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Reportagem: Alcoholocaust, Midnight Priest e Ravensire @ RCA Club, Lisboa -– 23/11/2019


Ficou uma vez mais provado que para se conseguir que um evento tenha sucesso, não é necessário ir convidar uma banda estrangeira para ser a atração principal. Este sábado, o RCA Club teve uma boa assistência, para um cartaz organizado pela Notredame Productions, onde só constavam bandas nacionais. A principal atração desta noite eram os Alcoholocaust, que vinham apresentar o seu primeiro álbum “Necro Apocalipse Bestial”. Para apadrinhar este acontecimento e ajudar à festa, estiveram os Ravensire e os Midnight Priest.

A primeira banda a subir ao palco foram os Ravensire. Esta banda de heavy metal lançou este ano um novo álbum que é o terceiro da sua carreira, de nome “A Stone Engraved in Red”. Não foi, pois, de admirar, que começassem a sua atuação por um dos temas novos. “Gabriel Lies Sleeping” marcou o início do concerto e logo captou a atenção do público presente que já era superior a meia casa. O som dos Ravensire é muito específico. Riffs originais e solos melodiosos, através de duas guitarras que parecem muito alinhadas uma com a outra; a voz de Rick, que não sendo poderosa, é bastante característica potencializam refrões daqueles que ficam no ouvido e dão vontade de cantar. “Carnage at Karnag”, também do último trabalho, originou muito headbanging e logo depois foi tempo de visitar anteriores registos com “Trapped in Dreams” de 2016 e “Facing the Wind” do seu primeiro EP, que data de 2012. Ouve ainda tempo para retornar ao último trabalho e dedicar “After the Battle” ao falecido Mark Shelton dos Manilla Road, antes de terminarem a sua atuação com “Temple at the End of the World”. Foram quarenta e cinco minutos em que ninguém desviou o olhar do palco.

Continuando num registo muito clássico de heavy metal, foi a vez de os Midnight Priest subirem ao palco. Trabalho extra para Alex, ou melhor, War Tank, baterista desta banda de Coimbra que já tinha tocado minutos antes com os Ravensire. Como é do conhecimento de todos, também os Midnight Priest lançaram recentemente um álbum, que foi muito aplaudido pela critica. Cantado em inglês, tal como o anterior, “Aggressive Hauntings” é um trabalho muito no género do que os Midnight Priest sabem e gostam de fazer. Guitarras rápidas, ritmo forte da bateria e baixo, com a esforçada voz de Lex a completar todo este arranjo. Em palco, todos os músicos mostram uma extraordinária atitude que facilmente se estende ao público. A maioria dos temas que tocaram nesta noite foram retirados do seu último álbum, como seria de esperar, mas foram as músicas dos seus primeiros trabalhos, cantadas em português, que mexeram mais com a audiência. “Rainha da Magia Negra”, “O Conde” e “À Boleia com o Diabo”, tema com que terminaram a sua atuação, foram sem dúvida os mais aplaudidos ao lado de “On Your Knees for Metal”, que até motivou um circle pit. Muito bom concerto, como de costume.

Por fim, foi a vez de os Alcoholocaust tocarem o seu satanic thrash alcoholoic metal, são eles próprios que definem dessa forma a sua música. Na verdade, ela não é fácil de categorizar. Uma bateria que por vezes vagueia pelo black metal, guitarras que se identificam com thrash e aquele baixo saltitante, será punk? As letras das suas músicas tanto nos falam em thrash, como em rock n´roll. O certo é que tudo isto resulta muito bem e tocado ao vivo ainda mais. Os Alcoholocaust iniciaram o seu concerto com “Solução Abismal” que é também o primeiro tema do seu novíssimo álbum de estreia “Necro Apocalipse Bestial”. Toda a sua atuação se baseou nesse trabalho, com exceção de “Brigada Anti-Poser” e “Supremo Heavy Metal Negro” retirados da sua demo de 2012 intitulada “Bêbados de Merda”. A Música dos Alcoholocaust é bem disposta, toda ela cantada em português, com letras que agradam, com certeza, a todos os que gostam de beber o seu copo. Temas como “Anti-Sóbrio” e “Anti-Gótico” dizem por si só muito acerca da postura desta banda. As suas músicas tornam-se ainda mais rápidas quando tocadas ao vivo, fruto da rapidez do baterista Thrashminator. Bom concerto dado por esta malta da Covilhã, que encerrou de forma perfeita uma noite de heavy metal 100% nacional. Percebeu-se o contentamento causado entre o público, que não deixou parar o circle pit do primeiro ao último tema desta banda.

Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: Notredame Productions