Depois da passagem de Orange Goblin pelo Milhões de Festa, em 2013, é difícil voltar a escutar o grupo sem pensar no seu poder avassalador em palco. Muitas vezes o disco de estúdio que se segue acaba inferiorizado com a comparação ao concerto, mas este não é o caso: “Back from the Abyss” mantém a linha de trabalhos anteriores e mostra como este é, hoje, um dos maiores nomes da música que se faz na Inglaterra, pese a sua menor visibilidade em festivais de maior monta, dominados por agências com outro poder financeiro para vender um grupo.
Só por “Sabbath Hex”, “Back From The Abyss” já vale a sua aquisição, mas a continuação de “A Eulogy for the Damned” - de 2012, também com produção de Jamie Dodd - revela, tal como no trabalho anterior, uma formação que aprendeu a sair de um gueto musical e, sem se comprometer, abraça hoje o Heavy Metal mais generalista, transformando as suas influências num som que os define e diferencia. É por isso que umas guitarras maidenianas como em “Heavy Lies The Crown” podem coexistir no mesmo disco que “The Devil’s Whip” onde escutamos um tributo a “Ace of Spades” dos Motorhead. A diversidade prossegue em “Into the Arms of Morpheus” um tema mais lento, algo hipnótico, em jeito de elogio ao valium.
No fundo, de apreciadores de um som retro, estes britânicos evoluem para um som que está hoje bem mais popular que nas duas últimas décadas: O Heavy Metal com guitarras no volume máximo, melodia, refrões fáceis e uma energia como só este estilo sabe ter. Perto de completarem os vinte anos de carreira, os antigos Our Haunted Kingdom, hoje conhecidos como Orange Goblin, tem aqui o seu oitavo álbum de estúdio, mais um excelente disco do quarteto que se revela imprescindível na história do Metal britânico deste novo século.
Nota: 8/10