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Nomad Son - "The Darkening" Review


Terceiro álbum da banda de heavy/doom tradicional de Malta, que começa em grande estilo com "Light Bearer", uma das apostas da Metal On Metal, aposta essa que não se mostra gorada no que à facção da velha guarda do som sagrado - mais perto da génese do estilo do que da vaga de heavy / power metal europeia do final da década de noventa/início do novo milénio. No entanto, a inclusão de teclados só torna o seu som mais original e interessante, principalmente da forma como usado - na sua maioria parecem sons de orgão tradicional que poderá trazer alguma estranheza inicialmente mas a forma como se integra facilmente (e de forma orgânica) no som da banda, acaba por fazer todo o sentido. "Age Of Contempt" é o exemplo perfeito da forma como o orgão acentua ainda mais o poder que as composições já têm naturalmente, tendo direito até a um solo arraçado de Deep Purple, ressalvando as distâncias entre as duas entidades e músicos, respectivamente.

É esta mistura entre heavy metal e doom clássico, com este feeling hard rock que faz com que este álbum soe tão bem, no entanto há apenas uma questão que não favorece o resultado final: a produção. Tudo bem que o som é orgânico, sujo e visceral, como se quer no heavy metal. Num tempo aem que é tudo digital e plástico, é refrescante este tipo de proposta. A questão é que a guitarra acaba por não ter o poder que poderia ter com um som mais forte, acabando por "enlamear" a mistura. Esse factor é mais notário numa faixa como "The Devil's  Banquet", em que se tem passagens de guitarra sem distorção para com distorção e há um certo sabor que ora soa a vintage, ora soa a produção caseira. Esta é mesmo uma questão menor porque quem gosta do som sagrado da velha guarda, não se importa. Na referida canção, o ambiente macabro que se cria é de tal forma intenso, que a questão do som das guitarras é mesmo das últimas coisas que passarão pela cabeça.

Com grande parte das músicas com mais de seis minutos, não se pode dizer que o álbum tenham momentos aborrecidos, embora existam algumas faixas surpreendentes como a "Caligula", que tem um início creepy à la banda sonora de "O Tubarão", onde o orgão brilha verdadeiramente. Um ambiente assombroso e assustador que se torna viciante, conforme a faixa vai progredindo e escalando na sua intensidade, desaguando no riff que é doom até ao tutano. É também um dos grandes temas do álbum. "The Darkening" acaba por ser surpreendente na forma como se entranha logo às primeiras audições na cabeça do ouvinte. Uma banda que sem dúvida merece ser descoberta por todos aqueles que gostam do seu heavy metal arrastado, intenso e sobretudo... cru.
 
Nota: 7.5/10

Review por Fernando Ferreira