Os Harpe são a entidade musical que mascara o talento de Bertrand Vorpe. Mascara mas não muito bem, já que ele é bastante evidente, mesmo que não seja propriamente de fácil digestão, principalmente quando mete ao barulho a parte da electrónica e do trombone. Sim, trombone. Se em “Frames”, somos embalados e encantados pela viola acústica e voz de Vorpe, à boa maneira cantautor, já a seguinte “The Wrong World” nos traz algo mais mexido e próximo do pop, que até resulta muito bem.
A depressiva “And We Are So Happy” surge para contrabalançar para mostrar a versatilidade do músico e a dinâmica do disco, mesmo que seja um tema que possa fazer franzir a sobrancelha aqueles que não têm tanta tolerância a coisas mais experimentais. O lado mais acústico e leve volta com “Hopes And Jokes”, acompanhado com uma batida electrónica que sinceramente não fazia falta nenhuma, embora a adição do trombone seja de valor. Com “New Heroes” temos mais um momento electrónicodepressivo, que nos dá um misto de Sigur Rós e Portishead.
“The Dreamer” junta o lado acústico com o depressivo, numa música que também tem o seu quê de Radiohead, enquanto a “Can I Talk To You” poderá lembrar um pouco Syd Barrett adaptado aos tempos modernos e com um trombone e batida – ou seja, irritará aquele que tiver o seu sangue rock a ferver. “Everything Is Under Control” é um interessante álbum mas que não passa disso mesmo. Dificilmente terá argumentos para garantir mais audições do que as duas primeiras.
Nota: 6/10
Review por Fernando Ferreira
