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Norma Jean - "All Hail" Review


Nem sempre os Norma Jean foram identificados pelo som que hoje os desmascara; mas é unicamente pelo seu mérito próprio que migraram da panorâmica do Hardcore Underground para a banda de Metalcore, que é hoje conhecida. Desde o lançamento de “Wrongdoers”, de 2013, que a identidade sonora destes gigantes de Douglasville progrediu, sendo que quase que se consegue vincular estes últimos três discos (“Wrongdoers” (2013); “Polar Similar” (2016) e “All Hail” (2019)), como uma timeline retratando o aperfeiçoamento no qual esta banda tão dedicadamente investe, disco após disco.

Dispensável será afirmar que as expectativas eram altas, não só devido a este aperfeiçoamento notificado previamente, como a adição de Grayson Stewart (primeira intervenção criativa na banda) e Will Putney (cujo trabalho fala por si), como produtor.

 Ao longo deste oitavo disco, é notável a versatilidade com que Norma Jean permuta dos mais furiosos breakdowns, não só alimentados pela vasta parede instrumental, mas também pela brilhante prestação vocal que Cory Brandan incute em cada palavra, às partes mais progressivas e serenas. Desde os primeiros feedback’s em “Orphan Twin”, que já se nutre aquela ansiedade por antecipação, seguida de minuto e meio de pura violência. O mesmo se segue em “[Mind Over Mind]”, primeiro single lançado, com a explosão selvática que define Norma Jean desde “Polar Similar”. “Safety Last” completa este trio de abertura do disco, num esquema um pouco diferente (com um refrão inesquecível e um breakdown digno de destaque). 

Seguida a “Volunteer Tooth Filing” (faixa introdutória), encontra-se “Landslide Defeater”, um tema notório pelas transições dos riffs vigorosos para uma paisagem progressiva, repleta de reverbs que nos embala até a voz de Brandan se centralizar e nos acompanhar ao breakdown e a um dos refrões mais memoráveis que a banda já compôs. Apesar de ser facilmente associado a uma inspiração em Code Orange, “‘/with_errors” é apenas uma outra fantástica adição ao disco, numa região mais próxima do Post-Hardcore, provando uma vez mais que o grupo é capaz de oferecer uma dinâmica muito heterogénea sem uma sensação de descontinuidade ou falta de coesão. 

A secção final do álbum fica mais intensa, cada vez mais se tornando evidente o equilíbrio perfeito entre o melódico pacato e a inquietação brusca, tanto em “Trace Levels of Dystopia” (que destapa de novo a marca de identidade de Norma Jean) como em “Translational”. "If (Loss) Then (Leader)” dá seguimento e apresenta-se num delineamento distinto, com um riff pesado e sólido por detrás das melodias mais cativantes do disco. Este encerra com “Careen”, numa construção bem trabalhada do atmosférico para o furioso e com “Anna”,(sobre uma fã que faleceu), onde poderemos observar uma pesada desaceleração, na secção final. 

“All Hail” traça uma nova marca no legado da banda, sinalizando a presença da fórmula que os colocou onde estão, como algumas adições no campo da composição. Depois de tantos anos (vinte anos, sete álbuns de estúdio e uma nomeação para um Grammy), é admirável a entrega que Norma Jean continua a depositar em cada disco, aperfeiçoando a sonoridade que os distingue. “ALL HAIL” Norma Jean.

Nota: 8.5/10

Review por José Vieira