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Reportagem: Max e Igor Cavalera, Healing Magic e Besta @ Lisboa ao Vivo, Lisboa - 01/12/2019

 
A irmandade Cavalera visitou Lisboa para recordar os históricos álbuns "Beneath The Remains" e "Arise", naquilo que faz parte da digressão mundial “Return Beneath Arise”, mas não fez a festa sozinha, já que também se juntaram a esta comemoração os portugueses Besta e os norte-americanos Healing Magic.

O ritual da Besta deu-se à hora marcada já com a sala Lisboa Ao Vivo bastante preenchida, apesar de haver espaço para mais amantes de sonoridades pesadas. Quanto aos grinders portugueses, esses trataram logo de pôr os espetadores em sentido com toda a sua devastação sónica. Temas provenientes do mais recente trabalho como "Ofício Da Mentira" ajudaram a materializar um concerto que não serviu somente para aquecer as hostes para o que se seguiria, mas também para consolidar uma portentosa atuação do princípio ao fim. Graças principalmente a Iggor Cavalera, segundo o vocalista Paulo Rui, os Besta puderam partilhar palco com estes monstros do metal e usufruir de uma noite memorável, mas acima de tudo mostrar do que é feita a nossa fibra. Longa vida ao grindcore nacional!

Os Healing Magic vieram diretamente do Arizona e, se esta localidade vos soa familiar no que respeita ao universo Cavalera, estão certos. Esta é a banda de Igor A. Cavalera, filho biológico mais novo de Max Cavalera. O herdeiro do legado é vocalista e baixista desta banda que pratica um heavy metal misturado com rock psicadélico e sludge, onde o groove impera. Os destaques vão para as boas malhas "Entering The Untamed Wilderness" e "Nature’s Embrace", que fazem parte do EP de estreia deste trio, intitulado "Restoration" e lançado ainda este ano, e que serviram de excelente cartão de visita de uma jovem banda que está a dar os seus primeiros passos, não deixando ninguém indiferente ao seu potente poder curativo.

A ansiedade estava patente no rosto daqueles que provavelmente esperavam há meses por este concerto, contudo a sua espera não foi em vão, uma vez que o concerto dos irmãos Cavalera superou todas as expetativas. Se a primeira parte foi arrebatadora, composta pelo trigenário "Beneath the Remains", o que dizer da segunda parte? "Arise", "Dead Embryonic Cells", a conhecida versão de "Orgasmatron" dos Motörhead, entre outras músicas, originaram um contagioso turbilhão de energia movido a intermináveis circle-pits que foram muito bem orquestrados por Max, enquanto Iggor marcava incansavelmente o compasso. Como se já não bastasse (claro que não!), houve ainda tempo para um encore com "Troops of Doom", iniciada com um trecho impecavelmente executado de "Raining Blood" dos Slayer, "Refuse/Resist", a versão de "Polícia" dos compatriotas Titãs, e ainda o medley "Beneath the Remains/Arise/Dead Embryonic Cells". Por todo o espírito de celebração de dois álbuns históricos, pela nostalgia e pela energia partilhada por gerações, atrevemo-nos a dizer que estivemos perante um dos melhores concertos do ano e, novelas à parte, segundo Max Cavalera: isto é Sepultura!


Texto por Bruno Porta Nova
Fotografias por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: House Of Fun