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Tiamat - "The Scarred People" Review


The Antidote (Moonspell), Viva Emptiness (Katatonia) e o álbum homónimo dos Paradise Lost, o que é que estes discos têm em comum, para além de pertencerem a bandas, que com as devidas distâncias, trilham caminhos análogos? Estes exemplos no fundo consistem em discos de charneira, neste caso de colectivos que aparentemente pareciam já irremediavelmente alienados do metal, mas que contra todas as expectativas, ganharam um novo peso.

Serve isto para dizer que desde o anterior Amanethes, que os Tiamat vêm na ânsia de conseguir alcançar esse disco, introduzindo cada vez mais novos elementos reminiscentes do seu passado, mas que invariavelmente acabam por se misturar com as sonoridades onde a banda hoje em dia se sente mais confortável. Ou seja, em vez de quererem exorcizar fantasmas, a banda parece antes querer invocá-los, gradualmente, de uma forma pouco natural, querendo ao mesmo tempo fazer as pazes com o inferno, mas não abdicando do céu.

O que não quer com isto dizer que The Scarred People não seja um bom disco, muito pelo contrário. The Scarred People porventura será mesmo o melhor disco dos suecos desde A Deeper Kind Of Slumber, mais que não seja pelo equilíbrio entre as duas vertentes, o que lhe confere um maior dinamismo que o anterior, isto já para não falar da ausência de faixas discutíveis. Quando ouvimos temas como 384 Ekteis ou a excelente Love Terrorists, passa mesmo a ideia de uma enorme vontade em querer recordar os tempos do saudoso Wildhoney, mas no extremo oposto temos Messinian Letter e Winter Dawn que nos trazem à memória Judas Christ, enquanto Thunder & Lightning invoca um pouco do imaginário Sisters of Mercy. Já o atmosférico The Red Of The Morning Sun encerra o álbum de uma maneira quase que perfeita, em mais um momento nostálgico de um passado já algo distante. Destaque ainda para o recrutamento de um novo membro para a posição de guitarrista, de seu nome Roger Öjersson.

Quando aliado a isto tudo, os Tiamat ultimamente nos têm presenteado com intermináveis esperas entre lançamentos de discos, fica a ideia que um turbilhão de pensamentos passa pela cabeça de Johan Edlund e companhia, na hora de delinear a direcção do próximo disco a compor. Mas no fundo no fundo, o que realmente importa é a qualidade do lançamento, e essa pelos vistos não saiu afectada, mesmo não sendo nenhum Wildhoney, The Scarred People prova que os Tiamat ainda têm uma palavra a dizer.

Nota: 8/10

Review por António Salazar Antunes