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SepticFlesh - "Mystic Places Of Dawn" Review


A Holy Records foi casa de muito som estranho nos anos noventa. E o que se entende por som estranho, é aquilo que à partida nos faz parar para ouvir atentamente. Aquilo diferente do que se está habituado a ouvir ou pelo menos se espera ouvir. O primeiro álbum dos gregos SepticFlesh (quando ainda se chamavam Septic Flesh) foi um desses álbuns lançados pela editora francesa e que sobreviveu ao teste do tempo. De tal forma que a Season Of Mist, a presente editora da banda, resolveu reeditar o álbum, em digipack e vinil, no início deste ano, com as faixas do EP "Temple Of The Lost Race" como bónus.

Produzido pelo ex-teclista dos Rotting Christ e pelo fundador dos Nekromantia, Magus Wampyr Daoloth, este álbum surpreendeu pela sua mistura de death metal com os arranjos de piano e sons de sintetizador que apontavam para as raízes e influências clássicas, estando muito à frente do seu tempo - relembro que estamos a falar de 1994. Apesar da remasterizqação que o álbum teve, o som continua com o seu encanto cru, não desvirtuando em nada das suas qualidades.  Claro que para aqueles que conhecem a banda desde o seu regresso de 2008, com "Communion" ou até mesmo com o álbum que antecedeu o hiato de cinco anos, "Summerian Daemons", estranharão esta mesma crueza, mas mesmo assim, não conseguirão ficar indiferentes.

Se se pegar numa faixa como "Return To Carthage" ou a "Behind The Iron Mask", que são aquelaa que se destacam em termos de agressividade e ao mesmo tempo, portadoras das melodias macabras que fazem parte da identidade dos Septicflesh, temos uma súmula do brilhantismo dos gregos e em como sempre estiveram um pouco à frente do seu tempo e neste caso, à frente daquilo que as condições técnicas disponíveis e acessíveis para a banda tinham capacidades para captar, já que apesar do encanto atrás referido, estas composições mereciam um outro som. De qualquer forma, não deixa de impressionar como uma banda, ao primeiro álbum, em 1994, decide acabar o trabalho com um tema instrumental, sinfónico, de oito minutos.

Como bónus temos o EP "Temple Of The Lost Race" como já foi referido, cujo som também é igualmente primitivo mas ligeiramente menos cheio, em termos de arranjos, mas que é um importante documento que todos os fãs da banda deverão ter ou pelo menos conhecer. Também a única forma de ter contacto com estes temas hoje em dia, que por si só já vale a compra. No geral, é um documento histórico, que além de ser importante para ter uma ideia do metal extremo grego, também é importante para se ter uma noção do underground na primeira metade dos anos noventa, quando na Europa acontece uma pequena revolução musical em termos de influências e ideias, que marcaria a face da música mundial, no que ao peso diz respeito.

 
Nota: 9/10

Review  por Fernando Ferreira