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Reportagem: Fat White Family e Cancro @ Lisboa ao Vivo, Lisboa - 05/02/2020


Fat White Family em Portugal, pela primeira vez fora de festivais e logo em dose dupla. Hoje vinha atuar no LAV e na véspera já o tinha feito no Hard Club no Porto. Esta banda britânica encontra-se a atravessar um bom momento na sua carreira, muito por culpa do seu mais recente trabalho Serfs Up! que parece confirmar o sucesso dos antecessores.  A acompanhá-los nestas duas datas estiveram os nacionais Cancro.

Apesar de o nome desta banda, Cancro, poder ser suscetível de incomodar ou causar estranheza, não é esse o objetivo deste trio. Visitem a sua página de Facebook e verão que os lucros obtidos com o seu álbum +(mais), lançado em setembro do ano passado revertem para o IPO. Quanto ao concerto, estes lisboetas aproveitaram esta oportunidade para mostrar os temas do seu álbum a uma sala que estava a meio da sua capacidade. Com um rock agressivo, a sua música foi bem recebida, sobretudo os temas “Dicionário” e “71000 Frames”. 

Pouco passava das 22h00 quando os Fat White Family começaram a sua atuação e o que nos ocorre é a forma impressionante como a música destes britânicos ganha ritmo quando tocada ao vivo. Não se nota tanto nos temas dos seus primeiros trabalhos, que são um pouco mais mexidos, mas nos do mais recente, em que o rock soa mais diluído. Pois ao vivo tudo isso se transforma. Lias Saoudi também não facilita, ainda o primeiro tema, “Auto Neutron” não tinha chegado a meio já ele tinha saltado do palco para o meio do público que não parava de chegar ao LAV. Logo ao segundo tema da noite os Fat White Family interpretaram um dos seus primeiros sucessos “I Am Mark E. Smith”, com um horrível feedback que parecia não querer abandonar o microfone de Lias. Problema resolvido, pudemos ainda assistir neste tema a um solo de saxofone. Esta banda está muito bem fornecida instrumentalmente. Com cerca de seis elementos no seu total, encontramos dois deles que se encarregam de sintetizadores, contribuindo para um som muito eletrónico. Para além disso, todos eles ajudam a cantar os coros. “Tinfoil Deathstar” foi o tema seguinte e a agitação em frente ao palco estava imparável. Pulava-se, dançava-se, ninguém parecia querer estar quieto e estamos a falar de um público que não tinha uma faixa etária maioritária identificável. Jovens, menos jovens e muito pouco jovens, a música dos Fat White Family agrada a todos. 

Um dos momentos altos da noite deu-se com a interpretação de “Touch the Leather”, tema do primeiro álbum da banda, Champagne Holocaust de 2013, com o vocalista a livrar-se da sua camisa, tendo permanecido o resto do concerto em tronco nu. A sua atuação acalmou um pouco com a interpretação de “Hits Hits Hits”, após a qual se ouviram os habituais agradecimentos. Daí em diante o ritmo foi sempre em crescendo, não havendo lugar a abrandamentos nem a interrupções. Destacaram-se ainda “Feet” e “When I Leave”, do último álbum e “Whitest Boy on the Beach”, esta última um clássico do seu álbum de 2016, Songs for Our Mothers.

O concerto desta noite finalizou com “Bomb Disneyland”, carimbando uma atuação de mais de uma hora em os Fat White Family mostraram ser uns verdadeiros animais de palco. O público ainda chamou pela banda, mas não houve lugar ao habitual encore. Apesar disso o público só podia estar satisfeito com a atuação destes britânicos, atrevo-me a dizer que se o concerto se tivesse realizado a um final de semana a sala do LAV talvez tivesse sido pequena.

Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: House Of Fun