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Entrevista aos Apocynthion


“Sidereus Nuncius” é o primeiro longa-duração dos espanhóis Apocynthion e a Metal Imperium quis saber mais sobre a viagem espacial que a banda nos faz percorrer. Simpáticos e disponíveis, os Apocynthion falam-nos, claro, de “Sidereus Nuncius”, do conceito que mistura Homem e estrelas, bem como as várias formas de encararmos o cosmos enquanto parte dele.


M.I. - Para as pessoas que não conhecem os Apocynthion ou que não estão familiarizadas com astronomia, podes explicar em poucas palavras o significado do nome da banda?

Antes de mais, obrigado pela entrevista. Estamos satisfeitos por responder às tuas perguntas. Sobre o nosso nome, Apocynthion é um termo astronómico. É o ponto mais distante de um objecto que orbita a Lua. As órbitas são, geralmente, ligeiramente elípticas.


M.I. - Sensivelmente há um ano atrás lançaram o EP “Correlations” e agora acabam de lançar o vosso primeiro álbum “Sidereus Nuncius”. Passaram este tempo a tratar do disco?

Claro, mas enquanto trabalhávamos noutros temas. Da altura a que te referes, estávamos a promover o EP “Correlations” que foi muito bem recebido nas nossas redes sociais, especialmente no YouTube onde tivemos cerca de 70000 visitas. Depois, particularmente no final do Verão passado, fomos para estúdio gravar todas a ideias que tínhamos cuidadosamente compostas.


M.I. - Reparei numa evolução musical entre 2012 e 2013, sendo o “Sidereus Nuncius” um excelente álbum. Senti que é um disco muito envolvente e abrangente que nos dá um ambiente único. Isso foi algo que se debateram em estúdio para obter?

Sim, tentámos obter o som mais etéreo possível sem perder definição. E como disseste, houve um evolução musical entre o EP “Correlations” e o LP “Sidereus Nuncius”, tendo o LP um sentimento mais “espacial”. De qualquer forma, o novo material que estamos a compor é uma mistura de ambos os anteriores lançamentos, com mais e novos elementos do que possas pensar.


M.I. - A vossa música não é extremamente agressiva e não toca na melancolia profunda, acho que balancearam isso genuinamente. Estão a tentar medir as emoções das pessoas ou as vossas?

São dois lados da mesma moeda, e talvez devido às nossas influências no post-rock, tentamos reflectir essas emoções nas duas maneiras. Além disso, como uma forma não-verbal de comunicar, as pessoas interagem com a música através da sua própria visão e conhecimento, mas sempre influenciados pelos pensamentos originais dos músicos que compõem… Portanto, é provável que estejamos a medir as duas coisas.


M.I. - Porquê um conceito à volta do Homem, estrelas e cenas metafísicas? Onde encontras a inspiração para falar de coisas que não são mundanas (à excepção da parte do Homem)?

Citando um dos grandes inspiradores para as nossas letras, Carl Sagan, “we are stardust”. Somos parte dos cosmos. Caótico, mas com constantes mudanças físicas e químicas organizadas. Depois, sempre incorporámos factos metafísicos, espirituais e psicológicos da realidade que é, hoje em dia, o que nos diferencia daquilo que a ciência tem sido capaz de nos revelar. Quem sabe o que nos espera ainda descobrir na grande infinidade…




M.I. - No álbum está uma faixa chamada"33.675° N, 106.475° W" que, na minha pesquisa, descobri ser o Trinity Site. Quão importante é o papel do primeiro teste nuclear no álbum?


A ciência e os seus ramos (filosofia, ficção científica, etc.) são os nossos temas principais. Neste caso em particular, o papel dessa detonação representa o poder da humanidade em destruir-se a si mesma pela primeira vez na História.


M.I. - Reparei numa abordagem mais espiritual no tema “Nothing Important Happened Today” e uma abordagem mais terrena no tema “MDSCC” (Madrid Deep Space Communications Complex). Estão a tentar mostrar que ambas as coisas, espírito e terreno, precisam uma da outra?


“Nothing Important Happened Today” é uma acusação àqueles que tentam puxar os cordelinhos desde tempos imemoriais através da História. É um tributo póstumo à série “X-Files” que nos inspirou para compor as letras e músicas que fazemos. “MDSCC” é outro tributo – neste caso menos “ficcional” e mais “científico” – a uma base da NASA que existe em Madrid onde foi recebido, décadas atrás, a primeira transmissão quando o Homem pisou a Lua. É outra correlação que se tornou no nosso principal «leitmotiv» [motivo condutor] como nome para a banda.



M.I. - O papel de Fursy Teyssier (LesDiscrets) no projecto está apenas e só relacionado com arte e design ou será que vamos poder vê-lo a trabalhar musicalmente com os Apocynthion?

Quando a capa estava a ser feita (um artwork maravilhoso, já agora), discutimos rapidamente a opção de ter o seu toque musical no álbum, mas estávamos todos ocupados com os nossos próprios trabalhos. Esperamos vir a trabalhar com o Fursy num futuro próximo já que ele é um artista extraordinário em todos os aspectos e, por certo, seria uma colaboração fantástica. Finalmente, queremos agradecer aos nossos antigos membros, assim como às pessoas que nos ajudaram a ser aquilo que somos e àqueles que seguem connosco este caminho artístico.

Entrevista por Diogo Ferreira