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Scissortooth - "Novagomorrah" Review


Do Canadá chegam-nos os Scissortooth com uma espécie de híbrido entre thrash e heavy metal como aquele que era feito na década de noventa, que ainda tinha alguns tiques da década de oitenta. E é um misto de emoções. Por um lado, a nostalgia óbvia de relembrar uma época que já passou – e o factor nostalgia junta sempre elementos muito pessoais à equação – mas por outro lado, também remonta a uma época que não foi especialmente famosa para o metal. O thrash estava a morrer, o alternativo e o grunge estavam na ordem do dia e as bandas insistiam ainda no thrash e no heavy metal lançavam propostas algo amorfas como este “Novagomorrah”, que também acabava por tentar tocar naquilo que bandas como Alice In Chains, The God Machine e em parte Candlebox.

Para já esta estranheza não é impeditivo a que se ouça música após música com curiosidade e algum gosto. Para já tem um enorme ponto a seu favor: os solos de guitarra. Se a produção é algo baça (a lembrar os trabalhos malditos de bandas como Kreator no “Cause For Conflict” ou Overkill no “I Hear Black” ou “W.F.O.”) o trabalho de guitarra das três primeiras faixas “Hostile Takeover”, “10 30” e “Slowber” é excelente. Então inicia-se assim uma relação de amor-quase ódio com “Novagomorrah”, em que o amor provavelmente acabará por sair vitorioso, já que além do trabalho de guitarra que se mantem com uma qualidade excepcional até ao final do trabalho, as músicas em si também são de uma qualidade acima da média.

Aquilo que retém este trabalho é mesmo a indefinição em que deixa o ouvinte, sem saber se é grunge, se é heavy metal ou se é thrash metal. Por outro lado e sabendo que aquilo que pode caracterizar a genialidade de um trabalho é a sua incapacidade de encaixar onde quer que seja, o ouvinte poderá ser, sem se aperceber, convidado a ouvir uma e duas vezes, até decidir repetir a dose. Descobrirá que as músicas realmente são boas e que quantas mais vezes ouve, mais as músicas vão crescer dentro de si e é efectivamente isso que acontece. Este trabalho poderá passar ao lado de muita gente mas aqueles a quem chegar e se lhe for dada hipótese, ficará definitivamente.


Nota: 7.8/10

Review por Fernando Ferreira