Se há coisa que o mundo da música pesada tem, é uma certa desconfiança em relação ao mainstream. Também há muitas pessoas fechadas a outros géneros que não o Metal, e quês, mas o sobrolho franzido ao que vem “de lá de cima” dá a impressão que é a maior característica de um “típico metaleiro” a seguir ao cabelo comprido.
Os Green Day para alguns até têm a abébia, pois uma boa parte dos mais modernos da cena cresceram com playlists onde clássicos como o “Dookie” se incluíam. Já com isso, até receberam bem o “American Idiot”, e o célebre trio norte-americano ficou com um respeito bem considerável dentro dos sons mais virados para o extremo.
O passo em falso que foi “21st Century Breakdown” (não que fosse mau, mas músicas como “21 Guns”, “Know Your Enemy”e a faixa-título, não revelavam evolução nem mesmo estagnação, mas sim uma tentativa de concorrer aos Sum 41 de fazer músicas que à quinta audição já enjoam.) voltou a instalar alguma desconfiança neste meio, “e os Green Day estavam inevitavelmente a vender-se”.
Mas a costela de quem não se interessa pelas opiniões do exterior sempre foi algo presente no Billie Joe, e vá-se lá saber porquê, a banda tem uma trilogia por lançar. “Uno”; “Dós” e “Tré”, sendo que só falta ser lançado o último.
Isto ao início, visto de fora, dá a ideia que o trio está cada vez mais a virar-se para as massas, mas o basta escutar “Nuclear Family” para deitarmos todas essas impressões para o lado, e que está aqui um regresso aos bons tempos dos Green Day, que num punhado de doze músicas, empregam aqui uma visita ás suas raízes, e momentos como “Troublemaker”, “Sweet 16” e “Let Yourself Go” provam isso da melhor maneira.
Até aqui fica um saldo positivo, mas o que mais fascina neste registo, é a inocência com que voltam a fazer música como conhecemos em álbuns pré-2009. Mais do mesmo? Talvez, mas a postura despreocupada do Billie Joe é algo que tão depressa não há de saturar. E até porque não nos podemos esquecer que toda a alma dos Green Day está nisso.
Nota: 7.2/10
Review por Diogo Marques
