About Me

Void Of Sleep - "Tales Between Reality And Madness" Review


Com um som forte algures entre o doom energético de uns Cathedral (principalmente nas vocalizações) e o espírito stoner/sludge de uns Down, com todo o seu encanto dos pântanos do Mississipi, os italianos Void of Sleep chegam desta forma ao seu álbum de estreia. E que estreia. "Tales Between Reality And Madness" é um caldeirão onde foram despejados uma série de elementos musicais. Hard rock/rock dos anos setenta (os refrões, principalmente), heavy metal clássico (os leads e alguns solos), doom metal (a "Wisdom Of Doom" não engana ninguém), progressivo (novamente a "Wisdom Of Doom" e a "Lost In The Void"), psicadelismo (a parte intermédia de "The Great Escape Of The Giant Stone Man", que tem material suficiente para dar cerca de vinte minutos de jam contínua), stoner ("Lost In The Void" tem um riff que é um vício stoner, daqueles para ouvir repetidamente) e por fim sludge (certas vocalizações da faixa de abertura "Blood On My Hands" e certas passagens da, novamente, "Lost In The Void").

Com tanta mistura, seria de esperar, para os mais pessimistas talvez, que este álbum fosse um conjunto de tiros falhados, aqueles casos típicos de quem tenta ir a todas e não consegue ir a nenhuma. É a excepção que comprova a regra, porque a todos os sítios que os Void Of Sleep tentam ir, realmente vão e regressam triunfantes como quem superou o desafio com mestria. É de mestria mesmo que temos de falar, porque uma banda, lançar um primeiro álbum destes... das duas três, ou concentraram o talento todo de uma vida num só álbum ou então tudo o que tocam, tudo o que fazem, é ouro. Ainda é cedo para dizer que é um caso ao outro, porque o segundo e terceiro álbum, normalmente, é que dão essa resposta.

Até lá, o melhor é mesmo não pensar em questões secundárias e apreciar a música. Se há quem diga que os anos setenta foram os anos dourados da música mundial, e não querendo invalidar essa linha de pensamento, o que é certo é que são bandas como esta que reunem o melhor do passado, o melhor do presente, servidos com a sua própria identidade (apesar de se identificarem tiques típicos de bandas como as enunciadas no primeiro parágrafo, junto com uns Sabbath, uns Tool, uns Rush (principalmente no trabalho de baixo), uns Dream Theater, uns Mastodon e... poderia ficar aqui um bom tempo, a dizer nomes. O que acaba por ser também uma questão secundária. É um grande álbum. A conhecer, obrigatoriamente.

 
Nota: 8.8/10

Review por Fernando Ferreira