About Me

Entrevista aos Blood Tsunami


Os Blood Tsunami são uma banda de Thrash Metal oriundos da Noruega e vão completar 10 anos de carreira no próximo ano. Já contam com dois álbuns de originais “Thrash Metal” (2007) e “Grand Feast for Vultures” (2009) para além de 3 demos e 1 EP. Estão prestes a lançar o seu terceiro álbum de originais “For Faen!” numa altura de mudanças para a banda. Tudo motivos que nos levaram a conversar com eles. Aqui fica a entrevista!



M..I. - Antes de mais, obrigado por terem aceite responder às nossas perguntas! Os Blood Tsunami vão lançar um novo álbum “For Faen” em Março. O que nos podes dizer sobre este material?

O prazer é todo meu! O novo material é mais agressivo e sujo do que o material mais antigo. Decidimos evitar a maioria das melodias de guitarra e harmonias que outrora utilizamos e que incorporamos em quase todas as músicas. Fartamo-nos dessas merdas maricas e desta vez quisemos fazer algo simplesmente diabólico, curta, e brutal.


M.I. - Ouvi a nova música "Metal Fang" e pareceu-me que este álbum terá uma direcção diferente dos anteriores. Isso é verdade?

Sim, tal como disse quisemos ir numa direcção diferente desta vez. Já fizemos coisas melódicas, coisas screamo e criámos 12 minutos instrumentais com um bilião de riffs, harmonias, etc.  Já estava na hora de cortar com isso e trazer a essência da nossa música. Precisamos nos concentrar na agressão velocidade e ferocidade.


M.I. - Como foram os processos de produção/gravação do álbum?

Oh, foi brutal! Pelo menos para mim. Cada membro pegou no seu instrumento e fez o seu trabalho sem problemas, o mesmo aconteceu comigo e com a guitarra… Mas quando chegou a hora dos vocais… Outch, aí chegaram os problemas. Já tínhamos decidido abandonar os berros de alta frequência e usar um estilo mais sombrio e agressivo, tomamos essa decisão em 2012. Queríamos uma voz de bruxa que trouxesse o cão a ladrar. Felizmente foram características que foram encontradas em mim e por isso não foi necessário procurar um novo vocalista. Ainda assim, quando começamos a gravar algumas músicas rapidamente percebi que algo estava errado. A minha voz não tinha força nem o alcance pretendido. Tentei, voltei a tentar mas continuava tudo a soar a merda! Eu senti-me como um completo fracasso. Estou muito feliz com o álbum agora, mas naquela época eu sinceramente odiava… Precisei de um tempo fora de tudo isso, cheguei a ir ao médico. Informou-me que eu tinha danificado severamente as minhas cordas vocais. Duas décadas a gritar, rosnar deram cabo de mim e me trouxeram problemas. Precisava de uma cirurgia para ficar bem. E fui, sem hesitações, “à faca”. Esta porcaria obrigou-nos a parar uns dois meses, e digo-te que é uma longa paragem quando se está a meio de gravações. Ainda assim, tudo correu bem e voltei a ser capaz de usar a minha voz. Foi um alívio!


M.I. - E a capa do álbum? Faz lembrar um pouco Aura Noir ou algo relacionado com Blackened Thrash Metal!

Já tivemos capas bem coloridas com brilho no passado mas optar por isso neste lançamento seria algo errado. Pelo menos para nós! Não é a nossa intenção de copiar qualquer outra banda ou saltar para outra carruagem, mas queríamos nos distanciar dos dois primeiros
álbuns. Não apenas por a música ou a voz ir noutra direcção, mas também pela produção, pelas letras e todo o aspecto visual da banda. O layout, o logótipo  as fotos, o todo pacote, por assim dizer, foi intencionalmente projectado para combinar com o conteúdo musical. Mas, claro, uma capa a preto e branco com um crânio no meio não deve ser chamada de original, ou chocante. Felizmente, não é o que tentamos ser. Só queremos fazer a merda que cavamos. Simples.



M.I. - De volta a 2007, os Blood Tsunami lançaram o seu primeiro álbum “Thrash Metal” pela Nocturnal Art Productions. O que se recordam dessa altura?


Lembro-me dessa altura com um misto de alegria e arrependimento. Foi uma grande oportunidade para nós e as coisas correram bem, mas nós tomamos montes de decisões erradas. Não tiramos um tempo para pensar naquilo a que queríamos soar ou que tipo de banda queríamos ser. Simplesmente fizemos a primeira coisa que nos passou pela cabeça, que pode, obviamente, ser uma deliciosa forma de trabalhar mas também nos pode trazer grandes problemas em que tens que explorar “lugares”, musicalmente falando, em que não te sentes confortável. Não estou orgulhoso de algumas músicas ou riffs mas o pior foi mesmo a produção do álbum, poderia ter sido muito melhor. Estávamos inseguros e ainda nem conhecíamos plenamente a nossa própria banda, entendes? Não tínhamos nenhuma meta, nenhum tipo de som ou modelo que fosse estritamente nosso. Apenas dissemos que sim a tudo que o engenheiro nos disse. Deveríamos nos ter sentado com ele e discutir a que queríamos soar e trabalhar afincadamente para atingir isso… Mas enfim, vivemos e aprendemos, certo?


M.I. - Os Blood Tsunami estiveram muito activos com o lançamento do EP “Castle of Skulls" e um álbum “Grand Feast for Vultures”. Sentiram que a banda estava no topo da sua carreira nesta altura?

2009, e sim, estávamos muito mais focados e determinados. Conseguimos evoluir muito não só enquanto banda mas também como músicos, pessoas e amigos. Foi como um “estamos juntos nisto”. A expectativa e o nosso espírito estavam elevados. Isso e o facto de ter resolvido um monte de problemas pessoas na altura foi positivo para o futuro da banda. Eu costumava ter um monte de demónios e escuridão dentro de mim que me bloquearam a minha visão sobre as coisas boas. Tudo isso acabou por desaparecer e finalmente sentia-me capaz de me concentrar na coisa certa pela primeira vez em muitos anos. Infelizmente a nossa editora não nos apoiou muito nem deu grande confiança e por isso a moral em alta que tínhamos caiu um pouco. E por falar em decepção…  O ano que deveria ser o nosso auge, tornou-se no ano da nossa queda. Fiquei completamente fora de mim! Até comecei a pensar “Foda-se esta merda, eu quero fazer música e passar bons momentos. Vamos começar uma banda sem limites”. E assim foi. Juntamente com mais dois amigos, Bård, Dor e eu lançamos 3 álbuns em 12 meses e percorremos incansavelmente a Noruega com a nossa pequena e estúpida banda chamada Mongo Ninja. Fizemos isso durante 3 anos até decidir levantar novamente os Blood Tsunami. Agora estamos “no topo” novamente. Vamos lá ver no que dá desta vez…



M.I. A Noruega é mais conhecida por ser o “Berço do Black Metal”. Sentem-se a maior banda do país fora desse estilo?


Não, de maneira nenhuma somos uma grande banda. Acho que conseguimos construir um nome mas não considero uma banda “grande” a não ser que os seus membros tenham uma vida decente apenas com a banda ou tenham atingido o estatuto de “lendas”. Bem, o nosso baterista, o Bård tem esse estatuto devido ao seu trabalho noutras bandas no início dos anos 90 mas nós, nos Blood Tsunami, incluindo ele, temos muito para percorrer ainda. Infelizmente não somos uma banda que vende montes de álbuns e visita todo o mundo. Talvez um dia possamos fazê-lo, espero mesmo que sim… Até lá somos apenas um pequeno peixe num enorme oceano.


M.I. - Finalmente, obrigado pela entrevista e desejamos tudo de bom para a banda. Últimas palavras para os fãs portugueses?

Muito obrigado por terem entrado em contacto, gostei imenso! Espero sinceramente ter a oportunidade de tocar em Portugal em breve. Gosto muito do país mas infelizmente não vou aí à anos. Desde adolescente quando fui de comboio em 89, foi muito divertido. Eu e a minha namorada da altura ficamos em Lisboa uns dias. Ficamos bêbados com as vistas! Depois fomos para uma pequena cidade mais a sul, Faro, um lugar maravilhoso mas fomos logo para uma vila ainda mais pequena, da qual não me lembro do nome, mas ficamos lá hospedados um par de semanas. Beber, berrar, comer, nadar e dormir. Bons tempos! Adoraria visitar o vosso país novamente! Abraço desde o gélido Oslo!


Entrevista por Chris Correia