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Mortals - "Cursed To See The Future" Review


E que tal uma girls band que toca uma mistura podre de black metal com sludge? Inesperado? Não totalmente, já que a banda anda por aí desde 2009 e este é já o seu segundo álbum, havendo, no entanto, espaço para surpresa, já que só agora chegaram a este estilo, sendo que no primeiro trabalho, a orientação era mais para o punk e hardcore do que propriamente para o black metal. Mas mesmo que se tratasse de uma injustiça e realmente o pessoal andasse a dormir, não haveria problema, este “Cursed To See The Future” serviria perfeitamente de despertador, como se fosse um sino de vinte toneladas a tocar no quarto onde se dorme tranquilamente. Tal despertar poderia revelar-se violento mas até há um certo encanto nostálgico no mesmo, um certo elemento… clássico. 

Já aqui foi falado da tendência para surgirem colectivos a lançar grandes trabalhos de black metal do estado de Nova York e as Mortals é mais uma banda que comprova a regra. Juntando o encanto próprio do black metal escandinavo – principalmente aquele mais cru e decadente que os primeiros trabalhos dos Darkthrone no novo milénio são um bom exemplo – e a podridão dos primeiros álbuns dos Death, Autopsy e Possessed e um feeling muito High On Fire pode dar algo bastante aproximado ao que se pode ouvir por aqui e mesmo assim, poderá não ser totalmente correcto, como qualquer comparação que se preze. Em seis faixas longas, a banda consegue transmitir várias facetas, todas elas tendo em comum o peso e o factor negro indo das mais black metal como “Devilspell” (que tem um breve trecho bem doom) até à mais compassada de todas, mais doom “Anchored In Time”.

O poderio deste trabalho é de tal ordem que até parece mentira que se trate de um power trio – um formato que ou resulta muito bem, ou fica-se sempre com a sensação de que falta algo. Pois aqui, tudo se conjuga na perfeição, tudo resulta de forma perfeita inclusive a produção, que se enquadra perfeitamente com o que se pode ouvir. Não é a produção perfeita, mas ajuda em muito a elevar ainda mais o efeito que as seis músicas possam ter sobre todos os aficionados. Dinâmica, potência, negritude e uma banda que têm um potencial enorme, numa cena que parece inesgotável na qualidade através de uma editora que raramente falha. É tudo bom.

 
Nota: 8.9/10

Review por Fernando Ferreira