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Black Sabbath - "13" Review


Antes de entrarmos na análise ao disco, vale a pena referirmos o que os Black Sabbath enfrentaram no processo de composição e de gravação deste álbum. Primeiro, a saída polémica de Bill Ward, que uns acusam de “traidor”. Segundo, e mais importante, a condição de saúde do “master of riff” Tony Iommi, que como já é sabido, enfrenta um linfoma pulmonar. No entanto, não foram estes problemas que impediram os Black Sabbath de gravar este tão prometido longa duração. O Toni Iommi insistiu em gravar, e o bem conhecido Bill Ward foi substituído por Brad Wilk, nome já não tão conhecido (tirando se forem fãs de Rage Against The Machine), mas que para a tarefa que tinha em cima, diga-se desde já que não cumpriu mal o seu papel.

“End Of The Beggining” começa o tão esperado “13”. Quase como uma viagem a 1970, mais precisamente, à faixa título de “Black Sabbath”. É um bom começo. As influências dos primórdios estão lá. Ao chegar ao single de apresentação “God Is Dead?” sente-se quase o mesmo. Quase porque a piscadela aos anos 70 está lá, mas já não vai beber tanto ao primeiro álbum. O refrão é catchy, as guitarras cheiram a Tony Iommi e o baixo tem a essência tão conhecida do Geezer Butler. Tudo ok até aqui. Em “Loner” é que a piada começa a dissipar-se. Para já porque é notória a presença da “Sabbath Bloody Sabbath” aqui... excessivamente. E quem quer ouvir uns Black Sabbath sem a obrigação de ir beber a músicas que fizeram anteriormente, certamente que não vai achar muita graça.  Se “Loner” já começa a chatear um bocado por causa deste “problema”, então “Zeltergeist” é quase uma brincadeira de mau gosto. “Planet Caravan”, é suficiente…? É uma boa homenagem à música… mas é uma sensação estranha quando uma banda faz homenagens a si mesma… por muito boas que estejam (porque “Zeltergeist” é uma boa música). Mas há grandes momentos: “Age Of Reason” soa honesta e é mesmo muito bem composta; “Live Forever” apresenta um bom refrão e umas boas guitarradas, e em “Dear Father” onde a homenagem bluesy a Jimi Hendrix prova que afinal, “os Sabbath ainda sabem homenagear alguém senão a eles mesmos”.

Fora da composição: “13” soa um álbum demasiado limpo em termos de som, além de se mostrar sobre-produzido em parte. E por muito bem que Brad Wilk toque aqui, a falta de Bill Ward é bem notória. É injusto dizer que esta lacuna impede “13” de ser “um álbum de Black Sabbath”. Para já porque está cá grande parte do line-up original. E depois, porque o som, apesar de ter algumas falhas a nível da produção e do foro criativo, soa a Sabbath. No entanto, os Black Sabbath continuaram. E continuam. Mesmo que falte aqui a percussão mais livre de Bill Ward, falta também alguma inspiração à banda para fazer um álbum inteiro que consiga ser Black Sabbath, sem ter de ir buscar outras músicas para reciclar (se calhar é um termo demasiado agressivo, não?).

Mesmo assim, para a idade dos músicos, todos se portaram bem como podiam (bem, perdoemos o Ozzy, que pouco ou nada pode fazer para mudar isso agora, mas safa-se…) e “13” é um álbum satisfatório e competente. Mas diga-se que para o alarido que se fez à volta deste lançamento, seria de se esperar algo mais bombástico. É mediano e não se ouve mal. Mas para a banda que é, e para o burburinho à volta disto durante tanto tempo, soa algo incompleto. Porque os Sabbath estão lá mas falta mais inspiração e essência ao álbum. E uma produção melhor era mais do que bem vinda.

Em entrevistas recentes, o Ozzy mete a possibilidade de virem a fazer um novo álbum. E que venha ele, mas que seja mais inspirado, e diga-se que por muito bem que o baterista de Rage Against The Machine se porte aqui, o Bill Ward faz sempre falta… E se se reunirem essas condições, então aí justifica-se o hype que se fizer à volta disso. Esperemos até lá e entretenhamo-nos com “13”, que apesar de ter falhas a mais para a banda que é, não é um mau registo.

Nota: 6.5/10

Review por Diogo Marques