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Reportagem: Orphaned Land, Khalas, Klone e The Mars Cronicles @ Santiago Alquimista, Lisboa - 01-11-2013


Não podia haver melhor programa para o primeiro dia de Novembro, sexta-feira, para finalizar uma semana de actividade, do que estar presente naquele que foi - sem sombra de dúvidas - um dos melhores concertos deste ano que está quase a terminar.




Como primeira banda de abertura estiveram os gauleses The Mars Chronicles, uma banda relativamente recente, formada em 2012, que está a dar os seus primeiros passos e a tentar desbravar caminho internacionalmente. O quarteto pratica um metal alternativo com passagens djent e até teve uma recepção muito aceitável por parte dos presentes, mostrando competência a nível técnico e algumas boas ideias musicais. Destaque para o último tema tocado, "Hell is Born", que nos pareceu o melhor dos que foram apresentados no concerto.



Também franceses, mas muito mais experientes e rodados nas lides do metal, os Klone mostraram desde início que não vieram para brincadeiras. Formados em 1995, com quatro álbuns na bagagem, muita qualidade e ainda sem o reconhecimento merecido fora de portas, terão ganho certamente um bom número de seguidores e curiosos em conhecer melhor a banda, neste concerto no Santiago Alquimista, devido a uma actuação intensa e extremamente competente de um colectivo com boa presença em palco e excelentes temas para apresentar ao vivo. Uma das melhores da noite foi a faixa título do álbum "All Seeing Eye" que, para quem não sabe, conta originalmente com a presença de Joe Duplantier, dos também franceses Gojira, como convidado. Já que falamos em Gojira, estes são, de facto, uma boa referência para quem quer saber como é a sonoridade desta banda, assim como os Tool, mas os Klone estão longe de ser mais um clone. O segundo melhor concerto da noite terminou em grande, com uma arrepiante cover de "Army Of Me", da islandesa Bjork.



Os Khalas são uma interessante banda palestiniana. O colectivo do médio oriente mescla com uma naturalidade impressionante, sonoridades árabes com riffs rock e metal. Têm uma boa oportunidade nesta tour para se tornarem mais conhecidos na Europa e, pelo menos nesta data, terão agradado uma boa parte dos presentes, servindo como uma boa preparação para a banda que todos esperavam. A música dos Khalas pode não ter a profundidade dos Orphaned Land, mas a banda cumpriu bem a tarefa de entreter os presentes, transportando o público pela primeira vez na noite, para um ambiente oriental. "Amona", "Haz El Adala" e "Bdek Za'afe" foram alguns dos temas que divertiram os espectadores que por esta altura já enchiam a sala à espera dos reis do metal oriental.




Foi mesmo com lotação esgotada que, merecidamente, os fãs receberam os Orphaned Land no Santiago Alquimista, para satisfação da genial banda israelita. Kobi Fari destacou, a meio do concerto, que foi a terceira vez que pisaram aquela sala de espectáculos e que cada vez que regressam, a mesma se apresenta mais cheia. Antes de iniciar o tema "Brother", Kobi disse que: "nesta tour estão a partilhar o palco com duas bandas francesas e uma palestiniana: cristãos, judeus e muçulmanos, que partilham a melhor religião do mundo que é a música e o heavy metal", discurso aplaudido de imediato pelo público. O concerto era de apresentação do bem recebido "All Is One", lançado este ano, por isso foram tocados vários temas deste trabalho, com destaque para "All Is One", "Simple Man", a acima referida "Brother" e "Children", uma música dedicada às crianças da Síria, que sofrem devido à guerra civil no seu país. Os temas mais emblemáticos do conjunto de Israel também não foram esquecidos para contentamento de um público completamente rendido à sua performance. As obrigatórias "The Kiss of Babylon (The Sins)", "Birth of the Three (The Unification)", "Sapari" e "Ocean Land (The Revelation)" percorreram um concerto em que o público e banda foram apenas um. A actuação culminou num encore que contou com a velhinha balada "The Beloved's Cry", um dos momentos mais calmos da setlist, seguido de um dos mais mexidos, com a exótica "Norra el Norra (Entering the Ark)" e terminando com a parte final de "Ornaments of Gold". Foi um memorável concerto, que deixou os presentes mais do que satisfeitos e sem palavras perante aquilo que acabaram de ouvir e sentir.



Texto por Mário Santos Rodrigues
Fotos por Tiago Barbas
Agradecimentos: 13th Night Events & Promotion