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Reportagem: Mão Morta @ Lisboa Ao Vivo - 11/10/2019


Depois de um concerto épico no Porto, no passado dia 28 de setembro, os Mão Morta replicaram essa atuação, presenteando desta feita os fãs que se deslocaram ao espaço Lisboa Ao Vivo com o seu mais recente trabalho "No Fim Era O Frio".

Por entre as sombras de um Lisboa Ao Vivo a rebentar e a suar pelas costuras, os Mão Morta deram início a um ritual hipnótico que transiu os presentes logo aos primeiros acordes de "O Despertar" e particularmente "O Mundo Não É Mais Um Lugar Seguro", um tema que serve quase como mensagem-mor deste álbum concetual que sonoriza uma paisagem de extinção humana, de final dos tempos. O concerto prosseguiu na sua toada congelante, perfilado pelos restantes temas do novo álbum com destaque para "Oxalá" ou "Deflagram Clarões de Luz", este último bastante rádio-amigável no bom sentido. A primeira parte do concerto foi concluída com mestria, notoriamente aprovada pelo público, seguindo-se um intervalo de 15 minutos.

Com os fãs mais "despertos" e ávidos de nostalgia, a banda bracarense alinhou a segunda parte do concerto com algumas das suas músicas mais conhecidas como "Em Directo (Para a Teelvisão)" ou "E Se Depois". Nesse desfile nostálgico, Adolfo Luxúria Canibal incitava os presentes com a sua estranha dança de convulsões e gemidos, enquanto a parede sónica ao seu redor se agigantava cada vez mais, alimentada por um público ao rubro que se expressava gradualmente, através de uma ciranda violenta, culminando em "1º de Novembro", canção há muito antecipada por um coro que a trauteava. Adolfo Luxúria Canibal quis retribuir o esforço uníssono e lançou-se sobre os admiradores mais agitados, bebendo assim metaforicamente do seu sangue.

Quando todos julgavam o fim, a banda reapareceu para um rejubilante encore, brindando-nos primeiro com "Lisboa (Por Entre As Sombras e o Lixo)", em jeito de homenagem, e depois com "Anarquista Duval". 

No final, o sentimento de satisfação foi geral, até porque estivemos, mais uma vez, perante uma banda que se reinventa a cada álbum e, por isso, decorridos mais de 30 anos, os Mão Morta, ou melhor, a instituição Mão Morta continuará a ser uns dos projetos mais originais da música portuguesa, o que nos leva a crer que, quando tudo cessar, a sua história ainda deambulará pelos escombros do panteão musical.

Texto por Bruno Porta Nova
Fotografia por Joana Leonardo
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