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Triptykon - "Melana Chasmata" Review


Falar de Tom G. Warrior é hoje em dia falar de uma lenda viva do metal. Um epíteto que faz cada vez mais sentido na medida em que o homem continua a lançar material acima da média, ao invés de ficar à colher os louros de um passado já algo distante, lançando de vez em quando reedições de Morbid Tales ou uns quantos best offs. Melana Chasmata é um disco que vem assim reafirmar essa premissa, mas acima de tudo estabilizar, e acabar com qualquer dúvida (se é que as havia), sobre o verdadeiro potencial destes Triptykon.

Por certo que Melana Chasmata não é de todo uma quebra abrupta com o a estreia Eparistera Daimones, se tanto é a continuação lógica do mesmo, num conceito sonoro que começou com Monotheist o disco, com o qual os Celtic Frost fizeram as pazes com os fãs. Mas parece ser um extremar ainda mais da sonoridade evidenciada nesses discos. A sujidade das guitarras remete-nos para Sabbath e por vezes até mesmo Electric Wizard, especialmente aquando das longas divagações sonoras, em que os lentos riffs quase primitivos conseguem ter um efeito hipnotizante, especialmente quando repetidos quase à exaustão, com é o caso do épico Black Snow.

Por outro lado Tree of Suffocating Souls e Breathing, na onda de A Thousand Lies do disco anterior, lembram-nos que ainda há muito de black metal em Triptykon embora este seja essencialmente um álbum de doom. Até o ultra-romantismo de Boleskin House e In the Sleep of Death provam-nos que mesmo quando entram numa toada mais gótica (à falta de melhor expressão), a banda fá-lo de forma ímpar e convincente.

Melana Chasmata é portanto a prova viva de que a alma de Tom. G. Warrior continua bem negra. Fica no entanto a dúvida se será este o caminho a correr no futuro dos Triptykon, o que a acontecer não são de todo más noticias. Afinal de contas as grandes mudanças sonoras do músico não deixam grandes saudades (irónico tendo em conta que se fala de uma das pessoas que mais barreiras quebrou e portas abriu em termos de inovação no metal).

Para o final uma mensagem de pesar, pois a capa deste disco foi uma das últimas criações assinadas pelo malogrado H.R Giger (falecido no passado mês da Maio devido a uma queda). Um artista cujos trabalhos tinham tanto de genial como de excêntrico. E embora não tenham sido em grande número as suas obras no campo do sleeve design, fica para posterioridade trabalhos como Heartwork, o polémico poster de Frankenchrist, How The Gods Kill e claro porventura a sua mais genial criação…To Mega Therion. Paz à sua alma.

Nota: 9/10

Review por António Salazar Antunes