Corruption” conseguiram despertar a atenção dos ouvintes e apreciadores deste género, em “Whitechapel” notam-se aqui fusões com outros estilos, conferindo uma base muito mais poderosa e consistente em termos rítmicos, elevando o deathcore desta banda para campos um pouco mais próximos do thrash / death metal.

A entrada de piano no início do disco em “Make it Bleed” não nos prepara para o que vem a seguir: uma barragem de riffs poderosos através do ataque de três guitarras, que constituem uma parede sonora massiva, onde a voz de Phil Bozeman aparece muito mais perceptivel, quando vocifera “We've been somatically defiled, exiled, and now the new era has come to and end”. Absolutamente destruidor e uma prova da evolução vocal de Bozeman que é notória de disco para disco.

Globalmente, a base rítmica continua a ser rápida, mas não se tornando maçadora ao longo do disco, sendo que a banda consegue introduzir elementos que conseguem manter os níveis de intensidade lá em cima. A fúria patente em malhas como “Hate Creation”,“(Cult)uralist” ou “Section 8” é brutal e sintomática das diferentes adições estilísticas no som global da banda. Mesmo assim, quando estamos a destruir o nosso pescoço furiosamente somos confrontados com algumas passagens mais calmas e ambientes, como que os Whitechapel adivinhassem que o nosso pescoço teria quedurar todo o disco, em vez dos temas iniciais.

Ao longo deste “Whitechapel” são apresentados vários apontamentos interessantes, tais como ritmos a meio tempo e solos e mesmo algumas passagens de piano como no início de “Devoid”ou no final do último tema “Possibilities of an Impossible Existence” mas que não chocam em nada a brutalidade deste disco. Na produção de Mark Lewis nos estúdios Audiohammer é perfeita, não retirando peso à música que é mesmo isso, pesada.

No total, são dez temas muito consistentes, interessantes e variados. Efectivamente é do melhor que esta banda gravou nos últimos tempos. Nota-se aqui uma evolução da banda, quer ao nível da composição que ao nível da execução. No entanto, é difícil saber se esta descolagem dos Whitechapel ao deathcore e aproximação a outros terrenos diferentes será benéfica ou prejudicial à banda. Mas o principal é mais que evidente: “Whitechapel” é um bom disco e um garante de quase quarenta minutos de boa música.

Nota: 8 / 10

Review por João Nascimento