About Me

The Shell Collector - "Medusa" Review


O que é que se espera encontrar quando a capa de um álbum é estranha, o artwork é estranho e até o nome da própria banda é estranho? Música estranha ou prepotente, armada ao pingarelho? É estranho saber sem ouvir a música porque também será arrogante julgar algo ou alguém sem primeiro sequer confirmar se as razões para esse julgamento se confirmam. As voltas e reviravoltas da faixa de abertura, "The Mean" deixam o aviso mas mesmo assim é possível ficar bem agradado com a melodia meio alternativa meio progressiva que se consegue ouvir. É esquisito, é certo, mas mesmo assim, nada de inalcansável para o comum dos mortais.

Com "Amber" chegam os elementos electrónicos, que se revelam ainda mais presentes na "Take Your Time", na "Common Superstar System" e principalmente na "My old Titanic Panasonic Tapedeck". Talvez estes façam revirar os olhos dos mais tradicionalistas, mas também, não será a esses que esta estreia se destina. O duo italiano, composto por Enrico Tiberi e Manuel Coccia, estando o primeiro encarregue da voz, guitarra, piano e sintetizador enquanto o segundo fica a cargo do baixo e dos coros (os restantes instrumentos ficam a cargo de convidados/músicos de sessão, faz uma salada russa que poderá soar indigesta juntando no mesmo tacho Massive Attack, Pearl Jam (pós "Vitalogy"), Marillion (pós-Phish), Radiohead, entre outros nomes inesperados. E resulta, pelo menos na maior parte das vezes. Inesperadamente, as faixas que têm os elementos electrónicos não estão entre as mais fracas.

O espírito progressivo, aliado dos elementos e do elemento alternativo faz com que a música dos The Shell Collector seja estranhamente apelativa, principalmente por estar ligado pela voz de Enrico, que tem um timbre muito bom e que resulta em pleno neste som. Comparado com certas bandas que por aí andam de "rock", este projecto acaba por ter tanta ou mais validade, mas exige bem mais do seu ouvinte do que um álbum de qualquer um deles e é capaz de ser esse o impedimento comercial. Felizmente, aqueles que apreciam e encontram a música independentemente se ela passa na rádio ou não, esse não é um problema. Para a banda em si, é capaz de ser aborrecido não ver o seu talento reconhecido, mas nada é perfeito. Grande surpresa, álbum estranhamente viciante.


Nota: 8/10

Review por Fernando Ferreira