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Saison De Rouille - "Deroutes Sans Fin" Review


Há muito tempo que não aparecia uma banda de metal industrial que fosse desconfortável. Quando se diz que certa banda é metal industrial, chega-se à conclusão que a parte do industrial está destinada a batidas dançantes e a um feeling que induz mais a pistas de dança do que propriamente ao âmago do estilo, que é aquela propriedade maquinal e fria. Estes franceses Saison De Rouille conseguem capturar esse sentimento perfeitamente e ainda lhe juntam um sentido de complexidade próprio dos seus conterrâneos Deathspell Omega nos bons tempos. Não existem aqui batidas bonitas ou mesclas catchy. Não, do início ao fim, "Deroutes Sans Fin" é feio, escuro e desconfortável, como que uma prisão minimalista num futuro apocalíptico qualquer.

Para esse efeito muito ajuda a batida maquinal, o baixo distorcido (não muito, apenas o q.b.) e as guitarras dissonantes, que estão sempre omnipresentes. Tudo junto com a voz gutural a lembrar o que parece ser a mistura entre os dias mais agrestes do Adolfo Luxúria Canibal dos Mão Morta e o resultado de uma noite de bagaço de Jeff Becerra dos Possessed faz com que este álbum cause um efeito de amor-ódio do qual não se consegue livrar rapidamente. Apesar de algumas faixas um pouco mais ao lado, como a profeticamente intitulada "Impasse", o álbum é sólido e refrescante ao mesmo tempo.

Ao segundo álbum, já existe por aqui experiência suficiente para que este trabalho não seja um simples acaso do destino ou um golpe de sorte. Até mesmo nas faixas (supostamente) mais fracas existe sempre um elemento ou outro a que obriga a que se volta à mesma mais tarde. Com as três primeiras faixas a funcionarem como uma só e com as restantes interligadas de forma bastante coesa entre si, este será um das boas surpresas deste ano no que diz respeito ao metal industrial, agradando de certeza também aqueles que gostam de industrial sem ser misturado com o som sagrado. "Romances" é o ponto alto de um trabalho que vale sobretudo pelo seu todo.


Nota: 7.9/10

Review por Fernando Ferreira