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Reportagem: Epica, Dragonforce e Dagoba @ Paradise Garage, Lisboa - 29/11/2014


Foi numa das noites lisboetas mais gélidas dos últimos tempos que os holandeses Epica regressaram a Portugal, depois de terem pisado o palco do Vagos Open Air 2014. Consigo trouxeram convidados bastante especiais: os ingleses Dragonforce e os franceses Dagoba. A abertura de portas do Paradise Garage estava marcada para as 19h30 mas, felizmente, foi antecipada, possivelmente pelo frio que se fazia sentir e pela enorme fila de pessoas que já esperavam pelas três actuações da noite.

Às 20h00 em ponto, como estava planeado, o espectáculo teve início com a actuação dos Dagoba. Sendo um género musical mais pesado relativamente às duas bandas que se seguiam, o que poderia suscitar algumas dúvidas por parte de quem não apreciava o género ou desconhecia o trabalho da banda, a verdade é que os franceses esforçaram-se por interagir com o público desde o início do concerto, algo que foi retribuído pelos portugueses. O vocalista Shawter chegou mesmo a dirigir-se às grades, para estar mais perto do público. Embora com tempo limitado (cerca de 30 minutos), os Dagoba fizeram levantar muitos pés do chão, dando lugar a dois circle pits respeitáveis ao longo do concerto. Terá sido no tema “When Winter…”, do seu último registo, “Post Mortem Nihil Est” (2013), que a actuação dos franceses teve o seu auge. Um bom aquecimento para os dois concertos que se avizinhavam.

Desde a última actuação dos Dragonforce em Portugal, ocorrida em Novembro de 2012, os ingleses lançaram um novo álbum, “Maximum Overload” (2014), e tiveram uma mudança na sua composição: Dave Mackintosh decidiu sair da banda, e o lugar de baterista foi preenchido posteriormente por Gee Anzalone. Os ingleses entraram em palco com um dos seus temas mais antigos, “Fury Of The Storm”, que rapidamente gerou entusiasmo por parte do público. No entanto, verificou-se que em certos momentos, ao longo do concerto, os vocais nem sempre estiveram no seu melhor, comparativamente a actuações anteriores. Seguiram-se três temas do novo trabalho, “Three Hammers”, “The Game” e “Symphony of the Night”, que provaram resultar bastante bem ao vivo, como seria de esperar. No entanto, foi notório que os novos temas ainda não eram conhecidos por uma parte do público, gerando uma certa contradição entre os fãs. Por um lado, os fãs mais ávidos entoavam as letras como se conhecessem aqueles temas há anos; por outro, houve um momento de alguma estagnação no espectáculo por parte daqueles que não conheciam o álbum tão bem. Algo que se resolveu assim que os ingleses apresentaram “Cry Thunder”, do álbum “The Power Within”. Foi a partir deste momento que tanto o público como os Dragonforce se soltaram completamente, havendo lugar às habituais brincadeiras entre os membros da banda. De notar que um problema técnico impediu que os músicos tocassem durante uns momentos (Herman Li brincou: “I can’t play electric guitar without electricity!”), situação que foi ultrapassada por um solo com o novo baterista, que se mostrou bastante competente ao longo da actuação. Nos dois últimos temas do concerto, “Valley Of The Damned” e “Through The Fire And Flames”, percebeu-se que tanto a banda como os fãs estariam dispostos a prolongar a actuação. No entanto, pelo tempo que tinham disponível, os ingleses despediram-se após 40 minutos de actuação. Novamente, demonstraram que os portugueses estão sempre prontos para um concerto de Dragonforce, esperando-se que regressem num futuro próximo, preferencialmente em concerto próprio.  

Foi a vez dos holandeses Epica pisarem o palco, para aquele que seria o concerto mais aguardado da noite. A banda trouxe consigo o álbum “The Quantum Enigma”, lançado em Maio do presente ano, sendo também o primeiro trabalho com o novo baixista da banda, Rob van der Loo. O concerto foi dividido por 14 temas, sendo seis dedicados ao novo registo: "The Second Stone", "The Essence of Silence", "Natural Corruption", "Chemical Insomnia", "Victims of Contingency" e "Unchain Utopia". Mais uma vez, os novos temas soaram bastante bem ao vivo. No entanto, neste caso, a grande maioria dos fãs estava bastante familiarizada com o novo registo. Todos os membros da banda se mostraram bastante comunicativos ao longo do espectáculo, pedindo ao público que levantassem os braços ou que cantassem certas partes dos temas. A própria vocalista Simone Simons mostrou-se mais descontraída do que é habitual, gritando muitas vezes por “Lisboa” e estando bastante cúmplice dos seus colegas. Houve lugar a revisitar alguns dos temas mais antigos da banda, como é o caso de “Cry For the Moon”, do primeiro registo dos holandeses, “The Obsessive Devotion”, “Sancta Terra e “Fools of Damnation” (um dos temas que gerou mais aplausos, e que nem sempre é tocado ao vivo), do terceiro registo. Foi em “Design Your Universe”, tema-título do quarto álbum da banda, que Simone aconselhou os seus fãs para que seguissem sempre os seus sonhos, momento que voltou a mostrar um lado empático da vocalista. Do mesmo álbum, também foi tocada a bastante conhecida “Unleashed”. Um dos melhores momentos da noite esteve a cargo do baterista Ariën van Weesenbeek que, para além de ter presenteado os fãs com um solo bastante aplaudido, ainda os deliciou com algumas frases curtas em português, despedindo-se com “tchau e beijinhos” e gritando com o público “Portugal olé!”. O álbum “Requiem for the Indifferent” (2012) esteve apenas representado por “Storm The Sorrow”, provando que os Epica dão tanta relevância aos temas mais antigos como aos mais recentes. O concerto, que apenas pecou por nem sempre se ouvir a voz de Simone como seria merecido, terminou com o “tema clímax” para este efeito, segundo a própria: “Consign to Oblivion”, que deixou os fãs sedentos por mais, uma vez que não pararam do início ao fim da actuação. Os holandeses mencionaram no espectáculo que não se importariam de actuar em Portugal a cada mês. Quem sabe se não teriam sempre casa cheia, como aconteceu nesta noite.



Texto por Sara Delgado
Fotografia por Paulo Tavares
Agradecimentos: Prime Artists