About Me

Entrevista aos Hammer King

Os Hammer King lançam, este ano, o seu álbum homónimo e o quarto trabalho desde a fundação desta banda alemã, em 2015.

Considerado por Titan Fox V – o vocalista original da banda Ross The Boss – como o melhor lançamento deste grupo de heavy metal, “Hammer King” vai buscar influências aos sons dos anos 80 e 90 e à temática da fantasia e mitologias nórdicas, principalmente, às histórias de… Hammer King - o poderoso rei da guerra, de quem os elementos da banda são servos e vivem para exteriorizar na forma de canções épicas, as suas batalhas gloriosas.
Foi o eclético e simpático líder da banda que respondeu às nossas questões.


M.I. -  Ei! Como estás? Parabéns pelo último álbum. Metal de primeira qualidade. É Hammer King no seu melhor! Esse duplo baixo surpreendeu-me!

Olá Ivan! É um prazer falar contigo! Muito obrigado pelos elogios. Na verdade, estamos muito felizes com o álbum. Nunca disse isso antes, mas acredito que é o melhor álbum que fizemos até agora, superando até o primeiro! Acabámos de tocar os nossos dois primeiros concertos em 16 meses, duas atuações esgotadas no famoso 7er Club, em Mannheim, por isso estamos muito emocionados!


M.I. -  Ok, para começar… Podes contar-nos um pouco sobre a vossa história e como todos se conheceram?

A lenda diz que fomos escolhidos a dedo por sua majestade, o Hammer King, em pessoa. O rei precisava de uma banda para levar as suas canções e contos ao mundo e sentimo-nos privilegiados por sermos os únicos a fazê-lo. Alguns de nós já tocámos juntos noutras bandas, enquanto o Dolph (bateria) estava no topo dos charts da Alemanha, com os Saltatio Mortis, e eu sou o vocalista original da banda Ross The Boss.
Começámos a trabalhar nas músicas de King em 2015, ano em que o nosso álbum de estreia "Kingdom Of The Hammer King" foi lançado. Depois o "King Is Rising" em 2016 e "Poseidon Will Carry Us Home" em 2018. Não precisávamos de mais tempo para este, foi puramente por razões comerciais, pois mudamos de editora e reestruturámos a parte empresarial da banda. Demorou bastante, mas valeu a pena!


M.I. -  O álbum “Hammer King” conta a história do deus da guerra, de onde tiraram também o nome da banda. É apenas isso ou algo mais pessoal? Algo que vem mais de dentro da banda? Sinto aqui um ponto de viragem em relação aos álbuns anteriores ...

Todos os nossos álbuns foram capítulos da lenda do Hammer King. O primeiro era sobre o Reino com seu povo e servos, o segundo contava as histórias de guerra e "Poseidon…" era um assunto muito náutico, narrando as viagens marítimas do Rei na antiga rota do Cabo Horn.
Quando começámos a fazer os arranjos das novas músicas, ficou claro que muitas delas estavam intimamente ligadas ao próprio Rei. Por isso, foi um passo lógico nomear o álbum com o nome de Hammer King e até mesmo colocar o Rei na capa pela primeira vez.


M.I. -  Li algures que o primeiro álbum foi o mais fácil de escrever porque foi espontâneo. Os seguintes foram mais difíceis. A tendência continuou ou “Hammer King” foi mais natural?

Esta é uma questão muito boa! Em primeiro lugar, estás absolutamente certo. Mas, felizmente, ficou mais fácil e natural com o novo álbum. Mudámos uma coisa: trabalhámos em muito mais músicas do que antes. Lembro-me que tínhamos cerca de 30 músicas - ou pelo menos partes de músicas. Quanto mais músicas trabalhas, mais relaxado te sentes em relação a elas, porque não há pressão para transformar cada música numa ótima canção. Por isso, na verdade, podes continuar sem muita pressão e acabas por ter músicas mais fortes sem te forçares. Continuamos assim para o próximo álbum e já começamos a trabalhar nas músicas de Hammer King #5!


M.I. -  Qual é a tua música favorita do álbum?

Bem, isso está sempre a mudar, mas agora, depois dos concertos, seria "Awaken The Thunder", "Baptized By The Hammer", "Hammerschlag" e "Ashes To Ashes".


M.I. -  Escreveram muitas músicas para “Hammer King”, mas usaram menos de metade delas. O que é feito do resto? Serão usadas ​​no próximo álbum?

Sempre coleciono todas as músicas e as partes não utilizadas no meu portátil. Mas, na verdade, nunca as usamos. Talvez, um dia, iremos desbloqueá-las e transformá-las num álbum, como os Scorpions fizeram em "Return To Forever" ou os Toto com "Old Is New". Mas, principalmente, as que usas são simplesmente melhores. A exceção podem ser os épicos mais lentos, porque não podes usar mais de dois deles num álbum. Por isso, podemos usar algumas das músicas mais lentas em álbuns posteriores.


M.I. -  Como foi gravar o álbum em plena pandemia? Quais os problemas que encontraste?

Somos os bastardos mais sortudos sob o sol de Deus – desculpa, sob o sol do Rei. Não tivemos nenhum problema. Começámos, mais ou menos, quando esta coisa da pandemia começou e estávamos sempre um passo à frente. Por isso, tudo o que precisávamos fazer ainda era permitido quando o fizemos, com a exceção da gravação dos coros. Tivemos que dividir o coro em três partes e gravamos isso em três dias. Todo o resto foi como planeado, felizmente!


M.I. -  Essa situação de confinamento, restrições, etc. influencia a inspiração para criar? Tiveram mais dificuldade em organizar temas e conectar ideias? É difícil ficar motivado nestas situações?

Como vendemos as nossas almas ao Hammer King, vivemos uma vida segura e rica no seu reino, onde não há corona, pois o Rei recusou-se a aceitar uma pandemia. Claro, sempre que deixamos o Reino, encontramos os efeitos dessa coisa pandémica que, claro, parece ameaçadora de vez em quando.
Como músicos de metal, somos sangrentos rebeldes e não aceitamos restrições facilmente. Às vezes, tens que concordar com eles, mas isso não pode afetar a nossa criatividade. Honestamente, somos pessoas teimosas, talvez eu mais que os outros. Não há nenhuma hipótese de eu ceder. Não há paragens nem abrandamentos!


M.I. -  Falando das canções… Reis e martelos… O que é mais importante, a pessoa ou a arma? A melhor arma é inútil se não houver ninguém para usá-la. Por outro lado, a pessoa mais poderosa pode não ser capaz de agir se não tiver o instrumento certo para expressar sua vontade.

Colocaste isso perfeitamente. Chapeau! Para citar uma das nossas canções mais antigas: "O Rei é o Martelo, o Martelo é o Rei - não há Rei sem Martelo". Portanto, há uma unidade de ambos e, como disseste, nenhum pode ir sem o outro. Ainda assim, sei que o próprio Rei é perigoso o suficiente mesmo sem o Martelo, mas não seria tão divertido ...


M.I. -  Ok, Power Metal ou Heavy Metal? Apesar do visual, das letras, do nome, vocês não se consideram Power Metal e sim mais Heavy Metal (e, de facto, têm muitos elementos deste último). É uma mudança consciente e propositada ou é uma mistura que surge naturalmente?

Sinceramente, até hoje, nunca entendi qual é a diferença entre Power Metal e Heavy Metal! Comecei a ouvir Helloween quando eles eram rotulados de Heavy Metal, enquanto hoje em dia, eles deveriam ser Power Metal. Para mim, é uma posição dizer que somos Heavy Metal, pois, na minha opinião, Heavy Metal inclui Power Metal, Thrash Metal e assim por diante.


M.I. -  Ao afastarem muitos elementos do Power Metal, significa que nos concertos, há poucas pré-gravações e tudo é muito “cru”. O que ouvimos é o que vocês tocam. No entanto, isso não tira um pouco da grandeza das músicas? Não sentem falta desses elementos do Power Metal, ao vivo?

Concordo com o que a banda Ghost disse recentemente: eles usaram material pré-gravado até que pudessem pagar às pessoas para fazer tudo ao vivo. Por isso, começámos a usar algumas partes minúsculas dos coros, porque - como disseste - não podes, simplesmente, tocar "King Of Kings" sem eles. Mas, para o resto, o que vês é o que ouves. Adoramos fazer concertos barulhentos, crus e energéticos.


M.I. -  Tiveram, recentemente, a primeira mudança na banda e agora têm um novo baixista. O que o Gladius trouxe à banda? Tinham outras opções? Porque foi ele o escolhido?

Exatamente, o Gladius está no Reich do Rei há um ano. Mas, claro, ele chegou tão tarde que não pôde fazer parte do processo criativo de "Hammer King", o álbum. Tivemos várias pessoas a candidatarem-se para a posição de baixo e o Rei escolheu três delas para vir e experimentar. Dois deles acabaram na escolha final - e os dois foram ótimos. O Gladius foi quem trouxe alguns conhecimentos de negócios que foram muito úteis naquele momento, por isso, tivemos que ir com o Gladius. Foi uma grande aventura!


M.I. -  Saíram da Cruz Del Sur e assinaram com a Napalm. Porquê a mudança? O que esperam dessa nova parceria? É uma tentativa de sair do underground e entrar mais no lado comercial (o que quer que isso signifique ... Hoje em dia, tenho dificuldades em entender o significado desse conceito)?

Adorámos estar com a Cruz Del Sur Music e o chefe deles, o Enrico Leccese, é um bom amigo e muito confiável. Até o Enrico concordou que mudássemos para a Napalm Records, já que nunca havíamos sido uma banda típica para os seguidores da Cruz Del Sur. A Napalm é o ambiente musical perfeito para o Rei e o trabalho de promoção e agendamento é extremamente útil para nós. Certamente dei mais entrevistas para este álbum do que para todos os outros juntos.
Precisamos alcançar o público para o nosso estilo de música e precisamos fazer mais concertos. Tudo isso faz parte do negócio da Napalm. Foi a decisão certa e adoro isso todos os dias.


M.I. -  Quando o mundo voltar ao normal, já têm planos para uma futura digressão?

Como assinámos com a Napalm Events, vai haver oportunidades de digressões no futuro. Claro, ninguém sabe como tudo irá funcionar agora, ou melhor, "quando" irá. Estamos mais que prontos, praticamos e ensaiamos o tempo todo. Podes acordar-nos à noite ou pegar-nos de manhã e estaremos sempre prontos para tocar em qualquer sítio.


M.I. -  Como Hammer King, qual foi a vossa melhor experiência ao vivo? Qual foi o concerto / festival / público que mais te surpreendeu?

Normalmente, eu teria escolhido muitos, agora é muito fácil. Após essa longa pausa, os dois concertos de lançamento foram o melhor momento ao vivo, até agora. Foi um alívio finalmente fazer o que fazemos de melhor, novamente. O primeiro concerto na Áustria vai ter sempre um lugar muito especial nos nossos corações também. Foi uma noite mágica e sentimos o amor do povo de Tirol – será sempre lembrado!


M.I.- Tens algum festival em que sonhas tocar?

Absolutamente! Quero tocar no festival Bang Your Head com Hammer King. Uma vez fiz com Ross The Boss e foi fantástico. Claro que 70,000 Tons Of Steel seria incrível, já que adoro estar no oceano. Sempre disse que só iria ao Wacken se eu mesmo tocasse lá, então TEM que acontecer.
Mas o único lugar do mundo em que preciso de tocar é no Loreley, no rio Rhein, na Alemanha. É o lugar mais mágico do mundo e todas as grandes pessoas tocaram lá desde os anos 70. Rockpalast (n.a: programa de televisão musical alemão transmitido pela emissora Westdeutscher Rundfunk) já transmitiu muitos concertos para todo o mundo a partir de Loreley. Preciso de tocar lá, senão minha vida não ficará completa.


M.I. -  O que estás a ouvir agora? Quais foram os álbuns que mais chamaram a tua atenção ultimamente?

Sou um ouvinte de música fanático, costumo ouvir uma discografia inteira cronologicamente, do início ao fim. As minhas últimas voltas foram com Rush, Scorpions, Pretty Maids, Ramones, e agora, Toto. Os próximos serão Black Sabbath e, provavelmente, os Beach Boys, novamente. Depois disso, talvez esteja na hora de viver outra vez através de Wishbone Ash. Tantas músicas boas por aí e podes aprender com todas elas.
Claro, fora da minha discografia, apenas toquei o novo álbum do Helloween. Como um fã de longa data dos Helloween, tive que conseguir isso no primeiro dia. É ótimo ter o Kiske e o Hansen de volta.


M.I. -  Qual é a coisa menos metal e o mais distante do teu estilo que ouves?

Ah, eu já tirei o gato do saco! Acho que seriam os Beach Boys. Mas Toto também é bom e as coisas dos anos 80 de Genesis e Queen também estão distantes. Os primeiros trabalhos de Nina Hagen e Erste Allgemeine Verunsicherung, da Áustria, que são uma espécie de banda de cabaré-rock.


M.I. -  Uma pergunta um pouco diferente ... Hoje em dia, como resultado da cultura pop, quando pensas em deuses, reis, martelos e raios, Thor, inevitavelmente, vem à mente. Vocês são fãs desses filmes? Alguma ideia para uma música saiu dessas histórias?

Honestamente? De forma alguma! Pelo menos, para mim. Tenho que perguntar aos restantes elementos da banda.


M.I. -  Quase no fim da entrevista… O que está no horizonte futuro da banda? O que vocês têm preparado para quando o mundo voltar ao normal?

Continuamos, teimosamente, como se nada tivesse acontecido. Faremos o máximo de concertos possível e estamos a trabalhar em novas músicas para, talvez, chegar ao estúdio na época do Natal. Acreditamos que haverá muitas maneiras de Hammer King tocar e crescer. Se não for pelos meios normais, o Rei usará o seu poder e força.


M.I. -  Últimas palavras para nossos leitores?

Muito obrigado por esta adorável entrevista. Honestamente, gostei muito! Foi um prazer e uma honra falar com Portugal e esperamos poder tocar no teu país em breve! Gostamos muito de comida picante, por isso, acho que seria incrível!
Muito obrigado pelo teu apoio e ótimo trabalho e vamo-nos encontrar cara-a-cara, no futuro!


M.I. -  Mais uma vez, obrigado por responderes às nossas perguntas. Espero ver-vos em breve no palco. Se for em Portugal, melhor ainda. Continuem a fazer o que fazem tão bem e fiquem seguros.

O mesmo para ti, Ivan! Continuem o bom trabalho, vamo-nos encontrar em Portugal! Deus abençoe o Rei e que o Rei os abençoe!

For English version, click here

Entrevista por Ivan Santos