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As Autumn Calls - "Cold, Black & Everlasting" Review


Com tanta banda de doom retro ou clássico (ou seja, aquele que parece que é feito pelos Black Sabbath) a lançar álbuns ultimamente, até parece que qualquer proposta de death/doom da nova vaga (ou seja, aquele tipo de doom que foi convencionado pelos Anathema e My Dying Bride no início das suas carreiras) pareça ou tenha sabor a proposta da velha vaga. É verdade que esse estilo de death/doom parece que está um pouco em desuso mas as coisas fora de moda não deixam de ter qualidade por estar fora de moda. É a história deste disco, que se revela apaixonante do início ao fim embora os de espírito positivo possam sentir que este percurso é um pouco longo demais, mas já lá vamos.

"Haunted" inícia este álbum em grande com um tema emotivo, melódico e simultaneamente, depressivo e pesado como tudo. Quando um tema de quase onze minutos tem este poder logo a iniciar o álbum, algo de especial espera o ouvinte. É este o impacto que o tema tem. Para os fãs de temas directos, se olharem para a duração das faixas, são capazes de se assustar. Sete temas e o mais pequeno tem seis minutos. É esta a forma de agir dos As Autumn Calls, preparar o terreno para o climax e nem que esse preparar de terreno demore uns bons cinco minutos. Aliando o uso do piano e de guitarras acústicas para criar um ambiente e atmosfera muito especiais - "Black Night Silent" é arrepiante, simplesmente arrepiante.

A arma forte do álbum é mesmo o facto de apesar da longa duração e apesar do estilo, as músicas têm dinâmica entre si de forma a conseguirem fazer com que este álbum seja um dos mais fortes que o género viu ser lançado nos últimos tempos. Se pegarmos por exemplo em "These Doleful Shades" e nos riffs pesadões que começam a brotar, depois de um início emocional e melancólico, para depois voltar com ainda mais força a essa melancolia. Força e intensidade. Que explodem mais uma vez. É uma montanha-russa emocional, tal como a própria vida em si. Tão precioso e poderoso como a vida em si.

Este é um trabalho que não deve ser ouvido apenas uma vez e ser posto de parte, este deve ser um trabalho que deve ser apreciado vezes sem conta para que se consiga apreciar na sua plenitude e daí pode residir a sua dificuldade. Qualquer pessoa que tenha o euromilhões se ouvir este disco vezes sem conta acabará inevitavelmente por pensar e sentir que... "Life Sucks!" É uma questão de perspectiva porque até uma obra de arte como esta que saiu do quarteto canadiano, melancólica e triste, poderá dar sentido à vida de muitos dos seus ouvintes por muitos motivos, sendo o principal a beleza e a pureza das emoções em forma de música, divididas em sete partes. Um grande álbum de death/doom, que já se tinha saudades de ouvir.


Nota: 9.3/10


Review por Fernando Ferreira