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My Dying Bride - "A Map Of All Our Failures" Review


Vamos saltar a parte da reputação que os My Dying Bride têm dentro de todo o Metal. E de que não têm maus álbuns. E que são os reis do Doom dentro das bandas que ainda cá andam.

Também podíamos saltar a parte de que a banda, apesar de só ter dois membros originais, continuam sólidos como muitos que ainda não sofreram mudanças nesse campo. Como podíamos saltar o capítulo de que Aaron Stainthorpe não envelhece criativamente, a par do seu companheiro de guerra Andrew Craighan.

Mas se saltássemos isso tudo, estávamos a pôr em causa a essência de uma das mais respeitadas bandas de Doom Metal, se não a mais respeitada.

É importante salientar que se há aspecto que deixou os My Dying Bride menos ricos de espírito, foi a saída do baterista Rick Miah, que deixou um legado que nem Bill Law, nem Shaun Taylor-Steels conseguiram colmatar. Em 2007, parece que a salvação caiu do céu, sob a forma de um baterista, chamado Dan Mullins, ex-Bal-Sagoth. Aí voltaram as mudanças de ritmo que Miah fazia com mestria, e estava devolvida uma das características que tornaram “Turn Loose The Swans” um álbum tão especial.

Depois, o violino voltou recentemente também, com Shaun Macgowan a assumir tal instrumento, ao mesmo tempo que é teclista.

Todas estas características são boas, mas como é praticamente impossível voltar à mestria que caracterizava os primórdios, ao mesmo tempo que também não se costumam ver músicos acabados de chegar a uma banda e atinar a 100% com aquilo; “For Lies I Sire” foi um álbum bastante bom, mas que nem sempre apresentava as características que marcaram vários discos do colectivo. A sabedoria com que o violino era usado, e o timing perfeito nas várias dinâmicas que as músicas tinham foram algo razoavelmente percetível no lançamento de 2009. Mas esperar algo razoável dos My Dying Bride é no mínimo, uma desilusão.

No ano passado, Evinta veio fazer estalar o verniz, separando dois lados. O lado que venerava o quão épicas estavam as composições de temas clássicos da banda, e o outro lado que nem protestava por ter adormecido com o resultado final.

Este ano, estão de volta às “coisas sérias”, e mais uma vez, provam que não brincam em serviço. A bateria e os violinos continuam com os mesmos músicos, mas desta vez já adaptados como não estavam em “For Lies I Sire”. Basta ouvir o single “Kneel ‘till Doomsday” para reparar nas dinâmicas que lembram o colosso lançado em 1993. Onde Stainthorpe nos possui com a melancolia a que já fomos habituados, com o registo vocal onde mais ninguém consegue chegar. Desde a tristeza, ao ódio lento e atormentante… temos tudo!

O violino continua a existir, embora com menor frequência, mas muito mais bem tocado e correspondente às músicas, encaixando bastante melhor que anteriormente.

Depois do single, há momentos como “A Tapestry Scorned” ou “Abandoned As Christ”, que abre com uns leads muito bem conseguidos e a fechar o álbum da melhor forma: Com melancolia e sem invenções.

Em suma, um álbum que anda à volta dos velhos tempos da banda, sem lugar para experimentalismos.

Podemos tirar daqui momentos de “Like Gods Of The Sun”, de “The Dreadful Hours” e de mais álbuns que marcaram a discografia dos britânicos, à exceção de “34,788%… Complete”.

Era disto que precisávamos! De uns My Dying Bride com maior sintonia entre os músicos e com isso reflectido na composição dos temas. Foi o que conseguiram, e temos aqui um sério candidato a álbum do ano, pois está cá tudo, e cada espaço que é aqui criado, é preenchido na perfeição. Se “For Lies I Sire”, apesar de bom, não convenceu alguns, então acho que este “A Map Of All Our Failures” foi um pedido de desculpas bem dado. Desculpas aceites!

Nota: 9.1/10

Review por Diogo Marques