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Entrevista aos Temple Balls

Os Temple Balls são um quinteto finlandês, relativamente recente, que lançou este ano o seu terceiro álbum – Pyromide. Foi a desculpa perfeita para conversarmos com Niko Vuorela (guitarra) sobre a origem do nome, o que é ser uma banda de hard rock num país dominado pelo doom e death metal, do som e visual claramente à la anos 80 e quais as dificuldades de fazer um disco em plena pandemia.

M.I.- Olá! Como estás? Obrigado por responderes às nossas perguntas!

Ei! Estou ótimo, obrigado!

 
M.I.- Em primeiro lugar, o nome!... Porquê Temple Balls e como surgiu?

Esta é uma pergunta muito comum e há um artigo sobre a origem do nosso nome publicado pela Loudwire. Lá podes encontrar a versão longa e mais completa. Mas encurtando a história: o nosso baixista Jimi (Välikangas) descobriu “Temple Balls” enquanto lia a autobiografia de Andy McCoy (músico finlandês) quando era criança. Ele não tinha ideia do que significava, mas achou que soava porreiro e decidiu imediatamente que esse seria o nome da sua banda.
 
 
M.I.- Depois de dois álbuns com a editora Ranka Kustannus, porque mudaram para a Frontiers Records?

Acho que chegámos o mais longe que podíamos com a Ranka e sentimos que precisávamos de seguir em frente. A Frontiers já se interessava por nós há bastante tempo e também a vimos como uma opção mais adequada.
 
 
M.I.- O som, a atitude, a energia, o visual... Tudo em vocês remete para grandes bandas de metal dos anos 80 - Motley Crue, Skid Row, Def Leppard, Ratt, Twisted Sister, Quiet Riot, Bon Jovi... É aí que vão buscar inspiração? Que modelos desejam seguir (isto é, se quiserem seguir algum)?

Todos começámos a tocar muito cedo e, musicalmente, crescemos com esses ícones do hard rock dos anos 80. É um estilo visual muito poderoso e devido a todos esses anos de experiência, a energia, a atitude, os recursos visuais, etc... vêm muito naturalmente. É apenas quem somos e sempre fomos. O nosso gosto musical e fontes de inspiração alargaram muito ao longo dos anos, mas a linha principal ainda reside profundamente na música pesada dos primeiros tempos.
 
 
M.I.- Falando um pouco sobre o passado… Como se conheceram e formaram a banda?

Tudo começou em Oulu (norte da Finlândia). O Jimi, o Jiri (Paavonaho - guitarras) e o Antti (Hissa – bateria) são os membros originais. Frequentaram a mesma escola e desde muito cedo se uniram pelo gosto musical comum. Eles tocaram numa orquestra escolar e logo começaram a tocar rock em várias formações. Foi este estilo e esta formação que pegou e ainda estão vivos!
Eu e o Arde (Teronen – vocais) tínhamos uma banda semelhante naquela época e encontramo-nos com os Temple Balls em 2011 numa competição de bandas. Eventualmente, juntamos forças (o Arde em 2014 e eu em 2017) e a formação ficou completa.


M.I.- Gravaram o Traded Dreams na Tailândia! Como é que uma banda finlandesa grava o seu primeiro álbum do outro lado do mundo?

Por um lado, era sobre o valor promocional e, por outro, poder trabalhar com um produtor e engenheiro de gravação de alto nível como o Tobias Lindell, que vive na Tailândia. O nosso agente tinha ligações com o Tobias, então ele organizou o encontro. Rapidamente, a banda voou para a Tailândia e Traded Dreams estava na forja.
 
 
M.I.- Falando em Pyromide… Porra, que grande álbum de rock! Existem aqui verdadeiros hinos da música! Ótimos solos, voz de primeira... Como foi gravar essas canções? Como é o vosso processo criativo? Todos participam?

Obrigado!
A gravação de Pyromide foi muito intensa. Trabalhar durante três semanas, 10-12 horas por dia, não era muito tempo, então precisámos de um plano. Simplesmente dividimos o processo em três partes: três/quatro canções por semana. Dessa forma, nenhum de nós teve que desempenhar as nossas partes ao mesmo tempo. É muito importante - especialmente para um cantor - descansar um pouco também. Essa estratégia acabou por ser a ideal e não precisámos de nos comprometer com problemas de qualidade.
No que se refere ao processo criativo, sim, todos participamos. Às vezes, podemos terminar uma música individualmente, mas todos ainda participam para dar o acabamento final, se necessário.
Eu e o nosso vocalista Arde moramos a cerca de 650 kms de distância dos outros tipos, por isso, a maioria das vezes, escrevemos juntos. E os outros do norte escrevem juntos. No local de ensaio, examinamos as ideias e começamos a moldar as que têm mais potencial até à sua forma final. 


M.I.- Qual é o conceito / tema por trás do álbum?

Não existe um tema em particular, além do lado visual que leva à arte da capa de Traded Dreams. Simplesmente tentamos escrever músicas espetaculares e escolher as melhores para o álbum. Todas as nossas canções são, geralmente, alinhadas para que caibam na mesma capa. Como uma ideia, seria porreiro escrever um determinado tema para um álbum!
 

M.I.- Pyromide não me parece ser uma evolução natural do Untamed. O último era um pouco mais pesado. Este parece estar voltado para o pop (sem, no entanto, sair dos solos puros do heavy metal e hard rock)... Tentaram ganhar mais ou outro público?

Não, não fizemos. Como mencionei antes, o nosso gosto musical e fontes de inspiração aumentaram ao longo dos anos e temos experimentado alguns novos elementos. Alguns podem ser mais pop, alguns um pouco mais pesados mas, para mim, essa é uma das coisas mais porreiras no Pyromide. É mais versátil, mas ainda mantém o estilo original de Temple Balls. Experimentar novos aspetos, torna o processo de composição mais interessante e a música mais fresca e moderna.
 

M.I.- Pyromide foi produzido (primorosamente, diria eu) pelo Jona Tee (H.E.A.T.). Ele tocou teclado e até cantou no primeiro álbum, não foi? Como surgiu essa colaboração?

Estás absolutamente correto. O Jona tem trabalhado com o Tobias Lindell (que produziu Traded Dreams) e talentoso como ele é, o Jona era o tipo perfeito para cuidar dos backing vocals e faixas de teclado adicionais.


M.I.- Este álbum foi criado no meio de uma pandemia. Quais os problemas/restrições que tiveram durante todo o processo?

Bem, as restrições de viagem eram uma grande preocupação mas, felizmente todos chegaram ao estúdio - e à sessão de pré-produção antes disso - a tempo. No entanto, parte da pré-produção foi feita por telefone. Fizemos videochamadas semanais na primavera para ver as nossas músicas mais recentes, porque não tínhamos a certeza se e quando o Jona poderia voar para a Finlândia.
A Covid-19 também nos deixou bastante cautelosos no estúdio. Se alguém tivesse pelo menos um leve sintoma de qualquer tipo, tinha que ir fazer o teste e ficar isolado até que o resultado chegasse.
Embora também houvesse um lado positivo! Estávamos muito ocupados com a digressão e os prazos iam-se aproximando, mas quando a pandemia e as restrições apareceram, tivemos o tempo necessário para terminar o álbum.
 
 
M.I.- Claro, devem estar ansiosos para levar este novo álbum para a estrada. Já têm algo planeado, assim que o mundo voltar ao normal? Como está a correr a promoção?

Sim, claro! Colocámos o comboio em movimento e pretendemos estar prontos para as etapas o mais rápido possível. Em outubro, faremos uma digressão europeia com H.E.A.T. Vai durar quatro semanas e não poderíamos estar mais animados para ir para a estrada novamente. Obviamente, esta pandemia ainda pode adiar a digressão, mas temos de fazer figas e permanecer positivos.
Além disso, conseguimos promover este álbum nas redes sociais. Felizmente, a divulgação correu muito bem e recebeu muita atenção (críticas, entrevistas, comunicados à imprensa, etc...), mas nada supera os concertos ao vivo.
 
 
M.I.- Portugal é uma possibilidade numa futura digressão? Já tiveram a oportunidade de cá vir, mesmo que em férias?

Adoraríamos ir a Portugal e tenho certeza de que isso acontecerá, mais cedo ou mais tarde.
Sim, acho que o Jiri pode ter estado aí nas férias. Esperamos fazer uma digressão aí em breve!

 
M.I.- Tendo em consideração as voltas que o mundo deu e a realidade em que vivemos hoje, o que achas que é mais importante ou, pelo menos, com mais influência: os meios “tradicionais” de comunicação, como jornais e websites de música, ou os novos influenciadores e todos que têm canais no YouTube, onde eles fazem as suas próprias críticas/análises? Como parte da geração Millennium, dás mais importância a esta última opção?

Definitivamente, prefiro as formas mais tradicionais, porque considero-as mais precisas, confiáveis ​​e informativas, mas todas essas contas/canais de media sociais tornaram-se uma grande parte do mundo de hoje - especialmente para a geração mais jovem. Para mim, o último é mais sobre entretenimento diário, mas também podes encontrar muitas coisas instrutivas sobre quase tudo, que é algo que gosto. Dito isso, estou bem em ter os dois na nossa vida quotidiana.


M.I. - Já dividiram o palco com alguns pesos pesados ​​- Sonata Arctica, Queen, Deep Purple... Se pudessem escolher, que nome adicionariam a esta lista?

Uma das melhores coisas nesta profissão é a probabilidade de encontrar os nossos heróis na estrada. Tenho certeza que falo por todos de que KISS, Iron Maiden ou AC / DC seriam acréscimos incríveis a essa lista.
 
 
M.I.- Como é se afirmar como uma banda de heavy metal/hard rock, num país com uma tradição tão forte em géneros de metal mais extremos, como o doom ou o death metal? Embora, ao mesmo tempo, isso possa ser um grande diferenciador que vos faça destacar dos demais.

Tem sido nossa coisa desde o primeiro dia e acho que é apenas uma vantagem não fazer o que toda a gente faz. Há também um cenário rock bastante forte, mas o metal extremo é mais popular em geral.
 

M.I.- Pergunta difícil... Se tivesses que escolher uma canção do vosso repertório para apresentar a alguém que não vos conhece, qual a que melhor vos representa?

Basicamente, qualquer single que lançámos. A minha sugestão agora seria “Thunder From The North”. Mostra bem o que somos.
 

M.I.- Ainda é cedo para falar sobre o próximo álbum ou já têm algo em mente?

Já começamos a escrever o quarto álbum e está a ir bem. Muitas das canções estão a tomar forma, mas ainda há muito trabalho pela frente antes de lançarmos qualquer coisa.
 

M.I.- Quase a terminar… Últimas palavras para os nossos leitores?

Espero que tenham gostado do Pyromide tanto quanto nós. Comprem uma cópia física, se ainda não tiverem uma. Continuem a passar a nossa música e muito obrigado pelo vosso apoio. Espero vê-los em breve! Fiquem em segurança!
 
 
M.I. - Mais uma vez, obrigado pelas palavras. Continuem com essa energia incrível e espero vê-los em breve, num palco português.

Continua em segurança!
 
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Entrevista por  Ivan Santos