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Soulfly - "Savages" Review


É engraçado notar como é que a banda que foi formada a partir de algo traumático (a saida de Max Cavalera dos Sepultura em 1996) já tem neste momento quase vinte anos e este "Savages" é já o nono álbum. Uma marca impressionante. Mais impressionante foi o facto de Max ter conseguido criar "sozinho" (ajudado pelas centenas de músicos que já passaram pela banda) algo com um impacto tão grande ou maior como aquele que a restante banda que abandonou conseguiu atingir desde a altura da separação. Por muito que se queira, será sempre um alvo de comparação e a verdade é que se nos primeiros anos as coisas andavam equiparadas, com ambas as bandas a lançarem álbuns maus (Soulfly tem aquela coisa chamada "Back To The Primitive" mas os Sepultura não se ficaram atrás com o fraquíssimo "Nation", ambos produtos do seu tempo e para o bem de todos, devem ficar lá muito bem guardados), no entanto, aos poucos, a banda de Max começou a injectar uma dose saudável de metal e punk, sem outros elementos tóxicos na sua música e "Dark Ages", aproximou-os de todos os que estavam desencantados tanto com os Sepultura como dos Soulfly.

Tendo isto em mente, é com alguma preocupação que se começa a ouvir nas entrevistas promocionais de que este Savages seria um álbum que iria ter os momentos mais violentos e pesados da banda, em conjunto com um certo groove perdido nos últimos álbuns, o groove dos primeiros álbuns que não fez saudades nenhumas ao mundo, mas se calhar, e até é compreensível, era uma vertente que Max tinha saudades de explorar. No entanto, considerando que o último Enslaved foi lançado o ano passado, também pode revelar um certo desleixo e mais preocupação em deitar algo cá para fora. A ver vamos. Não se pode dizer no entanto que este material seja assim divido assim tão linearmente entre músicas mais violentas e músicas mais perto da fase nu metal, embora seja, sem sombra de dúvida, que é o álbum mais variado de sempre dos últimos anos, talvez desde "Prophecy".

Tirando a brutal "Cannibal Holocaust", tudo anda à volta do mid tempo interessante ("Bloodshed","Fallen", "Master Of Savagery", "K.C.S."e "Soulfliktion"),o mid tempo aborrecido ("Bloodshed" e "This Is Violence") e o nu metal (termo que desde que nasceu se tornou um adjectivo depreciativo, representado aqui pela "Ayatollah Of Rock'N'Rolla", "Spiral" e "El Comegente" - que tem uma parte final a lembrar a música instrumental da praxe que desde "Enslaved" tem ficado exclusiva para as edições especiais). Muito resumidamente, é assim que "Savages" está estruturado. Como curiosidade temos o facto de ser o primeiro álbum com o filho de Max, Zyon, na bateria e o rapaz até nem se safa nada mal. Ainda conta com as participações vocais de Neil Falon (dos Clutch), de Jaime Hanks (dos I Declare War) e de Mitch Harris (dos Napalm Death).

É um trabalho que por mais audições que se lhe dediquem, soa sempre a desilusão. O facto de se apostar no groove faz com que Marc Rizzo não tenha tanto espaço para os seus solos, que quer queiramos quer não, foi um dos grandes motivos da qualidade que os álbuns da banda começaram a ter a partir do "Prophecy", primeiro álbum em que tocou. Um certo marcar passo (vamos acreditar e ter esperança nisso e não que este seja uma viragem e um novo rumo), que entretem mas não será certamente um álbum que se destacará na discografia do grupo.

Nota: 7/10

Review por Fernando Ferreira