Os Hour of Penance merecem o reconhecimento que têm e muito mais, trabalham que se fartam, são músicos por excelência e incansáveis no que diz respeito a levarem a sua música para a frente. Com 15 anos de actividade já levam seis trabalhos de originais feitos e não me parece que fiquem por aqui. Este “Regicide” é a sua última proposta e não há muito para dizer, é um álbum, a meu ver, típico destes Italianos, furioso, onde o descontrolo está seguro por finos, mas resistentes fios de aço, maciço e impenetrável, como um bloco montanhoso, tal é a consistência musical exibida e melodiosamente sinfónico porque a secção rítmica encaixa na perfeição na orquestrada. Isto é levar a música a um escalão superior, procurar quebrar o padrão e criar as suas próprias regras. Bem sei que existem outras bandas com esta dimensão, mas os Hour of Penance têm que passar a ser incluídos, sem margem para dúvidas, nele, sempre que tais qualidades forem mencionadas.
È difícil fazer uma review para este “Regicide” porque não há nada desarrumado, fora do sítio ou até mesmo de novo. Mas há algo a mais que tem a ver com a sinceridade com que toda esta matemática musical é elaborada. A massa pode ser consistente, mas é transparente e é por isso que estes 11 temas são letais, até o intro “Through the Triumphal Arch” não escapa porque acaba por representar o impulso para tudo o resto. “Reforging the Crowns” massacra com o início da bateria, “Desecrated Souls” dá continuidade a este ímpeto, não se descansa, tal é a cacofonia dos Hour of Penance, “Resurgence of the Empire” arrasta-nos para um precipício onde a dúvida entre o saltar ou o permanecer parado, à espera de sermos esmagados, permanece e podia continuar a dar exemplos até vocês lerem o álbum em vez de o ouvir. Como o espaço é outro, fica mesmo a sugestão, oiçam o “Regicide” e dêem o vosso voto de confiança aos Hour of Penance!
Mas não pensem que a review termina por aqui, ainda há para dizer que a diferença entre mecanizar a música e a de fazê-la a metro está na qualidade dos pormenores, não só ficam mais fáceis de ouvir, independentemente da sua complexidade, como também sabem bem ouvir. Por outro lado, há uma notória preocupação para que essa informação chegue aos ouvidos do ouvinte e isso demonstra o interesse da banda em querer ser entendida, sem dificuldade nenhuma. Uma opção feita pela maturidade e com o desejo de ser reconhecida como o artista exclusivo deste conjunto de músicas. “Regicide” é tudo isto e muito mais, por isso arrisquem porque nem tudo o que é moderno tem este espírito orgânico e considerando a oferta actual, posso garantir-vos que os Hour of Penance estão ao mais alto nível!
Nota: 9/10
Review por Pedro Pedra
