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Nightwish - "Endless Forms Most Beautiful" Review


Dois foram os sinais que fizeram de "Endless Forms Most Beautiful" um dos mais antecipados discos da carreira dos Nightwish.

Primeiro: "The Life and times of Scrooge", a banda sonora que Tuomas Holopainen lançou o ano passado, e que provou acima de tudo que o compositor continua num excelente momento de forma, resultando em algumas das melhores melodias alguma vez por si compostas.

Segundo: O estrondoso DVD editado há dois anos "Showtime, Storytime". Nele se pode observar Floor pegar nas linhas vocais dos temas antigos moldando-as assim à sua maneira, empregando então vida e emoção onde antes se ouvia uma fria Tarja, bem como força e alcance onde outrora uma tímida Anette arduamente se esforçava por conseguir manter o tom. Mas ao mesmo tempo conservando tudo o que de muito bom, tanto a finlandesa como a sueca deram à música dos Nightwish. Foi como se todas estas músicas tivessem sido feitas para a voz de Floor Jansen, e com isso os Nightwish terão porventura conseguido o melhor registo editado ao vivo alguma vez feito por uma vocalista neste subgénero.

E com isto, fica então a pergunta, consegue este oitavo disco da carreira dos Nightwish suceder a tão elevadas expectativas? Considerando os temas de avanço, e as primeiras audições integrais do álbum, a resposta é um rotundo não. Demasiado suave, pouco bombástico, alguns refrãos infantis, e acima de tudo pouco espaço para Floor mostrar o que realmente vale. Fica no entanto a ideia de ser um álbum complexo, mais que não seja por estarmos na presença de uma composição de 24 minutos, perfazendo um total de quase 80 minutos de música na rodela. Por essa razão, e por ser a banda que é, quase que somos obrigados a dar um pouco mais de tempo a "Endless Forms Most Beautiful", e como seria de esperar algo vai mudando conforme as audições se vão multiplicando, até chegarmos a inevitável ideia de que Tuomas Holopainen é um génio, e que este é provavelmente o melhor disco dos Nightwish até então.

Desde já fica o aviso, mesmo não sendo um álbum conceptual, pelo menos no sentido rigoroso da palavra, os temas de "Endless Forms Most Beautiful" quase que exigem ser ouvidos pela ordem por que foram idealizados. E é assim que muitos deles, que individualmente aparentam não ter especial relevância, ganham toda uma nova substancia. A incursão folk bem uplifting de "My Walden" resulta porque antes ficamos emocionalmente devastados com a arrepiante balada "Our Decades in the Sun".

Tal como o frágil e orelhudo "Élan" é o ponto de paragem perfeito entre os dois temas mais pesados do disco, "Weak Fantasy" e "Yours is an Empty Hope". Esta variação de estados de espírito chega mesmo a passar-se na mesma faixa, "Alpenglow", onde o alegre inicio e o melancólico refrão são unidos por uma ponte que eximiamente faz a quebra emocional, num tema tipicamente Nightwish. E o que é "Shudder before the Beatiful" senão a anunciação perfeita de uma viagem de cariz épico e emocional? Algo que de certa forma também se pode aplicar ao instrumental atmosférico "The Eyes of Sharabat Gula", que precede o incrível "The Greatest Show on Earth", que para ser descrito precisaria de uma review à parte. Até certo ponto "Endless Forms Most Beautiful" não nos apresenta uma Floor como força da natureza como a conhecemos, mas sim uma vocalista ainda mais versátil, especialmente quando a música pede para ser mais retrospectiva ou emocional. E claro, como sempre…she nails it.

Resta ainda falar das contribuições de Troy Donockley (agora membro integrante da banda), que com a sua miríade de instrumentos consegue dar um cariz folk muito próprio a algumas destas composições, bem como o distinto professor Richard Dawkins (quem diria?), como narrador destas novas divagações de Tuomas Holopainen nos campos da astronomia e da biologia.

Talvez o grande propósito deste disco seja ainda o de parecer antever algo ainda mais grandioso, talvez o disco definitivo dos Nightwish que seja o grande pico de criatividade deste coletivo e da sua magnífica nova vocalista. Veremos.

Nota: 9.2/10

Review por António Salazar Antunes