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Entrevista aos Germ


O metal, numa perspectiva mais experimental e alternativa, foi tomado de assalto durante este ano de 2012 através de um nome cada vez mais sonante: Germ. Com este projecto a solo, australiano Tim Yatras - que esteve envolvido em Austere, Woods Of Desolation, Dungeon, Lord, etc... -, fez nascer dois trabalhos de alta qualidade onde se combina metal/rock com ambiências electrónicas deveras espaciais e orquestrais. A conversa que se segue é precisamente sobre esses dois lançamentos - o álbum "Wish" e o EP "Loss" - e sobre as novidades para 2013. Directamente da Austrália, a Metal Imperium apresenta o ilustre, mas ainda algo desconhecido, Tim Yatras e toda a sua panóplia musical.


M.I. - Li que Germ foi criado em 2003. Porquê esperar 9 anos para lançar um álbum?

Acho que a resposta mais curta para isso é que estive ocupado com outros projectos durante esses anos e não tornei Germ numa prioridade durante muito tempo. Tive um EP pronto para ser lançado em 2006, mas infelizmente as coisas não correram bem, então até esqueci Germ depois disso.


M.I. - O EP "Loss" é mais experimental, dentro do teu género, do que o álbum de estreia, "Wish". Podes dizer que usaste este lançamento para funcionar como uma "demo" e depois ver como tudo corria?

Não, realmente não foi esse o caso! A maioria do "Loss" foi gravado durante as sessões do "Wish", ou pelo menos nos mesmos anos, entre 2009-2012. Apenas aconteceu que o EP se tornasse mais experimental e, atrevo-me a dizer, mais «poppy» do que o álbum. Não intencionava de todo que fosse assim e, para ser honesto, nem pensei nisso até as pessoas me terem começado a falar sobre esse facto.


M.I. - Germ é mais espacial e «dreamy» do que os outros projectos em que estiveste envolvido. Está a tentar afastar-te das sonoridades depressivas e enveredar por uma nova abordagem?

Nem por isso. Por acaso, o novo material que tenho para o próximo álbum de Germ é, provavelmente, um retorno às sonoridades depressivas e não terá tanto uma atmosfera «dreamy» como "Wish" ou "Loss". Na realidade nunca escrevo música "positiva", por isso, mesmo que os primeiros lançamento de Germ sejam, mais espaciais e «dreamy» como dizes, penso que continua a correr uma subcorrente de tristeza na maior parte do material. Acho que vou tornar esse sentimento mais aparente no material que está para vir.


M.I. - De onde surgiu a ideia de combinar metal/rock com ambiências electrónicas?

A ideia surgiu desde o início de Germ. Sempre fui um apaixonado por música electrónica e ambiente, especialmente muito das coisas surpreendentes que saíram da Europa e do Japão nos anos 70 e 80. Dito isso, continuo a sentir uma forte afinidade com black metal, mesmo depois de estar envolvido no género durante vários anos. Apenas decidi que poderia combinar estilos de música que são especiais para mim, que me fazem sentir algo e tentar criar algo que seja motivo de orgulho.


M.I. - Tanto "Wish" como "Loss" estão cuidadosamente produzidos. É oportuno dizer que passaste mais tempo na produção do que na criação?

Sim e não. Nalguns temas, a ideia básica era escrever muito rápido, enquanto que com outras podia levar meses ou anos. Há muitas, muitas diferentes «layers» de som num tema de Germ, em oposição a, por exemplo, uma música de Austere. Em Austere, um tema podia ter 7 ou 8 «layers» enquanto que em Germ poderá ter até 100 ou, nalguns casos, mais. Claro que assim leva-se mais tempo para se equilibrar tudo e não dar poder demais a certos aspectos. Penso que não conseguimos uma perfeição de 100% no álbum ou no EP, mas mesmo assim estou muito satisfeito.


M.I. - Sentes que 2012 é o ano da tua afirmação como músico?

Creio que não estou em posição para dizer isso. Apenas faço o que faço e se as pessoas gostam é óptimo.


M.I. - Já estás a trabalhar em novo material para 2013?

Sim, absolutamente. Tenho um novo álbum composto e estou a planear entrar em estúdio no início de 2013. Vou ocupar o meu tempo com isso, por isso não tenho ideia de quando irei finalizar ou quando o álbum será lançado, mas já estou bastante animado com o novo material e estou ansioso por fazer o álbum da melhor maneira que consigo.


M.I.- Como é que a Eisenwald te ajuda a ser espalhado pela Europa, uma vez que és australiano?

A Eisenwald tem uma boa rede de promoção e distribuição na Europa. Ajuda muito, estando eu na Austrália - realmente, no mundo inteiro não podia estar mais longe da Europa!  Porém, eu penso que com a Internet e com os mídia sociais se torna mais fácil espalhar a música pelo mundo, independentemente de onde estás localizado.


M.I. - Há bandas bem conhecidas na Austrália, mas como é a cena metal aí? Quão difícil (ou não) é viver numa ilha a milhares de quilómetro, por exemplo, da Europa?

Actualmente, não sigo a cena metal por cá. De facto, na medida em que o black metal corre, a única coisa que tenho ouvido nos últimos anos é algum do novo material de Drowning the Light, com o qual fiquei bastante impressionado. O pessoal devia tomar atenção quando eles lançam alguma coisa. Tirando isso, e honestamente, não posso dizer-te o que se está a passar na cena australiana! Quanto a viver cá, é claro que é difícil fazer uma digressão pela Europa ou pelos EUA ou onde quer que seja devido aos enormes gastos, mas isso nem me interessa de momento, porque agora não estou a dar concertos!


M.I. - Além dos teus projectos black metal, também estiveste envolvido em bandas heavy metal. Receias ser criticado por alguns fanáticos do black metal?

As únicas bandas heavy metal em que fui membro a tempo inteiro são Dungeon e Lord. E Lord é, basicamente, a continuação de Dungeon comigo e com o vocalista/guitarrista, por isso até podes olhar para isso como uma só banda. Tudo o resto a que sou associado pelas pessoas, é apenas trabalho de sessão e nunca fui, realmente, um membro da banda. Honestamente, não me importo se alguns fanáticos do black metal me criticam por isso, isto é, provavelmente eles irão, de qualquer maneira, achar que Germ é uma merda!


M.I. - Há alguma hipótese de ressurreição para Austere?

Teria gostado de fazer mais um álbum com Austere antes de ter acabado, mas penso que esse tempo já passou e é, definitivamente, melhor deixar Austere em descanso. Portanto não, nada de ressurreição!

Entrevista por Diogo Ferreira