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Darkthrone - "Old Star" Review


Os Darkthrone, o duo encabeçado por Fenriz  e Nocturno Oculto, lançaram em maio deste ano, através da Peaceville Records, o seu mais recente trabalho, intitulado "Old Star".

Mantendo a sonoridade hard/heavy/black metal presente no "Arctic Thunder", de 2016, apresentam-nos 6 temas que perfazem 38 minutos de uma simbiose musical onde bateria, guitarra, baixo e voz pintam um quadro negro q.b., algo distante da "Unholy Trinity" de outrora.

"I Muffle Your Inner Choir", o tema introdutório, sequestra a atenção do ouvinte sem qualquer tipo de intro anterior. Duas faces da mesma moeda, ou seja, dois andamentos distintos, com a segunda parte notoriamente mais negra, a pedir emprestada algumas referências a bandas de doom, nomeadamente Candlemass.

O segundo tema, "The Hardship of the Scots", traz-nos o heavy metal numa intro à la 70’s, que converge para um lick vincadamente atmosférico. Um break de bateria criativo foca a atenção do ouvinte para os palm-mutes incisivos, que servem para fazer a transição para a parte mais interessante do tema, um segmento melódico, onde todos os instrumentos trabalham para criar uma tela sonora, onde damos por nós a cantarolar linhas harmónicas imaginárias.

"Old Star", tema que dá o nome ao álbum, é uma faixa maioritariamente mid-tempo, com um ritmo inicial a fazer lembrar algumas malhas mais recentes, de Judas Priest. Numa altura em que o mercado está saturado de trabalhos onde a tecnologia/técnica se sobrepõem à arte, estes senhores mostram-nos que com 4 acordes também se faz música.

A temática interestelar continua em "Alp Man". Um lick pegajoso que transita para uma secção rítmica nervosa q.b., que dura alguns segundos, antes de cair abruptamente para um fosso, onde o desespero é apenas uma nota de uma sequência de várias sensações; orquestradas para fazerem o ouvinte sentir-se miserável, não sem antes esperar pelo próximo tema.

O penúltimo tema do álbum, "Duke of Gloam", é uma ode ao black metal visceral, sem orquestrações, sem teclas, sem down-tunes, como os Darkthrone já e bem nos habituaram. A meio do tema faz-se a pausa para a vénia a Satanás, com a bateria a transportar o ouvinte para uma seção mais mid-tempo, alimentada por um riff grave de guitarra, que mais tarde dá lugar a um solo simples e eficaz.

O titulo do último tema é mais um enigma, apenas 1 no meio de todos os outros já apresentados. Um início mais arrastado ( nova referência ao doom ?), que explode num riff assumidamente rock, mantendo sempre os vocais arranhados do típico Black Metal. Nocturno Oculto deixa-nos um aviso lá para meio da faixa - "You create your destiny", a avisar-nos que talvez seja preciso às vezes destruir paredes para encontrar chaves. 

Os Darkthrone dispensam rótulos. Apesar de possuirem claramente as suas influências, o seu plano não se resume a vender álbuns, no fundo é o que acaba por lhes conferir uma certa genuinidade e honestidade musical. O resultado é (mais) um bom álbum de heavy metal, com algumas pinceladas aqui e ali de black metal.

Nota: 8.5/10

Review por Ivan Frias