About Me

Decayed - "The Ancient Brethren" Review


Há que admirar a persistência dos Decayed (que é o mesmo que dizer, a persistência de J.A., o eterno líder e único membro fundador presente na formação). Com centenas de mudanças de formação, mudanças condicionantes, a paixão pelo black metal nunca esmoreceu e nunca impediu que continuassem a lançar álbuns, uns mais marcantes que outros. 21 anos após o início de carreira, chegam ao nono álbum, uma marca que não deixa de ser impressionante - essa e a quantidade de lançamentos underground que a banda tem, desde splits a ep, compilações. Esse amor pelo underground é desde sempre a marca característica da banda que viu muitas que surgiram na mesma altura, muitas que surgiram depois, a terem maior sucesso por mudarem o seu som ou por tocarem um certo de som comercialmente mais favorável.

O black fucking metal, termo do qual já se tornou lema da banda, que tocam tem uma base simples - Venom. Se houver uma lista de influências gritantes na sua música, os Venom estão no topo da mesma. Claro que existem muitas mais vertentes, mas todas apoiadas naquilo que se entende por clássico e underground, portanto, o black metal tipicamente nórdico, é algo que não se encontra e nunca se encontrou - e atrevo-me a dizer, nunca se encontrará. É essa segurança que define por excelência a banda. Antes de se ouvir algo novo, já se sabe o que se vai encontrar. O que também poderá ser um ponto contra, já que quem não gosta, também já sabe que não vai gostar.

A questão que se coloca é se houve realmente algo que mudou com este nono álbum, lançado no final do ano passado, com uma formação nova mas de respeito: além de J.A. nas guitarras, ainda se tem Tormentor na bateria (dos Desaster) e Vulturius, no baixo e voz (dos Irae e também Morte Incandescente). Mudou a formação mas não se pode dizer que na prática tenha mudado o quer que seja. A distorção de guitarra continua a mesma de sempre, o baixo distorcido também, até a voz com reverb e ocasionais efeitos também. A única coisa que se nota alguma coisa é mesmo a bateria, que está bem mais orgânica e onde Tormentor brilha. E basta esse pequeno pormenor para dar um brilho diferente ao que seria apenas mais um trabalho dos Decayed - a bateria programada durante anos a fio não deixa saudades.

Acaba por ser um álbum que não desilude aqueles que sabem exactamente o que esperar daqui e que até é capaz de surpreender pela sua força. Talvez ainda um pouco longo demais mas mesmo assim com um saldo positivo no geral, que dignifica a carreira daquela que é uma das bandas mais antigas de black metal nacional.

 
Nota: 6.5/10

Review por Fernando Ferreira