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Ildjarn - "Strength And Anger" Review


Este tipo de coisas é capaz de tornar o ouvinte mais revoltado, mais anti-religioso do mundo, praticante católico devoto ou até mesmo muçulmano. Terá que ser procurado algum tipo de apoio numa entidade superior para suportar setenta e três minutos disto (!!) Quase setenta e quatro! "Strength And Anger" é o segundo álbum do projecto, o primeiro de três editados em 1996. É composto por dezoito músicas onde o que se tem é um som podre, minimalista, e praticamente inaudível.

Para este tipo de coisas, não é tão importante a questão da qualidade, que aqui é miníma, e mais do gosto. Se há público para este tipo de coisas (som mal produzido, tão mal produzido que nem é possível discernir se é mal tocado ou não) não adianta avaliar este álbum como se avalia outro qualquer, porque os parâmetros de avaliação são diferentes. No entanto, uma coisa é evidente, parece que muito pouco esforço foi colocado neste trabalho. Quando se tem quinze faixas de com o mesmo título, nove delas instrumentais, todas com um som diferente no que diz respeito ao som dos instrumentos, equalização, é sinal que o sentimento foi "isto chega".

Talvez esteja errado, talvez quatro minutos com o mesmo riff seja sinal de um brilhantismo e de uma criatividade tão grande, que simplesmente comuns mortais não atinjam, e tal é normal, já que este trabalho não foi feito para mortais. Ou pelo menos para mortais humanos. No entanto, à décima sexta faixa, chamada "Black Anger (Hate Meditation 1)", temos uma surpresa. Para já, um título diferente, e depois a duração de catorze minutos. A questão é... o que passa nesses catorze minutos?

Era uma boa altura para acabar a crítica, não era? Este mundo não é tão injusto assim e nem eu quero provar isso. O que se tem por catorze minutos e dez segundos é o som de um sintetizador, dos mais manhosos que pode haver, uma tecla tocada uma de cada vez, tendo uma variação de minuto a minuto, sensivelmente. A sério, isto é coisa para levar à loucura qualquer pessoa que se preze. Ou loucura ou ao mais profundo dos sonos. Para que não se pense que a tortura já tinha acabado, temos outra música, com um nome diferente (mais um esforço criativo, bravo) "Interchange", que não é mais do que uma batida parva durante dois minutos e o que parece ser um som de baixo processado/sintetizado.

Chega-se à última faixa, "Midnight Strength, Black Anger (Hate Meditation 2)", que embora tenha algum esforço criativo no título, vê-se que claramente  dar dois nomes diferentes é uma tarefa desgastante para qualquer músico minimalista que se preze. Ora, desta feita, são quase dezasseis minutos de mais ruídos de sintetizador, algum barulho, quase silêncio e o raio da mesma tecla pressionada durante quase nove minutos. Varg deve estar orgulhoso ou se calhar arrependido. Uma das duas

Mais uma vez se reitera, se esta é a ideia de música para alguns dos nosso leitores, então a Season Of Mist prestou verdadeiramente um serviço público ao reeditar isto. De outra forma... não vale a pena sofrer. A sério. Há formas bem mais agradáveis de passar o tempo que não envolvam sofrimento. Mesmo que esse sofrimento seja... "arte".
 
Nota: 2/10

Review por Fernando Ferreira