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Drawers - "Drawers" Review


A potência com que "Once And For All" irrompe pelas colunas a fora é impressionante, uma urgência sonora em forma de sludge stonerizado que se revela viciante que cria expectativas para os temas seguintes que são completamente baralhadas pela entrada matadora de "Mourning" e pelo seu tom intenso e uso de mais algumas sensibilidades que a faixa anterior - tal como alguns riffs em tremolo picking que ficam sempre bem para adicionar intensidade dramática. Ao terceiro ataque (leia-se faixa) já não há mais surpresas. Já se sabe que a música é boa e que a única solução é baixar a guarda e apreciar.

Isto para quem não conhece os franceses Drawers da sua estreia com o EP "This Is Oil" em 2008, ou o primeiro álbum de originais em 2011, "All is One", sem esquecer o split com os Hangman's Chair em 2012, que podem ficar na dúvida daquilo que vão encontrar. Para quem já os conhece dos referidos lançamentos já sabe que Mastodon, Red Fang e os Baroness são bons indicadores e que a qualidade é garantida. Mesmo assim, os franceses não quiseram encostar-se a uma fórmula segura, testada por si e pelos outros, arriscando um pouco mais neste segundo trabalho, pondo de parte as inflencias mais descaradas, despindo ainda mais a sua música mas simultaneamento, tornando-a mais orgânica. O facto de ter sido gravado ao vivo no estúdio também colabora a que esse objectivo tenha sido atingido.

Um álbum impressionante pela sua visceralidade e coesão. É apenas meia hora, o que obriga a que o botão do repeat seja usado, para que se possa ouvir em loop. Coisa que acontece sem risco de enjoo. Uma das grandes surpresas deste início de ano e que agradará a todos os que gostam de música intensa, crua, sem truques e com muita energia. Voz forte, baixo com groove, bateria impiedosa e duas guitarras, que mesmo sem exibicionismos, brilham. De certeza que se vai ouvir falar ainda mais deste quinteto, este álbum aponta nesse sentido.


Nota: 8.4/10

Review por Fernando Ferreira