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Murmur - "Murmur" Review


Segundo álbum da banda norte-americana de black metal que, como tem sido normal das propostas norte-americanas, não emprega as fórmulas mais comuns do estilo, mas que destilam negritude, disso não existem dúvidas nenhumas, não receando fazer uso da experimentação para atingir esse fim. E caso existam, basta pegar neste álbum auto-intitulado e ouvir ao longo da sua quase hora de duração, tentar suportar a desolação e a claustrofobia que transmite. Seja pelos riffs invulgares e abrasivos ou pela abordagem vocal intensa e desagradável (no bom sentido), seja por um certo sentido progressivo que se torna desconcertante - logo na "Water From Water", faixa de abertura, temos um bom exemplo disso - seja pela repetição de riffs que criam uma espécie de mantra sónico que vai crescendo dentro do ouvinte.

Claro que na maior parte das vezes, isto significa que não é música para qualquer ouvido, que seja facilmente assimilada, principalmente quando os elementos jazzy e os compassos marados dominam. O épico de onze minutos "Al-Malik" é um grande argumento mas caso não chegue, basta a rendição do clássico dos King Crimson que fecha o álbum, "Lark's Tongues In Aspic" para retirar todas e quaisquer dúvidas. Por esta pequena abordagem se pode concluir de que não será o álbum que os fãs do género trve mergulhem de imediato. Não há garantias que, mesmo ouvindo com teimosia, se consigam converter. Acaba por ser também esse o seu grando trunfo.

Surpreender, fazer com que se espere apenas o inesperado mas sobretudo, a viagem ao passado, um passado mais experimental, em que o rock progressivo era selvagem e capaz das maiores loucuras que a mente humana se lembrava. Em termos musicais, é esse o espírito que impera aqui e que faz com que este álbum seja um grande álbum de música, independentemente do estilo que falamos. Não é fácil, não é imediato, não é simples, nem tão pouco bonito (por acaso a instrumental "Recuerdos", é bonita, simples, pouco bonita, fácil, complicada, imediata e não imediata). É o oposto de tudo, o que faz com que seja quase perfeito.
 

Nota: 9/10

Review por Fernando Ferreira