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Malevolence - "Antithetical" Review


É muito bom e não assim tão frequente ouvir um disco em que todas as peças de cada música assentam na perfeição dentro da estrutura da mesma. É daquelas coisas que dá vontade que também se aplicasse a muitas outras situações da vida, ou, pelo menos que acontecesse com mais frequência no meio musical.

Os Malevolence já fazem parte do panorama do nosso underground desde o início da década de 90, onde o trilharam lado a lado de bandas que compartilham com eles o estatuto de veteranos como os Decayed ou os já extintos Thormenthor. Para muitos, o grupo de Leiria já é um velho conhecido e, mesmo para os que os conheceram nos últimos anos, existia o receio de que a banda desaparecesse durante o seu longo período de paragem no início deste milénio, dois anos depois de terem lançado o muito bom “Martyrialized”, em 1999. Mas os Malevolence acordaram da sua hibernação na terceira edição do Vagos Open Air prontos para regressarem aos palcos e gravarem o aguardado sucessor de “Martyrialized” – este “Antithetical” que surgiu nos últimos meses do ano que passou.

A primeira coisa a notar em “Antithetical” é que o lado mais técnico e bruto dos Malevolence está mais presente em comparação às harmonias que proliferavam no seu álbum anterior, tendo em mãos um registo mais frio e industrial, mas de qualidade igualável. Para manterem a excelência, o grupo teve como baterista de sessão Dirk Verbeuren, dos Soilwork e The Devin Townsend Project, como engenheiro sonoro Victor Santura (guitarrista nos Triptykon e Dark Fortress) e, talvez o mais importante, uma boa dose de criatividade e boa composição nos sete temas do disco. Abrindo com a malha rápida que é “Slithering”, os Malevolence tomaram o cuidado para que nenhum minuto do álbum fosse deixado ao acaso, tendo cada tema a sua própria identidade e existindo a ocasional, mas bem calculada, aparição de elementos sinfónicos como no tema-título e no final de “Equilibrium In Extremis”.

Oxalá muitas bandas conseguissem fazer comebacks como este aqui. É um excelente disco de death metal e uma prova que, após estes anos, os Malevolence são e querem continuar a ser um dos grandes vultos do underground português.

Nota:  9.1/10

Review por Tiago Neves