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Mordaça - "Sempre A Lutar" Review


Hardcore! Antes de ser moda, antes de ser em alguns casos específicos uma autêntica praga, o hardcore já existia e em grande parte das suas encarnações de forma pura. Os exemplos portugueses são bastantes de bandas que fazem parte da história da nossa música pesada – e aí incluímos todos os géneros porque a questão das tribos se não fazia sentido no passado, agora muito menos fazem. Linda-A-Velha foi um dos grandes centros do hardcore nacional – não desvalorizando todas as outras propostas que surgiram doutras zonas do país.

Os Mordaça surgem como justos representantes da zona de Linda-A-Velha e apesar deste ser apenas o seu segundo álbum de originais, a sua prestação em cima dos palcos já é lendária. “Sempre A Lutar” – e que melhor título para um álbum de hardcore nacional que representa, tal como é próprio da sua génese, a denúncia das dificuldades e atrocidades sociais a que o povo está sujeito? – surpreende logo pela sua produção forte a que não se fica a dever em nada ao que nos chega lá de fora. Produção forte mas orgânica que não distrai da mensagem, pelo contrário, reforça-a pelo intensidade do seu peso. “Demência” é uma abertura de luxo num álbum que promete fazer história dentro do seu género.

Há aqui muitos petardos e muitos dedos apontados, sendo que “Ovelha Mansa”, com a participação de Inês Menezes, dos Nostragamus, no refrão é aquele que toca o dedo na ferida, um tema quase profético tendo em conta os resultados das últimas eleições e os níveis elevados de abstenção. “Síndrome Do comodismo”, “De Olhos Fechado”s e o tema título são outras boas representações do espírito crítico e combativo dos Mordaça. Mesmo para aqueles que não gostam de retirar sentido das letras, musicalmente “Sempre A Lutar” é um álbum forte de hardcore onde todas as músicas se revelam viciantes, sem deixar de ter um solo com bastante feeling aqui e ali. Bem vindos de volta, esperemos que não fiquem ausentes tanto tempo como até aqui, mas se ficarem… fica a mensagem: “Sempre A Lutar”!


Nota: 8.5/10


Review por Fernando Ferreira